Santos anunciou oficialmente Newton Drummond (Crédito: Divulgação)

O Santos anunciou Newton Drummond como novo executivo de futebol. O profissional chegou para assumir a função deixada recentemente por Edu Dracena, que pediu demissão após uma sequência de resultados ruins que custaram o cargo também de seu companheiro Guilherme Lipi.

Edu Dracena é um profissional “novo” no mercado. Após se aposentar dos campos no final de 2019, anunciou que seria um assessor técnico do Palmeiras. Drummond, porém, vem de longa bagagem no futebol de base, profissional e conselho dos clubes.

De onde veio a ideia de Drummond no futebol?

Tudo começou em um futebol despretensioso com amigos em um sítio. As pessoas envolvidas eram torcedores do Internacional e, paralelamente a isso, estavam na política do time Gaúcho. Entre eles, Fernando Carvalho, ex-presidente do Internacional, que foi o padrinho em seu começo.

Em 1995, Carvalho assumiu o comando da base do Internacional e o convidou para ajudar. Até ali, Drummond trabalhava como Engenheiro Civil. Foi a primeira experiência em um clube de futebol como dirigente. Em 2000, chegou a ser Conselheiro do clube.

No time Colorado, viveu os melhores momentos da sua carreira: nos nove anos em que esteve no Beira-Rio, não ficou um ano sem títulos: sete estaduais (2002/03/04/05/08/09/11), duas Libertadores (2006/2010), um Mundial Interclubes (2006), duas Recopas Sul-Americana (2007/2011), uma Copa Sul-Americana e uma Dubai Cup (2008) e uma Suruga Bank (2009).

“Costumo dizer que reconstruímos o Inter. O clube vinha num momento difícil, depois dos três títulos nacionais, sendo um invicto, dos anos 1970, estava numa posição intermediária no futebol brasileiro. Não era o grande Internacional, que entrava nos campeonatos para concorrer aos títulos. O grande feito foi reconstruir o Inter, reestruturar o clube para as grandes vitórias. O Mundial [de 2006] até foi bastante precoce no tempo, mas baseado numa organização de trabalho, em avanços tecnológicos importantes, no conceito de futebol e perfil de equipe e trabalho. Foi o grande e principal fato dessa passagem no Inter”, contou para UOL Esporte.

Seu currículo conta com participações no Vitória, da Bahia, antes de retornar ao Internacional entre 2013 e 2014. Em 2016, voltou ao Colorado para tentar evitar uma queda para segunda divisão, sem sucesso. Após isso, passou por Vasco, em 2018, foi executivo de futebol da Chapecoense em 2018-2019 e head esportivo do Coritiba, em 2021, seu último trabalho.

Pioneirismo como executivo de futebol

Newton Drummond foi o fundador da ABEX Futebol – Associação Brasileira dos Executivos de Futebol. Sua fundação tem como objetivo zelar pela boa administração do futebol brasileiro, sugerindo medidas que visem seu aprimoramento e também proporcionem melhor condição para o exercício da atividade profissional dos executivos.

A ABEX conta com vários afiliados importantes no futebol brasileiro, como Alexandre Mattos, Rodrigo Caetano, Paulo Roberto Pelaipe, Ricardo Moreira e Paulo Bracks. Os três últimos foram sondados pelo Santos antes do acerto com o Drummond. Eles participam de eventos trimestrais com as principais personalidades da Profissão e do Futebol Brasileiro.

“Me considero um dos pioneiros, sim. Antes do executivo, tivemos profissionais que trabalhavam dentro do clube, mas não com a função específica do futebol. Era de supervisão, logística, contratos, mas não o futebol em si. Eu sou um dos fundadores da ABEX (Associação Brasileira de Executivos de Futebol), e faço parte de um grupo de profissionais que iniciaram esta função”, disse para Uol Esporte.

Reforços no Aeroporto

A passagem do executivo pelo Internacional foi marcado por várias formas. Em uma de suas declarações após deixar o clube, disse que chegou a buscar as novas contratações no aeroporto.

“Com Pato Abbondanzieri (ex-Boca Juniors), D’Alessandro, Tinga quando voltou, todos os jogadores que chegavam ao Inter, eu era responsável por fazer a recepção no aeroporto, buscar e levar ao clube para assinar contrato e coisas do gênero. Normalmente fazia isso no meu carro”, declarou Drummond, em entrevista ao Uol Esporte.

Preferência por técnicos Brasileiros

Em uma entrevista realizada em dezembro de 2021 para ESPN, o novo “homem forte” do futebol do Santos comentou sobre a presença de tantos técnicos estrangeiros no Brasil. Para ele, faz parte de um “modismo” e elogiou Abel Braga, que anunciou aposentadoria recentemente.

“Eu acho um pouco modismo. Nós temos o exemplo do Internacional, que trouxe o Miguel Ángel Ramírez e que não teve sucesso nenhum. Nós temos, claro, o caso do Jorge Jesus, o Vojvoda, que talvez seja o maior destaque, para mim. Porque pegou um time ‘comum’, no sentido de não ter nenhum jogador de grande destaque, mas é um time que joga, um conjunto muito bem armado e articulado. Eu acho que é um pouco de modismo”, comenta.

“Acho que é um pouco de decepção, também, com os brasileiros, que pedem muito e entregam pouco, sem generalizar. Aí, o Jorge Jesus, o Abel deram certo, então, vamos procurar estrangeiros. Acho que é modismo, não tem uma convicção. Nós temos o caso do Cuca, campeão com o Atlético-MG, liderando de ponta a ponta e sem dar chance pra ninguém, jogando um bom futebol o tempo inteiro, sem aquelas quedas que tem, às vezes. Ano passado, o Internacional trouxe o Abel [Braga] e foi vice-campeão com um time ‘comum’, também, só não foi campeão, na minha opinião, por um erro de arbitragem. Então, acho que temos que olhar com cuidado para os técnicos estrangeiros. Acho que o olhar tem que se ampliar, como está se fazendo, mas com critério”, concluiu Drummond.

E as SAFs?

Chumbinho, como é popularmente conhecido, é a favor da SAF – Sociedade Anônima do Futebol -, que é um modelo especial de constituição de empresas voltada para o futebol no Brasil. Em entrevista para o UOL Esporte, ele comentou sobre a nova modalidade.

“Quero voltar a trabalhar em clube. Procuro sempre me atualizar e estou à disposição. Agora temos as SAF’s, que é um fato novo, que alguns clubes já aderiram e outros estão buscando se habilitar para isso. É um novo momento do futebol brasileiro, uma transição, que tenho certeza que irá valorizar a figura do executivo de futebol, pois busca uma estrutura de departamento totalmente profissional e com objetivos claros de desempenho técnico e financeiro. Estou preparado e trabalhando, me atualizando, para, no momento adequado e certo, poder assumir a pasta de um grande clube brasileiro”, aponta.