Santos chegou a atrasar os salários de alguns funcionários por três dias úteis no mês passado (Crédito: Divulgação/Santos FC)

Pela primeira vez na temporada o Santos pagou os salários de todos os funcionários e jogadores com antecedência. Os valores foram depositados já na última quinta-feira, quarto dia útil do mês. Nos outros meses a quantia era acertada na noite do quinto dia útil ou na manhã do sexto dia. Em junho, porém, o atraso foi maior: alguns funcionários só receberam o salários no dia 12, oitavo dia útil do mês, por conta de um problema com a antecipação de uma receita.

Segundo membros da direção do clube, o pagamento em dia se deve a melhora de fluxo de caixa, organizada pelo executivo de finanças Ricardo Feijoo. Com as demissões já realizadas e as novas que devem ocorrer nesta sexta-feira, o Peixe se aproxima de gastar menos do que arrecada – excluindo as dívidas de gestões anteriores.

No entanto, essas demissões tem causado turbulência nos bastidores do clube. A última, inclusive, foi parar na delegacia. O presidente José Carlos Peres registrou boletim de ocorrência contra as ameaças de Luizinho Hotshow, funcionário que ficou sabendo que estaria na lista dos desligados e enviou um áudio aos membros da diretoria.

“Fiquei sabendo que me botaram na lista de demissão…Achei estranho. Vocês estão aí por causa de mim. Espero que vocês não me traiam. Quero conversar com vocês. Se vocês forem inteligentes vão mudar isso. Botei dinheiro, trouxe votos, comprei votos. Não admito chegar dois caras e tentar me tesourar. Presta atenção aí na atitude que vocês estão tomando porque pode dar m…Não tirem meu foco, não. A mente vazia é oficina do cão”, afirmou o ex-funcionário que acabou demitido por justa causa após as ameaças.

O caso desencadeou um turbilhão de saídas na diretoria santista. Andres Rueda e Ubiratan Helou, do Comitê de Gestão, já deixaram a comissão oficialmente e outros membros devem seguir o mesmo caminho, aguardando apenas o presidente encontrar substitutos. Na manhã desta sexta-feira, William Machado pediu demissão do cargo de gerente técnico de futebol.

O presidente José Carlos Peres luta pela profissionalização do clube e conseguiu aprovar um novo organograma do clube recentemente. Com ajuda da PCM, empresa contratada para reestruturar o Peixe internamente, o novo esquema se baseia em quatro executivos:  Ricardo Gomes (futebol profissional, base e futsal), Marcelo Frazão (marketing e comunicação), Ricardo Feijoo (administrativo e financeiro) e Rodrigo Gama Monteiro (jurídico). Peres aceitou desligar pessoas que ganharam cargos por ajudar na campanha e contratar via RH, mas encontra resistência.

“Atender questão política é difícil. Queremos a profissionalização. Ter gestor. Profissionalizamos o marketing e o jurídico. Ricardo Gomes também. Cuidando apenas do futebol, sem política. E temos o Ricardo Feijoo (financeiro), profissional de mercado. Santista, mas de mercado. Estamos ancorado na profissionalização. Admissões e demissões não devem ser tomadas por nós, mas de forma técnica, com meritocracia, sempre por meio do RH. Queremos trazer profissionais de mercado que não se envolvam em política. Santos já é forte, imaginam se formos profissionais?”, explicou o presidente.