As últimas semanas têm provocado sentimentos ambíguos no torcedor santista. O desempenho do time nos primeiros 15 jogos sob direção de Jair Ventura oscilou entre o medíocre e o entusiasmante, passando pelo frouxo, desinteressado e o preguiçoso, independentemente dos resultados.

A chegada de Gabriel Barbosa, o Gabigol, trouxe um “punch” ao ataque que o Santos não havia exibido até então – considerando que os 3 a 0 na estreia do Campeonato Paulista contra o Linense não serve de parâmetro, já que até Rodrigão marcou um golaço naquele jogo. A partir daí o Peixe oscilou, ora perdendo em casa ora ganhando fora, mas sem entusiasmar os santistas.

A estreia na Libertadores trouxe nova expectativa, pois era o momento de avaliar se o time teria chance de ir longe na competição. Para sorte do Santos, a estreia reservou o adversário mais fraco do grupo, o Real Garcilaso, do Peru, mas casado com um fator importante: a altitude de 3.400 metros de Cusco. A derrota por 2 a 0 pode, sim, ser creditada em parte aos efeitos das alturas nos santistas, mas é bom destacar que a equipe não mostrou em nenhum momento condições de arrancar ao menos um empate do fraco time peruano.

O clássico contra o Corinthians resgatou a autoestima santista. Ou parecia ter resgatado. A vitória não veio, mas os quase 40 mil torcedores do Peixe que lotaram o Pacaembu viram um grupo unido, correndo atrás de um placar injusto até conseguir uma igualdade no final, que levou o estádio ao delírio. Era isso, esse era o Santos que todos querem ver! Jogando para cima, atacando todo o tempo, buscando o gol.

Mas o estilo vagalume voltou, e o Peixe perdeu para o Novorizontino e para o São Bento, provocando ainda mais críticas ao trabalho de Jair Ventura, que preferiu deixar os titulares de fora conta o time de Sorocaba para o jogo contra o Nacional do Uruguai, decisivo para as pretensões santistas. Obrigado por contusões, suspensões e também por opção, Jair não conseguiu repetir a equipe nenhuma vez desde que chegou ao Santos.

E contra os uruguaios, o Santos mais uma vez encheu seu torcedor de orgulho, autoestima, esperança de que a partir dali tudo seria diferente. Era isso, esse era o Santos que todos querem ver! Jogando para cima etc etc…

Mas o Santos piscou novamente. A partida das quartas-de-final contra o Botafogo em Ribeirão Preto foi desalentadora, uma ducha de água fria numa torcida que se começava a se coçar para pensar, quem sabe, se o time embalar, entrosar, o meio funcionar, quem sabe não beliscamos um título paulista ou até podemos chegar longe na Libertadores.

Voltamos à realidade vivida nesta temporada. Ainda é cedo para julgar o trabalho de Jair Ventura – 15 jogos e dois meses de trabalho não são suficientes para dizer se ele vai ou não ter sucesso no Santos. Mas a verdade é que o Santos ainda não tem uma cara, uma personalidade. O tal DNA ofensivo tem ficado somente no discurso até agora, com exceção de alguns lampejos aqui ou acolá.
Queremos saber qual é a cara do Santos.