As grandes gerações do Santos

O maior time da Terra

Pelé revolucionou o futebol mundial – e o Santos também, evidentemente. Mas o Rei não cumpriu sozinho a tarefa de transformar o time alvinegro na maior potência futebolística do planeta. Ele teve ao longo dos anos 60 o auxílio luxuoso de uma incrível quantidade de craques que fizeram a palavra esquadrão ser automaticamente associada àquela equipe vestida de branco.

Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe foi um ataque tão avassalador que se tornou um patrimônio histórico do futebol brasileiro. Depois dessa turma, chegaram também Edu e Toninho Guerreiro para atormentar os ataques adversários.

No meio de campo, o Santos desfrutou da autoridade de Zito, da versatilidade de Lima e da classe de Clodoaldo. Na defesa, a lista de feras também é extensa: Gilmar dos Santos Neves, Mauro Ramos de Oliveira, Calvet, Dalmo, Djalma Dias, Carlos Alberto Torres, e por aí vai. Nada mal, não?

Com tantos jogadores extraordinários, não foi por acaso que o Santos ganhou tudo o que podia e mais um pouco nos anos 60: dois Mundiais, duas Libertadores da América, cinco Taças Brasil, um Roberto Gomes Pedrosa, vários Estaduais e muitos outros títulos mais.

Os Meninos da Vila

Após a aposentadoria do Rei Pelé, a situação do Santos, esportiva e financeiramente, começou a se complicar. A solução encontrada pela direção foi apostar nos pratas da casa, sob o comando de Chico Formiga. Com nomes como Pita, Juary, Rubens Feijão, Joãozinho, Nilton Batata, João Paulo e Ailton Lira, o Santos foi campeão paulista de 1978 (campeonato só encerrado em 79), o primeiro título do clube após a Era Pelé. Com Juary comemorando os gols com voltinhas em torno da bandeirinha de escanteio, o time ficou famoso e ganhou o lema de “canta, dança e joga”. O sucesso daquela jovem equipe fez surgir o apelido Meninos da Vila, que marcou o Peixe para sempre.

Ainda sob o comando do maestro Pita, e tendo como grande estrela o centroavante Serginho Chulapa, um dos maiores artilheiros do clube após a Era Pelé, o Santos chegou em 1983 ao vice-campeonato brasileiro, perdendo a final para o Flamengo de Zico.

Na esteira do sucesso dos Meninos da Vila, em 1984 o Santos conquistou o título paulista pela 15ª vez, com destaque para um dos maiores goleiros da história do clube, o uruguaio Rodolfo Rodriguez, além de Serginho Chulapa, Paulo Isidoro, Humberto e Zé Sérgio, os dois últimos vindos do São Paulo na negociação de Pita.

As testemunhas de Giovanni

Em 1994, dez anos após o último título estadual, o Santos contratou um meia que havia se destacado no pequeno Sãocarlense, um paraense chamado Giovanni. Chegou discretamente, mas naquele mesmo ano se destacou no Campeonato Brasileiro e foi chamado para a Seleção Brasileira no meio da temporada seguinte.

A convocação para a Seleção, no entanto, ficou em segundo plano em 1995. No final daquele ano, Giovanni virou o Messias. Sob a batuta do meia, e com coadjuvantes como Carlinhos, Marcelo Passos, Camanducaia e Macedo, o Santos chegou às semifinais do Brasileirão daquele ano. Em uma época difícil para o clube, o santista voltou a ter orgulho de vestir o Manto Sagrado.

Mas faltava um pouco de magia àquela campanha. O dia da consagração de Giovanni e suas “testemunhas” foi 10 de dezembro de 1995. Depois de perder o primeiro jogo da semifinal para o Fluminense por 4 a 1, o Santos conseguiu uma virada histórica. Em um Pacaembu lotado, e com a inédita permanência em campo dos jogadores durante o intervalo, o Peixe fez 5 a 2 no time carioca e conseguiu a passagem para a final.

