Carlos Sánchez assumiu o papel de líder do Santos (Crédito: Ivan Storti/SantosFC)

Depois de um desempenho péssimo nos sete primeiros jogos da temporada, o Santos mudou. Se a organização tática ainda deixa (e muito) a desejar, a postura dos jogadores em campo é outra. A atitude ficou clara no primeiro tempo do clássico contra o Palmeiras e na estreia na Copa Libertadores diante do Defensa Y Justicia.

A mudança passa muito pela postura e pela atuação de Carlos Sánchez, que merecidamente utilizou a braçadeira mais histórica do futebol mundial, a única com um Z, na partida desta terça.

Teria partido de Carlos Sánchez as cobranças por uma mudança de atitude do time, uma marcação mais alta, com a pressão na saída de bola. Ele não só cobra, mas dá o exemplo sendo o jogador mais aguerrido da equipe e um dos melhores em campo na vitória sobre o Defensa y Justicia.

O torcedor do Santos reclamava da geração do quase, quando líderes eram Vanderlei, Victor Ferraz, Gustavo Henrique, entre outros. Nem quero discutir a qualidade individual de cada um deles, mas me parece claro que discursos, atitudes e postura são muito diferentes de Carlos Sánchez, o meu, o seu, o nosso uruguaio.

Podemos dizer que a nova postura do Santos, nascida de dentro para fora do campo, salvou o trabalho de Jesualdo Ferreira. Agora, cabe ao treinador capitalizar.

O Santos precisa corrigir urgentemente a marcação no setor esquerdo da defesa. Até agora, é por ali que todos os adversários estão levando perigo ao Peixe, seja com Luan Peres e Felipe Jonatan, seja com Luan e Luiz Felipe.

No primeiro tempo desta terça, quase todas as jogadas de perigo do Defensa nasceram por aí, inclusive a que originou o escanteio do primeiro gol. Pituca e Luan Peres estavam em linha na maioria das vezes, mas a sincronia entre quem ficava aberto e quem estava por dentro não funcionou. Para completar, Soteldo pouco contribuiu na marcação.

A solução de Jesualdo no segundo tempo foi colocar Soteldo na direita e Sasha na esquerda, protegendo o lateral. Vocês podem lembrar de um lance com o atacante dando um carrinho quase na pequena área para evitar o cruzamento do Defensa.

Não pode ser uma opção definitiva porque você abre mão de deixar o jogador mais habilidoso do time em sua posição preferida, aquela em que ele criou a jogada do primeiro gol.

Jesualdo muitas vezes parece usar a tática do ensaio e erro. Evandro e Jobson foram muito bem diante da Inter de Limeira e depois sumiram das escalações (Sandry foi titular no clássico contra o Corinthians e Jean Mota a primeira opção para o meio-campo nos jogos seguintes). Kaio Jorge entrou bem contra a Ferroviária, centralizado, e depois viu, do banco de reservas, o técnico escalar cinco atacantes durante o jogo contra o Ituano. Só voltou nesta terça para fazer o gol da vitória do Santos.

Muitas vezes as decisões do técnico não parecem pensadas, com uma estratégia de execução. Parecem mesmo testes, como a entrada inesperada de Yuri Alberto no clássico contra o Palmeiras.

A combinação de “sorte” do Jesualdo com atitude do elenco comandado por Carlos Sánchez foi suficiente nos dois últimos jogos para um empate contra o Palmeiras e uma vitória diante do Defensa.

Será preciso mais do que isso para que o Santos conquiste algo interessante na temporada.

Ah, para não dizer que não falei das flores, alguns reforços seriam muito bem-vindos, especialmente na lateral esquerda, na meia e para os lados do ataque.