Torcida do Santos faz festa em frente ao Pacaembu (Crédito: Divulgação/Santos FC)

Eu torci um ligamento no dia 27 de fevereiro, inicialmente oito dias afastada e mais duas semanas para começar a tentar voltar a treinar (gostaria de dizer que jogo bola, mas nasci sem habilidade, eu faço crossfit mesmo) e andar normalmente. Na hora em que o doutor disse que eu teria de ficar imobilizada eu quase surtei, sou extremamente ativa e me imaginar em uma cama fazendo gelo, sentindo dor e sem saber quanto tempo duraria a recuperação foi muito complicado.

Naquela semana, as vendas de ingressos para o jogo contra o Oeste já indicavam um péssimo público e eu fiquei ainda pior quando percebi que, além de tudo, ficaria afastada das arquibancadas por um tempo. Não vou negar que pensei em ir ao Pacaembu naquele sábado de Carnaval, mas entendi que aquele temporal absurdo era um sinal de que estava fazendo algo errado. Meu pai foi, chegou ensopado, 11 da noite, mas com aquele sorriso brilhante no rosto, que inveja… O difícil foi saber que só ele e mais 9 mil torcedores sentiram aquela alegria da virada, do golzinho no último lance, poucos santistas aplaudiram o time de guerreiros que incessantemente lutou pelo resultado.

Na semana seguinte não foi diferente, novamente um jogo e eu novamente sem poder ir. Dessa vez seria ainda mais emocionante, jogo único, eliminatório, um outro vexame acabaria com as esperanças de um ano que ainda está começando: 4 a 0. Uma goleada bem conduzida, um jogo bem jogado. E apenas 8 mil pessoas assistindo.

No jogo contra o River Plate-URU, fomos impossibilitados de usar a nossa maior arma como torcedores, nos tiraram nossa voz, nosso calor e nossa pressão. Não preciso nem dizer qual foi a consequência disso. Nas redes sociais o torcedor estava revoltado e agressivo com a decisão da Conmebol. O engraçado é que dias depois esse sentimento simplesmente evaporou, me pergunto onde está aquele santista indignado que não pôde comparecer ao estádio.

Mais do que comentar no Instagram, fazer memes ou postar no Twitter, a maior ajuda que você, santista, pode dar é apoiar de perto. Você que implorou por contratações, que se perguntava “cadê o técnico? cadê o dinheiro do Rodrygo?”, pois bem, olhe para o campo e você achará todas as respostas. Você que tem receio de que o Sampaoli vá embora ou que os jogadores comecem a diminuir o ritmo, seja a força deles, empurre, grite, mostre que o esforço deles está sendo recompensado, mostre que eles têm por quem lutar e que somos fiéis ao Santos, “seja qual for a sua sorte, de vencido ou vencedor”.

Eu sei que não é fácil financeiramente ir sempre aos jogos, todos nós temos rotinas e compromissos, sei que há milhões de santistas que dariam tudo para ver o time, mas moram longe, e sei muito bem que surgem imprevistos, como aconteceu com o meu tornozelo. Mas, se você pode ir, por favor, vá. Você que saúda as eras passadas, seja peça dessa. Em nome de vários corações que não têm condições de ir, diga que viu Rodrygo jogar, que viu o Santos de Sampaoli ou simplesmente tenha a satisfação de dizer que era um daqueles milhares de malucos apaixonados que foram ver seu time jogar naquele dia.

Esse jogo é fraco, é só o Paulista, esse não vale nada, esse é muito tarde, esse é muito cedo, está calor ou está frio… Não importa o adversário e nem o campeonato, todo jogo importa.