Sampaoli ainda não definiu se fica no Santos em 2020 (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

O técnico Jorge Sampaoli já declarou em diversas coletivas que a sua permanência no Santos em 2020 dependerá de ter uma equipe em condições de brigar por títulos, mas diz ter ouvido do ex-superintendente do clube, Paulo Autuori, que o Peixe terá dificuldade financeira na próxima temporada, mas não sabe ao certo o quão difícil 2020 será para o Santos.

A situação vai ficar mais clara nesta terça-feira, quando o Conselho Deliberativo do clube irá discutir a proposta orçamentária de 2020 formulada pela diretoria executiva. O DIÁRIO DO PEIXE teve acesso ao parecer do Conselho Fiscal sobre a proposta e detalha alguns dos problemas encontrados para a próxima temporada.

Pelo Estatuto Social do clube, a diretoria executiva precisa enviar a proposta orçamentária do ano seguinte até o dia 31 de outubro. A primeira proposta enviada pela direção ao clube na data limite (dia 31) previa uma arrecadação de R$ 351 milhões em 2020, sendo R$ 171 milhões apenas com vendas de jogadores, e um custo estimado de despesas em R$ 234 milhões. Com isso, foi previsto um superávit de R$ 65 milhões.

No dia 12 de novembro, o Conselho Fiscal se reuniu com com o departamento financeiro e o departamento de futebol do Santos para a apresentação do planejamento operacional do Santos para 2020 e, durante o encontro, o CF fez ponderações sobre os números apresentados.

Dois dias depois (14), o Comitê de Gestão enviou uma proposta revisada ao CF, com previsão de arrecadação em R$ 311 milhões, sendo R$ 131 milhões com a venda de jogadores (R$ 40 milhões menor que a primeira), e um valor total de despesas na casa dos R$ 224 milhões (R$ 10 milhões menor que a primeira), reduzindo o superávit previsto para R$ 35 milhões.

Em seu parecer final, o Conselho Fiscal questiona o alto valor previsto com a venda de jogadores. O CF levantou o valor recebido pelo Santos por transferências de 2008 a 2019 e sugeriu a utilização da média desse período, que é de R$ 69 milhões, na previsão orçamentária.

O relatório aponta ainda que, caso o Santos não consiga vender jogadores em 2020, o déficit no orçamento seria de R$ 96 milhões. O documento ainda mostra que, desde 2008, apenas em 2011 e 2016 a previsão orçamentária não ficou abaixo do valor realizado.

Na conclusão, o Conselho pede a substituição da previsão de R$ 131 milhões para R$ 69 milhões com a venda de jogadores (receitas extraordinárias), deixando o valor de receita total para 2020 na casa dos R$ 249 milhões.

Lucas Veríssimo, o jogador do Santos com maior possibilidade de venda na próxima temporada, teve proposta na casa dos 10 milhões de euros (algo em torno de R$ 46 milhões). No entanto, o Peixe tem apenas 80% dos direitos sobre o atleta (ficaria com cerca de 37 milhões).

Com isso, o CF pede uma redução de R$ 68 milhões nos custos e despesas do clube na proposta enviada para que o Santos termine o ano com superávit de R$ 35 milhões. O parecer cita que o Peixe tem vários atletas com salários altos que não estão sendo aproveitados. O gasto com o departamento de futebol em 2020 seria de R$ 161 milhões. Só a folha atual da equipe já supera o valor. Não existe previsão de investimento em contratação de atletas.

“Estamos numa situação extremamente crítica para o próximo exercício, admitida por todos os profissionais responsáveis, tanto na área operacional quanto na área financeira….Temos que proceder com reduções drásticas, todavia esse trabalho é imenso, vai requerer estratégia e capacidade de execução como nunca”, diz trecho do parecer do Conselho Fiscal.

A proposta orçamentária será votada pelos conselheiros na noite desta terça-feira, na Vila Belmiro. O Conselho Fiscal pede em seu parecer a aprovação da proposta desde que as mudanças sugeridas acima sejam incluídas na previsão inicial.