Em primeiro lugar nós gostaríamos de dar parabéns ao Sr, Presidente Peres. Não é fácil vencer um processo democrático, seja de impeachment ou eleição, e o Sr. venceu o segundo em apenas dez meses.

Ficou claro que, ao contrário dos conselheiros do clube, os sócios não estão preocupados com intrigas políticas, bairrismos e outras coisas que só atrasam o Santos.

Ficou claro também que ninguém quer a volta das pessoas que comandaram o Santos nos últimos anos e deixaram o clube em situação quase falimentar, de acordo com a auditoria que analisou o balanço de 2017.

Infelizmente para o Sr., no entanto, não dá tempo para comemorar. Todo esse processo arranhou ainda mais a imagem do nosso clube e o dano pode ser permanente se nenhuma atitude for tomada.

A profissionalização que o Sr. tanto defende precisa acontecer de verdade. O marketing é um sucesso, de fato, mas em outras áreas ainda temos muitas pessoas trabalhando no clube por troca política. Isso precisa mudar.

Segundo o último relatório do Conselho Fiscal, o Santos tem hoje mais funcionários do que tinha em novembro de 2017. E tem mais funcionários que o Real Madrid, que embora tenha a mesma grandeza do Santos tem uma receita dez vez maior. Limpar o clube não é trocar os amigos de um pelos amigos do outro. É deixar no clube quem realmente produz e tem condições para estar ali.

Se o Sr. não aprova o Estatuto, é preciso mudá-lo, não desrespeitá-lo. O Estatuto do Santos pede uma gestão compartilhada com um Comitê. Muitas grandes empresa são geridas por um conselho administração e esse é o caminho correto. Steve Jobs fundou a Apple, mas teve que deixar a empresa por decisão do seu conselho de administração (eu sei, talvez não seja o melhor exemplo, mas…).

O Sr. indicou sete membros para o CG e quatro deles (repito, indicados pelo Sr.) pediram para deixar o órgão por discordarem de como os processos eram conduzidos. Escolha bem os quatro substitutos, não por conveniência política, mas por capacidade. Dê a eles participação nas decisões. Várias cabeças pensam melhor do que uma apenas.

Não custa lembrar que esse mesmo Estatuto manteve o Sr. na presidência. Se não estivesse prevista a assembleia de sócios nesse caso o Sr. teria sido vítima dos conchavos no Conselho e hoje estaria na Vila como um torcedor.

Falando em Vila. Não estimule essa rivalidade entre Santos e São Paulo. É claro que o Peixe precisa jogar mais na Capital, mas para defender o Pacaembu não é preciso criticar a Vila. Nós tivemos 5 jogos com prejuízos este ano, sendo 3 em Santos e 2 em São Paulo. Como o DIÁRIO defende, o que importa é a ocupação do estádio.

Por último e não menos importante, nunca deixe o futebol em segundo plano. É o campo que move todo o ambiente de um clube de futebol. O Sr. lembra o que passou no Pacaembu no jogo contra o Independiente, não?

A escolha do Renato como executivo pode se mostrar acertada no futuro pelo caráter e identificação dele com o Santos, mas talvez seja interessante ter alguém mais técnico ao seu lado. A área evoluiu muito e a ABEX, por exemplo, tem vários executivos capacitados para o mercado hoje.

Ah, antes que me esqueça, se ainda puder, dê uma atenção especial para a nossa base. A venda do Rodrygo salvou o clube neste ano e no próximo. Vamos precisar de outros. Daí não podemos contratar 5 jogadores de 19 anos com CV duvidoso apenas para a Copa São Paulo e nem o coordenador de captação pode aprovar o seu filho para o time.

A opinião pública, ao menos entre os sócios, está a seu favor. Não existe hora melhor para mudar o que precisa ser mudado.

Nós do DIÁRIO estaremos aqui para apoiar, cobrar e fiscalizar.

Esse sempre será o nosso papel.