Santos venceu o Corinthians em amistoso antes de decisão por título (Crédito: Arquivo Santos FC)

Há vinte anos, o Santos vencia o Corinthians por 3 a 1, na Vila Belmiro, em uma partida amistosa. O confronto deu início a mudança da história do Peixe no ano de 2002, sob o comando do técnico Emerson Leão. O DIÁRIO coletou relatos sobre a importância daquele clássico e o momento de virada de chave do treinador, que percebeu a capacidade dos garotos.

Do dia 27 de julho ao dia 15 de dezembro de 2002 muitas coisas mudaram no Alvinegro. Quase ninguém imaginava que depois de anos na fila, o clube voltaria à Glória e conquistaria o título de Campeão Brasileiro sobre o Corinthians, com o protagonismo dos Meninos da Vila. Léo, Renato, Elano, Diego e Robinho foram alguns dos destaques do time.

Alex Sabino, autor do livro “O time que nunca seria campeão”, contou sobre a importância daquele amistoso ao DIÁRIO.

“Este jogo aconteceu pouco depois do amistoso com o Glasgow Rangers, em Nova York. Uma partida que animou, mas de maneira cautelosa, o Leão com relação a alguns jogadores (como o Diego, por exemplo). Mas mesmo assim, havia muita desconfiança. Marcar um amistoso contra o Corinthians naquela situação e na Vila Belmiro, foi visto com desconfiança por muita gente na diretoria. O Zito, por exemplo, achava um risco enorme. O Corinthians era o time campeão do Rio-São Paulo e também ganharia a Copa do Brasil. O Leão sempre vendeu uma ideia (meses depois) de que ele foi um defensor do amistoso. É mais ou menos verdade. Ele queria que o Santos jogasse o maior número de vezes possível, mas não tinha tanta certeza assim que enfrentar o Corinthians era uma grande ideia. E ainda tinha esperança de que alguns reforços poderiam ser contratados”, revelou.

“Na excursão para NY, ele já tinha ficado desconfiado que o Fabiano não seria uma opção tão boa assim para o ataque. No final de tudo, foi o jogo que deu ao Leão a certeza de que era melhor ir com aqueles jogadores para o Brasileiro. Essa foi a maior importância desta partida. Foi o instante em que ele achou que valeria a pena apostar nos garotos. Para os jogadores foi muito bom porque, apesar de ser um amistoso, foi possível notar que dava para enfrentar as principais equipes do país. E o Santos mostraria ali boa parte das características que o faria campeão brasileiro em dezembro: a ousadia ofensiva, a criatividade de Diego, Robinho irritando marcadores e a percepção de que aquela equipe não sabia se defender e o único jeito era atacar”, contou.

Marcelo Teixeira, presidente do clube naquela época, reforçou que o clássico foi uma virada de página da equipe santista. O Santos tinha sido eliminado na primeira fase do Rio-São Paulo enquanto o Corinthians havia conquistado o título da competição. E ainda tinha conquistado a Copa do Brasil

“Foi um divisor de águas! O amistoso provou a qualidade do grupo frente uma fortíssima equipe. O período de treinamento do Leão com os atletas sem jogos oficiais foi fundamental para o entrosamento sem cobranças de resultado”, afirmou.

Depois do amistoso, foram 31 jogos do Brasileiro até a conquista do título com 16 vitórias, 6 empates e 9 derrotas.

Veja a ficha técnica do amistoso:

Data: 27/07/2002, sábado, 14h30.
Competição: Amistoso
Local: Estádio da Vila Belmiro, em Santos, SP.
Público: 8.508 pagantes
Renda: N/D
Árbitro: Rodrigo Braghetto.
Auxiliares: Carlos Donizetti Pianosqui e Luiz Cláudio Dias.
Cartão amarelo: Maurinho e Paulo Almeida (S); Fábio Luciano, Gilmar Parrudo e Ricardinho (C).
Cartão vermelho: Kléber (C, 45-2).
Gols: André Luis (32-1), Gilmar Fubá (10-2), William (37-2) e Renato (45-2).

SANTOS
Júlio Sérgio; Maurinho, André Luiz, Preto, Léo; Paulo Almeida, Renato, Elano (Wellington 17′), Diego; Alberto (William 19′) e Robinho.
Técnico: Emerson Leão

CORINTHIANS
Doni; Rogério, Anderson (Scheidt 45′), Fábio Luciano, Kléber; Vampeta, Fabrício (Fabinho 45′), Ricardinho; Gilmar Parrudo, Leandro (Luciano Ratinho 6′ e Renato 18′) e Gil.
Técnico: Carlos Alberto Parreira