O Pacaembu tem recebido pouco público neste ano (Crédito: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC)

O Santos se tornou a grande atração do futebol brasileiro no começo de 2019 por causa de seu futebol agressivo, intenso e ousado, obra e graça de Jorge Sampaoli. Nas últimas semanas, porém, o time perdeu força e as dúvidas começaram a aparecer: será que tudo foi apenas uma breve ilusão? A resposta para essa pergunta, sejamos sensatos, ainda não existe. É muito cedo para qualquer conclusão definitiva, já que a temporada está apenas no início.

Mas, pensando bem, já é possível, sim, tirar uma conclusão neste princípio de 2019: a grande decepção do Santos no ano é a torcida alvinegra de São Paulo. Sim, aquela que vive criticando (com razão, diga-se) os santistas da Baixada por não encherem a Vila Belmiro com frequência, mas está fazendo a mesmíssima coisa no Pacaembu. Os números, nesse caso, são irrefutáveis. E constrangedores.

Descontado o jogo contra o River Plate-URU, que foi disputado com portões fechados por motivos alheios à vontade do Santos, o clube realizou seis partidas como mandante neste ano na Capital. Em matéria de público, o clássico contra o São Paulo foi o melhor deles, e mesmo assim não foi bom: pouco mais de 18 mil pagantes, o que significa mais ou menos metade da capacidade do estádio que é considerado a segunda casa do Peixe. Se essa partida foi a melhor, imagine as outras…

Aliás, não é necessário imaginar: nos últimos três jogos no Pacaembu, o Santos não conseguiu atingir a marca de dez mil pagantes nenhuma vez. O último deles, contra o Novorizontino, atraiu pouco mais de nove mil pessoas (sem contar aquelas que entraram de graça no estádio). O resultado, como era fácil prever, foi prejuízo nos confrontos contra Oeste e América-RN e talvez um lucro de alguns míseros reais na partida da última sexta-feira – o boletim financeiro ainda não foi publicado pela Federação Paulista de Futebol.

E por que a torcida paulistana do Peixe não vai em peso ao Pacaembu? Isso permanece um mistério. O time é ruim? Não. O treinador é retranqueiro? Muito pelo contrário. Os ingressos são caríssimos? Não. O estádio é mal localizado? Quem conhece sabe que não é. Tudo bem, é fato que o Santos não é um clube exemplar em matéria de venda de bilhetes, mas isso é pouco para justificar a ausência em massa dos alvinegros.

Em um passado recente, muitos santistas de Santos defendiam a tese de que quando o time passasse a jogar com frequência em São Paulo o estádio ficaria vazio. Infelizmente, essa teoria está se mostrando certeira. E os torcedores da Capital perderam a razão de criticar os “colegas” da Baixada (as aspas aqui se justificam por causa da rivalidade besta entre os grupos). Afinal de contas, bastou o Peixe fazer meia dúzia de jogos seguidos no Pacaembu para que a galera sumisse.

Conclusão: seja em Santos, seja em São Paulo, a torcida santista reclama, xinga todo mundo, mas se recusa a fazer sua parte. Enquanto isso, os rivais enchem suas casas – e seus cofres. É uma pena.