Giovanni jogou as partidas decisivas com os cabelos pintados de vermelho e, nas semanas seguintes, milhares de seus seguidores fizeram o mesmo. São Paulo enlouqueceu com o “Santos, meu amor”. Na final, porém, o Santos perdeu o título para o Botafogo e para o árbitro Márcio Rezende de Freitas, que teve atuação péssima no segundo jogo da decisão, errando em todos os lances capitais da partida – especialmente ao validar um gol de Túlio em impedimento e anular um gol do atacante Camanducaia quando ele estava em posição legal.

O título não veio, mas o orgulho de ser santista voltou.

A explosão de Diego e Robinho

O Santos estava à beira da falência em 2002. Não conquistava um título de peso desde 1984 e não tinha dinheiro para grandes contratações. Emerson Leão, que havia sido campeão da Copa Conmebol em 1998 pelo clube, foi contratado para comandar um time de garotos. Ao longo do Brasileirão daquele ano, no entanto, os garotos viraram homens. Diego e Robinho comandaram um time alegre e empolgante, que explodiu na reta final da competição. Com o brilho intenso do meia, então com 17 anos, o Peixe bateu o São Paulo de Kaká nas quartas-de-final, passou pelo Grêmio nas semifinais e, na decisão, superou o maior rival, o Corinthians, comandado pelo tetracampeão Carlos Alberto Parreira e campeão do Rio-São Paulo e da Copa do Brasil naquele ano.

A final foi um capítulo à parte. O segundo jogo contra o Corinthians contou com uma das maiores atuações individuais em uma decisão de Campeonato Brasileiro. Nasceu ali o Rei das Pedaladas, Robinho, autor de um gol e assistências para Elano e Léo na vitória por 3 a 2 que encerrou o jejum de títulos do clube. Destaque também para o goleiro Fábio Costa, que voltou ao time na reta final do torneio, depois de se recuperar de uma lesão, e fez defesas marcantes na final.

No ano seguinte, com a mesma base, a equipe foi vice-campeã da Copa Libertadores da América ao perder o título para o Boca Juniors, dirigido por Carlos Bianchi. Em 2004, já sem Diego, o Peixe conquistou mais uma vez o título brasileiro, de novo com destaque para a magia de Robinho, além dos gols de Deivid, a eficiência discreta de Elano e o comando do técnico Vanderlei Luxemburgo.

A Era Neymar

Apontado desde muito cedo como o “novo Robinho”, Neymar estreou pelo Santos em 2009, então com 17 anos. Apesar de ter conquistado o Campeonato Paulista em 2006 e 2007, o Peixe já começava a novamente perder espaço nacionalmente. Em 2008, o time havia terminado o Campeonato Brasileiro apenas na 15ª colocação. Na sua primeira temporada, Neymar foi eleito a revelação do Campeonato Paulista, em que o Santos terminou com o vice-campeonato ao perder a decisão para o Corinthians de Ronaldo. No Brasileiro, o Peixe ficou em uma modesta 12ª colocação, conseguindo vaga na Copa Sul-Americana.

No ano seguinte, Neymar desabrochou. Ao lado do amigo Paulo Henrique Ganso, ele foi objeto de uma campanha nacional por sua convocação para a Copa do Mundo, mas o técnico Dunga não levou nenhum dos dois para o Mundial. Naquela temporada, o craque conquistou o Paulista e o inédito título da Copa do Brasil para o Peixe atuando ao lado de seu ídolo, Robinho, que havia voltado ao clube por empréstimo.

Em 2011, Neymar chegou ao ápice com a conquista do tricampeonato da Copa Libertadores da América, além de mais um título paulista. No final do ano, o Peixe foi vice-campeão mundial diante do Barcelona, futuro time do craque.

Neymar ainda conquistou a Recopa e o Paulista de 2012 antes de deixar o clube, em 2013, como o maior artilheiro santista após a Era Pelé, com 138 gols.