O técnico Ariel Holan precisa de ajuda no Santos (Crédito: Ivan Storti/SantosFC)

Assim com todo torcedor do Santos, não estou satisfeito com o desempenho do time neste começo de temporada. O Peixe só atuou bem até agora contra o San Lorenzo na Argentina e em alguns momentos contra o Deportivo Lara.

No entanto, na minha opinião (e você que está lendo não precisa concordar com ela), é momento de reforçar uma ideia que os santistas aplaudiram há algumas semanas: o projeto de reconstrução do clube.

Para que o projeto de reconstrução continue, o técnico Ariel Holan precisa de três coisas: ajuda, apoio e trabalho.

A ajuda precisa vir do clube, especialmente de duas formas. É preciso que alguém do departamento de futebol (ou o próprio presidente Andres Rueda) apareça nesse momento ruim, dê a cara a tapa, reforce a confiança no trabalho de Holan e não deixe o treinador “apanhar” sozinho. Dirigentes precisam aparecer nos momentos difíceis, não subir no pódio para pegar medalhas.

A segunda ajuda é acabar logo com o transferban. Como o próprio Rueda já disse, está demorando demais para resolver esse assunto. O Santos precisa contratar de novo, especialmente para a posição que tem gerado as maiores críticas ao técnico, o segundo jogador do meio-campo. Vaga que era de Pituca até a final de Libertadores e foi de Sandry posteriormente.

A lesão de Sandry no último dia das semanas de trabalho em Atibaia jogou quase toda a preparação por água abaixo. Até gravei um vídeo no dia seguinte dizendo que o Santos sofreria sem o garoto por não ter um jogador com as mesmas características de Sandry (veja aqui). Não imaginaria que sofreria tanto, confesso.

As improvisações não mostram um técnico inventor, mostram um técnico que busca encontrar alguém no elenco que possa fazer algo que Sandry faria. No entanto, Vinícius Balieiro, Ivonei, Felipe Jonatan e Pará não conseguiram mostrar algo para tomar conta do espaço. Não tem mais a quem recorrer.

Foi testando dessa foma que Ariel encontrou Kaiky Fernandes e Gabriel Pirani. Mesmo ainda irregulares pela idade, os dois mostraram-se capazes de assumir a posição.

No meio não aconteceu isso.

Holan precisa de apoio porque ele comandou o time em apenas dez jogos. Tem o mesmo retrospecto nesse período que o Cuca no ano passado nos primeiros dez jogos. Quando você conversa com ele percebe claramente que trata-se de alguém que conhece o jogo, tem boas ideias. É um cara que dá para você apostar em um projeto mais longo.

A torcida e os comentaristas podem e devem criticar. Não tem como elogiar o futebol apresentado pelo Santos até agora. Mas daí a iniciar uma caça às bruxas, pedir a cabeça do técnico ou coisa assim tem uma diferença bem grande.

E aqui em nem vou considerar as pichações na Vila. A gente sabe muito bem quais os interesses do entorno do estádio, que tanto mal fez ao clube nos últimos anos.

Além de ajuda e apoio, Holan precisa de trabalho. O bom discurso precisa ir para o campo. Me incomodou demais ver o Barcelona-EQU marcando a saída de bola com seis, sete jogadores, e o Santos tentando marcar a saída do adversário com dois ou três atacantes correndo como bobos de um lado para o outro.

Pior é que a primeira linha, com cinco (os 4 defensores e Alison) ficava lá atrás e, quando o Barcelona-EQU passava pelos três atacantes, encontrava um buraco no meio-campo para jogar.

Os setores do Santos estão muito distantes. Isso não tem só a ver com a falta de um substituto para Sandry ou com a má fase de Marinho e Soteldo. Isso é organização básica do time.

Quando não fazia pressão na saída de bola, o Barcelona baixava as linhas e formava um bloco compacto ali de 9 jogadores. Ficava muito difícil para o Peixe trabalhar a bola.

E também esse bloco compacto o Santos ainda não teve na temporada.

São apenas dez jogos, é loucura pensar em ruptura de algo que acabou de começar. Mas para que o projeto continue Holan vai precisar dos três pontos citados: ajuda, apoio e trabalho.

Eu só posso apoiar. E é isso que pretendo fazer com esse texto.