O primeiro teste do Santos sob o comando do técnico Jorge Sampaoli deixou uma ótima impressão, mas reforçou a necessidade de reforços, destacada pelo próprio treinador em entrevista coletiva após o amistoso.

Todos os conceitos praticados pelo treinador e prometidos na sua apresentação oficial estavam em campo. Como o DIÁRIO mostrou, o Santos teve mais posse de bola, o goleiro atuou com os pés, foi formada uma linha de 3 para a saída de jogo, os laterais avançaram para dar amplitude e profundidade ao lado dos atacantes e o time ficou muitas vezes com dez jogadores no campo do adversário.

Os “haters”, no entanto, reclamaram da defesa e da falta de finalizações da equipe. Aí entra o outro ponto importante, as peças que o treinador tem à disposição no momento.

As duas principais jogadas do Corinthians, incluindo o gol, saíram nas costas de Orinho e de uma falta de sincronia com Gustavo Henrique na cobertura, além das falhas de posicionamento de Luiz Felipe.

Não é supresa.

Orinho não conseguiu terminar o ano como titular na Ponte Preta na Série B e Gustavo Henrique não é tão rápido para chegar na cobertura.

O Santos busca um lateral para suprir a ausência de Dodô, que não volta mais, e quer o zagueiro Felipe Aguilar, que está na Colômbia. Os dois reforços (e mais treinos) podem ajudar na melhora no sistema defensivo.

Na criação, o Santos tinha Diego Pituca e Jean Mota pode dentro. Na direita, a ordem parecia ser para Victor Ferraz buscar o fundo e Derlis flutuar por dentro na direita e Bruno Henrique buscar o fundo e Orinho entrar pelo meio na esquerda.

Aí a falta de opções novamente apareceu. Jean Mota e Pituca não tem qualidade para achar um passe entre linhas, deixar os companheiros na cara do gol. A falta do meia, do jogador do último passe ficou evidente. Ou mesmo de um jogador que pudesse infiltrar entre as linhas para aparecer como elemento surpresa, como faz Paulinho na Seleção Brasileira. (Será Pablo Peres?)

Além disso, Bruno Henrique e Derlis González não fizeram um bom jogo. Eles não ganharam os duelos individuais, o que é fundamental para um time que joga com a proposta do Santos. Com os dois no melhor nível, Rodrygo e Yefferson Soteldo o time vai ter boas opções no setor.

E, então, vai faltar o substituto de Gabigol cobrado desde a entrevista coletiva de apresentação de Jorge Sampaoli. Felippe Cardoso é voluntarioso e pode ser útil, mas muitas vezes briga com a bola. Ele teve uma boa chance no primeiro tempo ao dar um bonito corte no zagueiro dentro da área, mas na hora de tirar um 10 adiantou a bola sem necessidade e foi desarmado por Fágner.

Jorge Sampaoli destacou a necessidade de o time praticar um futebol coletivo. Mais uma vez, ele tem razão. Mas um coletivo forte dá espaço para a individualidade aparecer. Não apareceu no clássico porque hoje o Santos não tem.