A escolha do local para o clássico do próximo sábado, contra o Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro, mais uma vez reacendeu a polêmica entre Vila Belmiro e Pacaembu. O presidente José Carlos Peres, pensando na arredação e na exposição da marca, defendeu e confirmou o estádio da Capital. O técnico Cuca e os jogadores, pensando no lado técnico, queriam o jogo em Santos. Afinal, quem tem razão?

Os números do Santos neste ano mostram que os dois.

Do ponto de vista financeiro, a diferença é grande. O Santos disputou 18 jogos na Vila Belmiro em 2018 e arrecadou nestes jogos algo em torno de R$ 797 mil, média de apenas R$ 44 mil por partida. Já no Pacaembu, o Peixe disputou 10 jogos e arrecadou R$ 2,2 milhões, média de R$ 224 por partida. No geral, uma partida no estádio da capital paulistana rende cinco vezes mais aos cofres do Santos. Ambos os números ainda estão distantes dos rivais, que arrecadaram em casa no último jogo com borderô publicado R$ 1,9 milhão (Palmeiras x Corinthians), R$ 1,5 milhão (São Paulo x América-MG) e R$ 700 mil (Corinthians x Internacional).

Do ponto de vista técnico, a diferença, especialmente neste ano, também é grande. Nos 18 jogos na Vila, foram nove vitórias, quatro empates e cinco derrotas, o que dá um aproveitamento de 57,4% dos pontos. Com esse índice, no Brasileirão o Peixe estaria na frente do Atlético-MG e com a vaga na Libertadores de 2019 muito próxima. No Pacaembu, como mandante (o Santos enfrentou o Palmeiras no estádio no Paulista, mas como visitante), o Peixe venceu apenas dois jogos, empatou seis e perdeu outros dois, o que dá um aproveitamento de 40% dos pontos. Com esse índice, a equipe estaria na 13a colocação do Brasileirão, correndo sério risco de rebaixamento.

Com essas informações, fica claro que a decisão não pode ser tomada apenas com o argumento de que “no Pacaembu o Santos lucra mais” ou “na Vila o time joga melhor”. Como o DIÁRIO defende há tempos, é importante a ocupação do estádio (ao menos 70% dos lugares). O Santos teve prejuízo de R$ 50 mil contra o Vasco no Pacaembu e lucro de R$ 264 mil contra o Estudiantes na Vila, por exemplo.

Além disso, a escolha deve ser feita jogo a jogo. O clássico, por exemplo, talvez pudesse ser realizado na Vila por dois motivos. Do ponto de vista técnico, o Santos poderia abrir sete pontos de vantagem para o rival na disputa pela sétima colocação (que dará uma vaga na Libertadores – mais $ – caso Palmeiras ou Grêmio vençam a edição deste ano). Se o Corinthians vencer o clássico, a diferença será de apenas um ponto. E como o técnico Cuca ponderou, quem “viaja” para o jogo é o rival, que desce a serra.

Outro motivo é a data. O jogo acontecerá sábado, às 19 horas, bem no meio de um dos primeiros feriados de “calor” deste ano. Como sabemos, muitas pessoas vão deixar a Capital para o litoral ou o interior. O Peixe vai precisar investir demais em promoção (não de ingresso) para atrair os torcedores para o Pacaembu. E, ainda usando o argumento do técnico Cuca, o Corinthians teria um “leve” trânsito para descer a Serra em pleno feriadão caso o jogo fosse na Vila Belmiro.