23 de novembro de 2018. Esse foi o dia em que o nosso ex-técnico Cuca anunciou que, por razões médicas, não continuaria no comando da equipe em 2019, e olha que os rumores de sua saída já vinham muito antes disso. Mas já estamos acostumados a essa espera.

No ano passado demitimos Levir Culpi no dia 28 de outubro e Jair Ventura assumiu apenas em 3 de janeiro. O mesmo aconteceu no auge da temporada deste ano: disputando três competições, ficamos refém das confusões da gestão até o nome do Cuca surgir como relâmpago e seu anúncio imediato ser feito.

Acho que essa tensão no desfecho do ano só ilustra o nosso sentimento de 2018: a espera. Espera por um meia, espera por contratações, espera por uma gestão organizada, espera para saber se o presidente fica ou vai embora e espera pela terceira vez pela troca do comando técnico. A sensação que dá é que assumir o Santos Futebol Clube é um fardo e, de fato, é.

Vamos lá: chamam você para uma entrevista de emprego, e você busca o nome da empresa na internet. As principais notícias são: processo de impeachment em 2018, inúmeros profissionais se retirando e processando a entidade, infraestrutura ultrapassada, uma diretoria retratada em brigas por interesse e amadorismo, relatos de funcionários desmotivados e insatisfeitos e, por fim, a empresa está no vermelho e deve milhões…

Tem apenas um perfil que se encaixa hoje no Santos: o do profissional levemente desesperado. Esse “professor” pode ser um jovem na busca incessante por experiência e afirmação no mercado ou um medalhão fora dos holofotes, sedento por uma oportunidade nova. É triste, mas infelizmente, nos últimos anos, construíram e fixaram essa imagem de fragilidade e de desordem do nosso clube.

Eu não aceitaria ser técnica do Santos, teria receio de me envolver e de fazer parte dessa rede de conflitos. Realmente espero que o novo técnico seja anunciado logo e que ele tenha muita paciência e motivação para trabalhar.

O novo comandante deve saber que não terá responsabilidades apenas dentro de campo, trabalhar no Santos é conferir listas de inscrições, é motivar, cuidar e conversar com os atletas, é se atentar aos contratos, aos salários, é pedir novas contratações, mas ao mesmo tempo ter um plano B com o elenco que já temos, é ouvir várias declarações absurdas e se manter calado, é conseguir ser profissional, envolver-se e ainda manter a saúde em dia.

Treinar o Santos é se basear em uma palavra: amor. Felizmente, ainda contamos com uma camisa pesada e com uma história gigante e maravilhosa. Ainda bem que ela existe, é ela que nos mantém entre os grandes e não deixa que as decisões de hoje nos afundem por completo. Boa sorte para você que está chegando, somos um baita de um problemão, um desafio com certeza, mas somos apaixonados e carentes por respeito e dedicação, você tem tudo para ser nosso herói.