Damião é um dos motivos da dívida com Doyen (Crédito: Santos FC)

Se o Santos tivesse organizado suas finanças, poderia ter construído um novo estádio com recursos próprios. Pelo menos é o que indica um relatório apresentado na última reunião do Conselho Deliberativo do clube, na noite da última segunda-feira (14).

No relatório apresentado, o clube pagou, entre 2013 e 2019, R$ 384,7 milhões ao fundo de investimentos Doyen pela negociação envolvendo a contratação do atacante Leandro Damião. O documento produzido pelo Grupo de Avaliação de Riscos e Perdas e foi lido pelo conselheiro Marcelo Camargo Milani.

A dívida começou com a compra dos direitos econômicos do atleta junto ao Internacional, custando 13 milhões de euros. Porém, em fevereiro de 2014, clube e fundo de investimento firmaram que o valor ideal para a venda de Damião pelo Peixe teria que ser de 18 milhões. À época, caso o jogador saísse por um valor superior a esse, o Santos teria direito a 20% do lucro (diferença entre o valor de venda e o dinheiro investido na contratação, acrescido de juros).

Porém, o problema maior começou em 2015, quando o jogador entrou em litígio com o Peixe e foi à Justiça para conseguir a rescisão de contrato. A Doyen, então, entrou com uma ação para cobrar pelos valores não obtidos, já que o atleta deixou o clube por quebra de contrato. O Santos foi condenado a ressarcir o fundo de investimentos em 18 milhões de euros, além de juros, que elevaram os valores para 27 milhões. Além disso, gestões anteriores comprometeram direitos econômicos de outros atletas para tentar abater a divida.

No relatório ainda, é explicado que os valores referentes ao mecanismo de solidariedade envolvendo o meia Felipe Anderson, por exemplo, foram todos repassados diretamente à Doyen. Todos os recebíveis pelo patrocínio master de 2017 também teriam sido comprometidos com a dívida.

Em 2019, a gestão José Carlos Peres entrou em acordo para quitar a dívida restante com a Doyen, então fixada em 15 milhões de euros, que deveria ser paga em 3 parcelas. A diretoria do Peixe honrou com os dois primeiros pagamentos, no total de 10 milhões de euros, mas deixou de quitar a última parcela. O não pagamento da última parcela fez a dívida ter acréscimos de juros, que elevaram o valor novamente para 15 milhões de euros.

O conselheiro finalizou falando em indícios de crimes como lavagem de dinheiro e caixa dois, além de prevaricação. E se disse decepcionado por ter relatado tudo ao presidente Andres Rueda, mas que nada foi feito. Acrescentando que irá encaminhar o relatório para a Comissão de Inquérito e Sindicância para que se instaure um procedimento de impeachment contra o presidente Andres Rueda pela omissão após ter conhecimento dos fatos apontados no documento. Dentro do documento ainda, são levantadas questões sobre direitos de pagamentos sobre Rafael Cabral, Neymar Jr, Gabriel Barbosa, além da cobrança por um relatório sobre para onde foram os R$ 30 milhões arrecadados com os “Tokens da Vila”.

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