O Santos de Carlos Sánchez foi muito superior ao Corinthians (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

É fato, o Santos não tem sorte quando se trata de cobranças de pênaltis. Podemos culpar o último batedor, o goleiro que não caiu, aquele chute fraco, o barulho no estádio ou o nervosismo típico das decisões por penalidades. Mas, para mim, o problema esteve mesmo nos primeiros 90 minutos.

Desde 2016, estamos sofrendo seguidas desclassificações nas quais o nosso time é superior, joga melhor, mas não consegue ser efetivo no primeiro jogo. Não importa se a partida é em casa, como no Paulista e na Copa do Brasil do ano passado, ou se jogamos a ida fora, como ocorreu contra River Plate-URU, Atlético-GO e Corinthians neste ano: o nosso time não consegue matar a eliminatória no primeiro jogo mesmo tendo boas oportunidades para isso.

É difícil encontrar uma única razão, mas o Santos não consegue ser efetivo logo de cara, aí sofre um resultado negativo e, depois, parece que um leão nasce dentro de cada jogador e o segundo jogo é matador – o problema é que não conseguimos superar o placar adverso da ida e somos eliminados no tempo normal, como aconteceu na Copa do Brasil contra o Internacional em 2016 (ano em que o time gaúcho caiu de divisão) e o Flamengo em 2017, ou vamos para as penalidades, e o resultado disso já sabemos. O interessante é que a regra do gol fora de casa como critério de desempate nunca está ao nosso favor, pois teríamos passado por Cruzeiro (Copa do Brasil) e Palmeiras (Paulista) no ano passado se ela existisse nessas competições.

Não quero desmerecer a postura do elenco quando ele cresce nos 90 minutos finais das decisões, mas para que deixar para o último momento? Contra o Cruzeiro, levamos um gol besta dentro de casa e depois conseguimos uma virada histórica no Mineirão; contra o Flamengo, simplesmente entramos amedrontados e depois fizemos quatro gols em casa; contra o Internacional, abrimos dois gols, então nos acomodamos e tomamos aquele golzinho de bola parada; contra o Palmeiras, fizemos dois gols em um Pacaembu lotado de torcedores do rival no jogo de volta; contra a Ponte Preta (Paulista de 2017), deixamos para marcar em casa e fomos punidos novamente nos pênaltis… E tudo isso ocorreu nos últimos anos.

Somos um time forte, éramos melhores do que o River Plate e claramente o mesmo ocorreu contra o Corinthians: amassamos, destruímos, eles não viram a cor da bola, com isso todo mundo concorda, isso todo mundo enxerga, mas nós mesmos sentimos a superioridade tarde demais.

Não é hora de culpar a famosa “loteria”, mas de colocar na cabeça a qualidade da nossa equipe e começar a sermos efetivos no jogo de ida. Temos potencial para isso, não precisamos colocar dez jogadores atrás e dar chutões para ganharmos campeonatos, esse jamais será nosso perfil. Vamos ganhar à nossa maneira, com intensidade, bola no chão, posse de bola e um futebol bonito. Seguimos em frente, de cabeça erguida, basta acreditar.