Fundação do Santos

A fundação

A ideia de fundar um clube de futebol em Santos no ano de 1912 partiu de três moradores da cidade que estavam entusiasmados com a modalidade, à época começando a se popularizar no Brasil: Francisco Raymundo Marques, Mário Ferraz de Campos e Argemiro de Souza Júnior. Atendendo ao convite do trio, outras 36 pessoas compareceram à reunião de fundação do clube, na tarde de 14 de abril daquele ano, um domingo.

Os 39 participantes do encontro histórico são considerados sócios-fundadores da agremiação, batizada por sugestão de Edmundo Jorge de Araújo como Santos Foot-ball Club – na época, a influência inglesa era enorme no futebol brasileiro, o que se refletia nos nomes dos clubes. O primeiro presidente do Santos foi Sizino Patusca.

O uniforme

Os fundadores do Santos decidiram que a camisa do novo clube teria listras azuis e brancas, com fios dourados entre elas. Ocorre que no princípio do século XX não era fácil, nem barato, encontrar tecidos de cores que não fossem básicas, por isso em março de 1913 foi tomada a decisão de mudar o uniforme. Por sugestão de Paulo Peluccio, a equipe adotou a camisa com listras verticais pretas e brancas e o calção branco como seu fardamento.

Com o passar dos anos, a camisa inteiramente branca, criada para ser o segundo uniforme santista, ganhou o status de vestimenta principal – e se tornou mundialmente famosa na “era Pelé”. No entanto, ela só foi reconhecida pelo estatuto do clube como a camisa número um em 2011.

A Vila Belmiro

O primeiro estádio usado pelo Santos para disputar suas partidas era localizado onde hoje está a Igreja do Macuco, na Avenida Ana Costa. Só que o local era compartilhado com outros clubes da cidade, o que não agradava aos dirigentes alvinegros. Por isso, iniciou-se a busca por um terreno para a construção de um estádio próprio, que resultou na compra de uma área no bairro Vila Belmiro, aprovada em 31 de maio de 1916. Em menos de cinco meses já estava pronto o estádio, construído em um terreno de 16,5 mil metros quadrados.

A inauguração ocorreu em 12 de outubro daquele ano e o primeiro jogo, dez dias depois. Milton E. Jarbas foi o autor dos dois gols do Santos na partida inaugural, uma vitória por 2 a 1 sobre o Ypiranga, pelo Campeonato Paulista. Prestes a completar 101 anos de vida, a Vila Belmiro é o estádio mais antigo em uso no Brasil.

Em 1933, o estádio passou a se chamar oficialmente Urbano Caldeira. Era uma homenagem a um ex-jogador, técnico e dirigente do Santos, que ficou famoso na cidade por sua enorme dedicação ao clube e falecera no início daquele ano. O recorde de público da Vila foi estabelecido em 1976, quando 31.662 pessoas estiveram no estádio para ver um clássico contra o Palmeiras, pelo Torneio Governador do Estado.

O primeiro esquadrão

Uma das marcas registradas do Santos Futebol Clube é o futebol alegre e cheio de gols, o tal “DNA ofensivo”. E engana-se quem pensa que essa história teve início com a mítica equipe comandada por Pelé nos anos 50 e 60. Na década de 20, o clube teve um timaço que inaugurou essa tradição e ficou conhecido como o “ataque dos cem gols”.

No Campeonato Paulista de 1927, a linha de frente formada por Omar, Camarão, Feitiço, Araken Patusca e Evangelista marcou exatamente cem gols em 16 partidas, o que resultou na espantosa média de 6,25 tentos por jogo. As grandes estrelas eram Araken, craque revelado pelo clube, e Feitiço, veterano que havia sido artilheiro do torneio estadual três vezes. O título, no entanto, não veio porque o Santos terminou a competição um ponto atrás do Palestra Italia. Jogadores, comissão técnica e dirigentes alvinegros foram unânimes ao apontar a causa do vice-campeonato: o claro favorecimento dos árbitros aos times da capital paulista.

O primeiro grande título

Depois de bater na trave três vezes seguidas – o clube foi vice-campeão estadual em 1927, 1928 e 1929 –, o Santos finalmente ganhou o Campeonato Paulista em 1935. Naquela época, São Paulo tinha duas ligas estaduais, a LPF (Liga Profisisonal de Foot-ball) e a APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos), mas a primeira era muito mais forte do que a segunda, pois contava com as principais equipes do estado, entre elas o Santos. A campeã da APEA em 35 foi a Portuguesa.

Para dar mais sabor à conquista, ela foi obtida com uma vitória por 2 a 0 sobre o Corinthians, no Parque São Jorge – embora o vice-campeão tenha sido o Palestra Italia. A equipe campeã tinha como grande estrela Araken Patusca, que havia voltado naquele ano ao clube após cinco temporadas fora. Primeiro grande ídolo santista, o atacante foi o único paulista a defender a Seleção Brasileira na Copa de 1930. O resto da equipe era todo formado por cariocas por causa de uma briga entre dirigentes dos dois estados.

Filho do primeiro presidente do Santos, Sizino Patusca, Araken marcou o segundo gol dos 2 a 0 sobre o Corinthians, vitória que deu ao clube o primeiro de seus 22 títulos estaduais.