Caro presidente, parabéns pela vitória, a disputa foi dura e a vitória merece ser comemorada. Mas não se iluda: os desafios que o esperam nos próximos três anos são muito grandes, do tamanho do clube que decidiu comandar. Um clube que nasceu numa cidade litorânea e alcançou o mundo – e nunca mais voltou a ser apenas o clube de uma cidade litorânea. Esse é um dos principais temas que você enfrentará, já que o local onde o Santos manda seus jogos gera discussões apaixonadas entre seus torcedores.
Vila ou Pacaembu? O Santos é de Santos? O Santos é do mundo? Presidente, você terá de encontrar uma solução para esta questão, que tem impacto direto nas finanças do clube. Basta olhar os números dos públicos dos jogos do time na Vila e no Pacaembu, a disparidade é muito grande, a receita na capital é maior e o Santos precisa muito de recursos para montar equipes competitivas para enfrentar os rivais da capital que conseguem arrecadar mais em seus estádios.
Qual é a solução? Não é simples, claro, mas é preciso ter bom senso. Há espaço para jogos na Vila e no Pacaembu, que pode receber mais jogos do que nos últimos anos. O estádio paulistano costuma receber grandes públicos em todos os jogos do Santos (média superior a 23 mil pessoas no Campeonato Brasileiro de 2017), o que alivia o caixa do clube, além de a massa pressionar os adversários e empurrar o time. A Vila Belmiro deve receber outros tantos jogos, não menos importantes, pois é a melhor forma de o Santos manter suas raízes e sua mística.
Ah! Novo estádio nem pensar, estamos combinados?
Presidente, é preciso arregaçar as mangas e correr atrás de patrocínio para o clube, não apenas para a camisa do time profissional (é um absurdo o Santos passar dois anos sem um patrocinador máster no seu manto!), mas também para as equipes de base, para as Sereias da Vila e para outros esportes. Seja criativo, convoque pessoas competentes e compromissadas com o clube para ajudá-lo nessa missão. Não é preciso inventar nada, basta seguir o que dá certo em outros clubes, e também em outros esportes, não apenas no futebol.
Para não alongar muito essa carta, senhor presidente, vamos tratar de outros dois temas interligados: a montagem de um time competitivo e o modelo de gestão que você vai adotar. O Santos precisa de reforços, é uma condição para ter chances de disputar os títulos que a torcida sonha: Campeonato Brasileiro e Libertadores, sem falar na Copa do Brasil e do Paulista. Torcedor santista é acostumado a ganhar títulos, né? Então é melhor acertar nas contratações, para não gastar dinheiro com jogadores que não fazem diferença em campo.
Isso nos remete à sua gestão, à forma como vai lidar com o alto endividamento do clube: presidente, olhe com lupa os gastos do clube, todos sabem que há áreas inchadas de funcionários, faça uma adequação ao que o clube precisa, busque receitas, valorize a marca, enfim, administre o clube como se fosse sua casa, com atenção, compromisso, carinho e competência.
Caro presidente, o seu sucesso nos próximos três anos será proporcional à alegria e ao orgulho do torcedor santista neste período. Vamos torcer para acertar, mas estaremos aqui para cobrá-lo quando errar. Boa sorte!
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