Jorge Sampaoli recebeu até homenagem dos torcedores (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

Vila terá enredo de desafios e suspense no domingo
Por Miro Neto, especial para o DIÁRIO DO PEIXE

Neste domingo, o Santos encerra a temporada diante do incontestável campeão Flamengo e ávido por ser vice – o que, além do evidente valor esportivo, dará uma bela premiação adicional. A Vila Belmiro estará apinhada na partida que pode marcar a despedida do técnico Jorge Sampaoli.

Pouco menos de quatro meses atrás, no dia 14 de setembro, o Peixe visitou o Flamengo, no Maracanã, em duelo que valia àquela altura o título simbólico do primeiro turno. O clube alvinegro vivia ali seu sonho de um mês de fim de outono/início de primavera. A taça nacional, hipótese risível até para o mais apaixonado no início do ano, anunciava-se uma possibilidade razoável naquele momento.

Um rápido esforço de memória basta para constatar que no intervalo entre a partida no Rio de Janeiro e o reencontro neste 8 de dezembro as duas equipes passaram por processos inusuais para os padrões do futebol brasileiro. Uma, o Flamengo, adquiriu um alto nível de jogo que há muito não se via por aqui. E a outra, o Santos, passou por um declínio e, contra as projeções, logo recuperou um patamar acima dos que as possibilidades sugeriam.
O fato é que, no caso santista, essa percepção de ganhos vem misturada a um sentimento agridoce pela iminência do adeus de quem lhe vendeu sonhos. Enfim…

Naquele sábado, o Flamengo entrava em campo já com o tônus de ideias de Jorge Jesus. Tinha tomado a liderança justamente do Santos rodadas antes, embalando cinco vitórias seguidas, todas de clara imposição técnica, sobre Grêmio, Vasco, Ceará, Palmeiras e Avaí.

O Peixe tinha deixado a ponta escapar com inesperado declínio de rendimento e perda de pontos na Vila para Fortaleza, após ter aberto 3 a 0 – e um time misto do Athletico-PR. Em campo, o Santos se desdobrou para segurar o poderoso ataque do Flamengo e perdeu por 1 a 0 com um golaço de Gabriel no fim do primeiro tempo.

Comparativamente ao feito contra os rivais anteriores, o Flamengo criou bem menos e o Alvinegro deu sinais de que
poderia recobrar o fôlego. Não foi o que aconteceu nos jogos seguintes, com os cariocas mantendo a marcha e atropelando praticamente todos que apareciam em sua frente e o Santos claudicando.

Em clássico contra o Palmeiras, rival que pode ser o destino de Sampaoli, o time recuperou a identidade de jogo. Foi intenso e versátil na 24ª rodada. A ideia de que o limites físico e mental haviam chegado mostrou-se falsa. A equipe reeditou seus melhores momentos na era Sampaoli e isso, claro, animou o torcedor.

Dali em diante, houve várias outras ótimas exibições, como contra Goiás, Botafogo e Cruzeiro. O título já era pensamento distante pelo aproveitamento alucinante do Flamengo, mas a qualidade do futebol demonstrada pela equipe na reta final do ano abria a perspectiva para 2020.

O problema é que junto a isso começaram a surgir os sinais de que Sampaoli poderia abandonar o barco. O técnico foi deixando claro que espera um time reforçado e dava alfinetadas no presidente.

O Santos, com pontuação que o faria campeão em algumas das outras edições dos pontos corridos, entrará em campo empolgado por desafios em um atmosfera de suspense. Pode quebrar a invencibilidade do mais festejado dos times brasileiro em muito tempo, mostrar que pode competir com ele pela mentalidade e dinâmica que hoje possui e saber, horas depois, que não será mais dirigido pelo mentor dessa façanha.

O torcedor alvinegro terá um domingo de expectativas enormes.