CT Rei Pelé deve ir à leilão (Foto: Divulgação / Santos FC)

O Santos trava uma de suas disputas mais importantes fora das quatro linhas: a posse definitiva do CT Rei Pelé, no bairro do Jabaquara, em Santos. O local, considerado fundamental para o presente e o futuro do clube, é ocupado por meio de uma cessão da União desde 1996, mas ainda não pertence oficialmente ao Peixe. Em entrevista ao De Olho no Peixe, o assessor especial da presidência, Júnior Bozzella, revelou que o clube só não perdeu a área por conta da articulação política da atual gestão.

“De forma bastante humilde, coloco que o Santos só não perdeu ainda essa área — o que seria algo extremamente grave para a história do clube — graças à articulação política que temos feito e à gestão firme do presidente Marcelo Teixeira. A verdade é que o Santos já era para ter perdido esse terreno, porque ocupa a área de forma irregular há anos. Isso acontece por falhas graves de administrações anteriores, que não cumpriram as determinações legais, como a compensação social que era obrigatória para manter o uso do espaço. Essa concessão é junto ao governo federal, por meio da SPU (Secretaria do Patrimônio da União), e nos últimos meses temos nos desdobrado em articulações para garantir que o clube não seja retirado dali.”

O CT Rei Pelé atende diariamente aos elencos profissionais masculino e feminino, além de parte das categorias de base. A estrutura conta com três campos, hotel, restaurante, academia e demais instalações de alto nível. Recentemente, foi ampliado com investimentos da NR Sports, empresa ligada à família de Neymar.

“Ali é uma área nobre da cidade de Santos, uma localização estratégica não só para o futebol, mas também do ponto de vista político e comercial. Quem não conhece a cidade talvez não consiga dimensionar o peso daquele terreno para o Santos. É ali que está o CT do time profissional, ali estão as categorias de base, ali o clube vem fazendo investimentos importantes, como foi essa parceria com a NR Sports para ampliar e modernizar as instalações. Então o que temos feito é um trabalho permanente, de bastidores, técnico e político, para proteger o clube de um risco que seria gigantesco: a perda do seu principal centro de treinamento.”

A chance de compra surgiu após uma alteração na Lei nº 9.636/1998, sancionada no fim de 2022. Desde então, o Santos se movimentou para aproveitar a oportunidade legal. Em 2024, o clube exerceu seu direito de compra por meio do site da SPU e agora aguarda os trâmites finais para consolidar o processo.

“Temos avançado bastante nos últimos meses, mesmo sendo um tema difícil, cheio de etapas. Já falamos diretamente com o presidente da República, com a ministra Gleisi Hoffmann, com o vice-presidente Alckmin, e seguimos em contato com os principais ministérios envolvidos. Isso é uma agenda que eu trato toda semana em Brasília. Tem gente que vê uma postagem nossa com políticos e não entende: isso não tem nada a ver com partido. Isso aqui é o Santos Futebol Clube. E é meu papel, por ter trânsito político, por ter sido deputado federal, usar essas relações para defender o clube. E tenho feito isso com muito orgulho, em nome da instituição.”

Apesar da articulação, Bozzella admite que há o risco de o terreno ir a leilão por questões legais herdadas de gestões passadas. Nesse caso, o Santos trabalha com a estratégia de garantir sua prioridade de compra.

“Existe, sim, a possibilidade de leilão. E é por isso que, paralelamente ao esforço para evitar esse cenário, estamos nos preparando juridicamente, politicamente e administrativamente para, se for o caso, exercer nossa prioridade legal e comprar a área. O terreno hoje é avaliado em cerca de R$ 70 milhões, segundo estudos da própria SPU e avaliações que o Santos apresentou. Mas o clube fez muitas benfeitorias ali — e esse é um argumento importante para reduzir esse valor. Estamos trabalhando em todas as frentes para garantir isso.”

“É uma batalha jurídica, técnica, política e administrativa. A gente mantém contato constante com Brasília, com a SPU, com os ministérios, com todos os órgãos que têm alguma responsabilidade nesse processo. Tenho conversas semanais, visitas presenciais, envio de ofícios, requerimentos e relatórios. O objetivo é garantir que o Santos continue onde está e que, em breve, possa chamar aquela área de sua de forma definitiva.”