Time do Peixe campeão de tudo em 1962 (Crédito: ASSOPHIS)

Texto especial de Vinicius Cabral, membro da ASSOPHIS, para o Diário do Peixe

Quando o goleiro Safonov defendeu o pênalti cobrado por Luiz Araújo, ele não só garantiu o primeiro título mundial do Paris Saint-Germain, como também impediu o Flamengo de conquistar um feito que segue apenas alcançado pelo histórico Santos dos anos 60.

Isso porque o Santos de Pelé e companhia conquistou em 1962 a Taça Brasil (o Campeonato Brasileiro da época), a Libertadores e o Mundial contra o poderoso Benfica de Eusébio, com direito a um espetacular 5 a 2 em pleno Estádio da Luz, em Lisboa. De quebra, a máquina comandada pelo técnico Lula também conquistou o Campeonato Paulista daquela temporada.

No ano seguinte o Peixe quase repetiu a façanha: levantou os canecos da Taça Brasil, Libertadores e Mundial, dessa vez numa empolgante trilogia contra o Milan de Cesare Maldini com direito a lotar duas vezes o Maracanã em um intervalo de três dias.

Relembre as conquistas

Taça Brasil 1962: A grande final reuniu Santos e Botafogo, as duas maiores equipes do país e que juntas contribuíram para os dois títulos mundiais da Seleção Brasileira, em 1958 e 1962. Após uma vitória santista por 4 x 3 no Pacaembu e uma vitória botafoguense no Maracanã, o tira-teima foi disputado também no Maracanã. E o Santos mostrou porque era o maior time de todos. O 5 x 0 aplicado está no rol de maiores apresentações da história do clube.

Botafogo 0 x 5 Santos
Final da Taça Brasil de 1962
02 de abril de 1963, Maracanã (RJ)

Botafogo: Manga, Rildo (Joel), Zé Maria, Nilton Santos (Jadir) e Ivan; Ayrton e Édison; Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues.

Santos: Gylmar, Lima, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Mengálvio; Dorval, Coutinho (Tite), Pelé e Pepe. Técnico: Lula.
Gols: Dorval, Pepe, Coutinho e Pelé (2)

Libertadores 1962: Uma trilogia emocionante e insólita. Santos e Peñarol precisaram de horas e horas de futebol para decidir o campeão sul-americano daquela temporada. O time santista confirmou o favoritismo no primeiro jogo e bateu os uruguaios por 2 a 1 em Montevidéu. Na volta, na Vila Belmiro, um empate garantiria o primeiro título brasileiro na competição, mas aconteceu de tudo naquela noite conhecida como Noite das Garrafadas.

Após uma série de confusões o árbitro encerrou a partida antes do tempo regulamentar e só levou em conta o placar de 3 x 2 para os visitantes, não considerando o gol de empate que daria o título ao Santos. A torcida saiu da Vila comemorando o título, mas a arbitragem alegou que só continuou a partida para o pior não ocorrer. Depois de muita confusão os times se enfrentaram no jogo 3 em Buenos Aires e dessa vez não houve dúvidas: 3 a 0 para o Santos com exibição de gala da dupla Pelé e Coutinho.

Santos 3 x 0 Peñarol
Final da Libertadores 1962
30 de agosto de 1962, Buenos Aires

Santos: Gylmar; Lima, Mauro e Dalmo; Zito e Calvet; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula

Peñarol: Maidana; González, Lezcano e Cano; Caetano e Gonçalvez; Pedro Rocha, Sasía, Matosas, Spencer e Joya. Técnico: Bella Guttman

Mundial 1962: De um lado o Santos de Pelé, campeão da Libertadores. Do outro, o Benfica de Eusébio, campeão da Liga dos Campeões da Europa. Um dos maiores duelos da história do futebol mundial, mas que na ocasião não deixou dúvidas de quem mandava no mundo. Após uma vitória por 3 a 2 no Maracanã, a impressão era de que o Santos não tinha mostrado todo seu potencial e as análises davam como certa uma vitória portuguesa na partida de volta. Mas o que se viu foi a maior exibição da história santista em pleno Estádio da Luz, em Lisboa. Um 5 a 2 acachapante com lances que entraram para a eternidade. Santos, primeiro time brasileiro a conquistar o mundo!

Final do Mundial 1962
11 de outubro de 1962, Lisboa

Benfica: Costa Pereira; Humberto, Raul e Cruz; Cavem e Jacinto, José Augusto, Santana, Eusébio, Coluna e Simões. Técnico: Fernando Riera

Santos: Gylmar; Olavo, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Lima; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula

Gols: Pelé (3), Coutinho e Pepe / Eusébio e Simões

Taça Brasil 1963: Na decisão do certame nacional o Bahia não teve a menor chance. O Peixe aplicou 6 a 0 no jogo de ida realizado no Pacaembu e depois venceu novamente, dessa vez por 2 a 0, na Fonte Nova, para conquistar novamente a maior glória do país.

Bahia 0 x 2 Santos
28 de janeiro de 1964, Salvador

Bahia: Nadinho; Hélio, Henrique, Roberto e Russo (Ivan); Nilsinho e Mário; Miro, Vevé, Hamilton e Biriba. Técnico: Negreiros

Santos: Gilmar, Ismael, Mauro e Geraldino; Haroldo (Joel) e Lima; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula.

Gols: Pelé (2)

Libertadores 1963: O temido Boca Juniors não foi páreo para o Maior Time da Terra. Na ida, vitória santista por 3 a 2 no Maracanã, mas o melhor ficou guardado para a La Bombonera. Após sair perdendo logo no primeiro minuto de jogo, o Santos controlou os nervos, colocou a bola no chão, mesmo no castigado campo xeneize e faturou o bicampeonato continental de maneira épica. Uma virada conquistada na garra e no talento. Na catimba e no peito. Uma atuação para ficar marcada nos livros de história.

Boca Juniors 1 x 2 Santos
11 de setembro de 1963, Buenos Aires

Boca Juniors: Néstor Errea; Rubén Magdalena, Orlando Peçanha e Carmelo Simeone; Antonio Rattín e Silveira; Ernesto Grillo, Norberto Menendez, Ángel Rojas, José Sanfilippo e Alberto González. Técnico: Aristóbulo Deambrosi

Santos: Gylmar; Dalmo, Mauro Ramos, Calvet e Geraldino; Zito e Lima; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula

Gols: Sanfilippo / Coutinho e Pelé

Mundial de 1963: Uma verdadeira epopéia. Após perder em Milão por 4 a 2, o Santos teve dois jogos no Maracanã para reverter a vantagem italiana. E fez isso sem Pelé e Zito e contando com a atuação histórica de heróis improváveis. No segundo jogo da decisão o Peixe devolveu o placar para forçar o terceiro e decisivo jogo. Almir Pernambuquinho fez de tudo, inclusive arriscou o próprio pescoço para sofrer pênalti convertido com categoria por Dalmo. Santos bicampeão mundial com direito a colocar mais de 250 mil torcedores nas duas partidas realizadas no Rio de Janeiro!

Santos 1 x 0 Milan
16 de novembro de 1963, Rio de Janeiro

Santos: Gylmar; Ismael, Mauro, Haroldo, Dalmo; Lima, Mengálvio; Dorval, Coutinho, Almir, Pepe. Técnico: Lula.

Milan: Balzarini (Barluzzi); Benítez, Trebbi, Pelagalli, Maldini; Trapattoni, Lodetti, Fortunato; Mora, Altafini, Amarildo. Técnico: Luis Carniglia.

Gol: Dalmo