Gabigol foi revelado pelo Santos e hoje faz sucesso com a camisa do Flamengo (Crédito: Divulgação)

O executivo de futebol Alexandre Mattos é o convidado do programa Bola da Vez, do canal ESPN Brasil, neste sábado, às 21h55. Atualmente sem clube, o profissional debateu temas em que participou em sua carreira. Dentre os assuntos comentados pelo cartola, surgiu o nome do Santos.

No Bola da Vez, Mattos falou que trabalhou nos bastidores para a venda de Gabigol para a Inter de Milão. Segundo o cartola, o objetivo era segurar Gabriel Jesus no Palmeiras e enfraquecer o Santos naquela época.

“E ali umas das coisas que a gente teve que fazer é blindar o Palmeiras. Porque o assédio começou a ser muito grande, e o Palmeiras tinha um contrato que dizia que, se pagasse 8 milhões de euros, o Gabriel (Jesus) tinha que ir embora. E 8 milhões de euros por um jogador como o Gabriel, do jeito que ele foi meteórico, estava dado. Então para blindar isso, peguei o avião, fui pra Europa, fui nos principais clubes, falei: ‘Olha, tem que conversar com o Palmeiras, não dá, tenho que conversar com o Palmeiras”, disse Mattos, que continuou.

“Em uma dessas reuniões, a Inter de Milão queria muito o Gabriel. E cheguei a negociar valores astronômicos com a Inter… Fez a proposta, mas o Gabriel não queria. O Gabriel tinha dado a palavra para o Guardiola. Mas eu fiquei muito próximo lá da diretoria, especificamente do diretor da Inter de Milão”.

Foi então que Gabigol, estrela do time santista, entrou em cena.

“O Santos tinha aquele timaço, né. Lucas Lima jogando muito, Gabigol jogando muito, Ricardo Oliveira fazendo gol de todo jeito… Estava encaixado. E surgiu a oportunidade de dar uma mexida na água ali também, né. Então, em um determinado momento, falei com o empresário italiano, que me levou pra discutir o Gabriel Jesus, e falei com o empresário do jogador e falei com o diretor: ‘Amigo, eu tenho a solução. O Gabriel Jesus não vai. Tem um jogador que até mais experiente que ele, que é o Gabigol’. E ele falou: ‘Mas é bom? Os caras estão me oferecendo’. E eu falei: ‘É bom não, é ótimo’. E eu acho mesmo. Haja visto o que o Gabigol está fazendo até hoje. Eles começaram a negociar, e o negócio deu certo, até por um valor menor que a Inter estava pagando pelo Gabriel Jesus. O negócio deu certo…”, seguiu Mattos, antes de lembrar o momento em que a “estratégia” por pouco não deu certo.

“Eu estava na Academia de Futebol, e eu tenho até uma testemunha, que é o Maurício Galiotte, estava do meu lado. Quando eu estava lá: ‘E aí? Vendeu? Vendeu?’ Exatamente para desfalcar o Santos, né, que era um concorrente. Isso faz parte, não tem nada ilegal nisso aqui, né. E perguntando: ‘E aí? Está vendido? Está vendido?’ E eles falaram: ‘Está vendido. Só que, como você conseguiu segurar o Gabriel Jesus, o Santos quer que segure o Gabigol’. Pô, caiu a estratégia toda. E ainda colocou dinheiro lá. Ficou pior, né, pagou, está lá”.

Mas, segundo Alexandre Mattos, a insistência fez com que a Inter aumentasse a proposta para levar Gabigol de forma imediata. “Empresário do Gabigol: ‘Pô, tem que ir agora’. ‘Pô, mas o Santos não deixa’. Oh, diretor da Inter: ‘Tem que ir agora. O Gabigol é diferente do Jesus’. ‘Pô, tem que ir, tem que adaptar. Tem que ir, não sei o que, não sei o que’. Não foi isso só, mas eu tenho certeza que deu uma empurradinha e o Santos recebeu mais dois milhões de euros. Vou pedir minha comissão lá, hein. (risos). E o Gabigol foi imediatamente. E sem dúvida alguma, foi importante o Santos perder, para o Palmeiras, aquela peça ali. Como foi importante a gente segurar o Gabriel Jesus”.

Gabigol foi vendido na época para a Inter de Milão por cerca de € 25 milhões (R$ 91 milhões). Sem sucesso na Europa, depois voltou ao Peixe por empréstimo de uma temporada e foi artilheiro do Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, se transferiu para o Flamengo, seu atual clube, onde é um dos ídolos da equipe carioca.