Dirigentes do Santos planejam 2026 do clube (Foto: Raul Baretta / Santos FC)

O Santos iniciou o planejamento para a temporada de 2026 com debates internos sobre reformulação do elenco, ajustes financeiros e definição de prioridades esportivas. Após um ano de 2025 marcado por instabilidade e pressão até a última rodada do Campeonato Brasileiro, a diretoria avalia mudanças, mas com leituras diferentes dentro do clube.

O presidente Marcelo Teixeira, em reuniões ao longo dos últimos meses, demonstrou insatisfação com o desempenho da equipe na temporada e defendia uma reformulação ampla e um elenco mais forte para 2026. A avaliação interna é de que há uma cobrança natural da torcida por evolução, principalmente em um ano no qual o Santos voltará a disputar quatro competições e terá calendário mais exigente.

“Faremos uma ampla reformulação, uma reformulação profunda. Agora temos quatro competições no ano a disputar, pretendemos a permanência do Neymar e continuar essa reformulação, com um agravante de que não tínhamos uma competição tão difícil como o Estadual, que já começa no dia 11. Não podemos cometer erros que comprometam a temporada de 2026”, afirmou o presidente, após a vitória sobre o Cruzeiro.

Já o executivo de futebol Alexandre Mattos adota um discurso mais cauteloso. Para ele, não há necessidade de uma reformulação ampla. A ideia é ser racional, buscar reforços pontuais, utilizar mais jogadores da base e aproveitar atletas do elenco atual que ainda podem render melhor.

“Vamos com muita calma. Vai pontuar alguma coisa, sim, mas nada drástico. Não precisa ficar falando aqui coisas que estão careca de saber. O Santos não tem dinheiro a rodo, tem que ter muito pé no chão, errando, acertando, aproveitar oportunidades de mercado. Às vezes, arriscamos um pouquinho, porque é o que o Santos pode no momento”, disse. Em outro trecho, completou: “Não tem nem como fazer nada drástico. O Santos tem uma base nesse elenco que a gente acredita que terá um resultado maior do que teve esse ano. Em vários jogos jogou bem e poderia ter tido resultados melhores”, afirmou.

Internamente, o clube entende que alguns jogadores devem, sim, mudar de destino, especialmente aqueles que tiveram poucas oportunidades, relações desgastadas ou que podem servir como moeda de troca. O caso de Guilherme, que está de saída, é tratado como exemplo desse processo – a relação do atleta e torcida ficou desgastada após ele ser ameaçado em agosto em um treino invadido por organizadas.

A área financeira também influencia diretamente o planejamento. O Santos enxerga a necessidade de realizar vendas para equilibrar o caixa e, no orçamento projetado para 2026, trabalha com a previsão de cerca de R$ 178 milhões em receitas extraordinárias. Negociações de atletas fazem parte desse cenário para viabilizar o planejamento esportivo sem comprometer a saúde financeira do clube.

Outro ponto central é a situação de Neymar. A diretoria trata a renovação do camisa 10 como prioridade e espera resolver o tema nos próximos dias. No entendimento do clube, a permanência do jogador teria impacto direto no mercado, tanto na atração de reforços quanto na construção do elenco em torno de uma referência técnica.