Bustos deixou o comando técnico do Santos (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

Após 132 dias no comando, o técnico Fabián Bustos foi demitido do Santos. Ele resistia mesmo com apenas uma vitória em 12 jogos, goleada sofrida clássico para o Corinthians e uma sequência de sete jogos sem vencer na Vila. Porém, após a eliminação para o Deportivo Táchira, na Vila Belmiro, a conta chegou.

O treinador veio ao futebol brasileiro com confiança de quase todo o Comitê de Gestão do clube. Em um calendário apertado, Bustos conseguiu fazer o Peixe avançar da primeira fase na Copa Sul-Americana – com time misto em quase todos os jogos – e também eliminou o Coritiba na Copa do Brasil.

Os dias se passaram e os problemas começaram aparecer. Bustos sempre foi um treinador intenso e, em certos momentos, considerado “teimoso”. O treino na parte da manhã desagradou boa parte do elenco, principalmente em dias após longa viagem, como foi para Venezuela. O argentino não abriu mão.

Apesar disso, Bustos não foi “fritado” pelo elenco. O dia a dia do clube era bom, apesar da insatisfação em alguns aspectos por parte dos jogadores. Outros atletas gostavam e viam com naturalidade algumas exigências, principalmente tratando-se de um treinador estrangeiro.

Um dos jogadores insatisfeitos com Bustos era o zagueiro Emiliano Velázquez, que já deixou o clube. Para ele, faltava critério ao treinador. Na goleada sofrida pelo Corinthinas, na Neo Química Arena, o defensor fez algumas atividades entre os titulares, mas não jogou. Na partida seguinte, o uruguaio foi titular e, em sua leitura, fez um bom jogo.

Na outra semana, Velázquez viajou para a Venezuela e não saiu do banco de reservas. Foi a gota d’água. O jogador procurou a diretoria do Santos e pediu para sair. O ex-camisa 61 entendia que seu trabalho estava sendo prejudicado e para não piorar a situação, preferiu deixar o clube da Vila.

Parte do CG santista começou a se incomodar com tantas desculpas nas coletivas. Haviam erros claros contra o Santos em arbitragem, de fato, mas começou a se tornar um argumento em todos os jogos. O discurso de “mesmo com a derrota, jogamos de igual para igual” também não foi suficiente. O Peixe fez bons jogos contra Palmeiras e Athletico, mas não saiu vencedor.

E esse bom rendimento deixou de acontecer para os membros da diretoria do Santos. Jogos contra o Juventude, em que venceu por 2 a 1, não foi considerado bom. Contra o Red Bull Bragantino, a equipe abriu 2 a 0, mas levou o empate. Os dois jogos contra o Táchira também deixaram a desejar. Contra o Flamengo, após a derrota por 2 a 1, muitos no clube já consideravam o treinador “demitido”.

No domingo, o então executivo de futebol do Santos, Edu Dracena, estava convicto que o melhor se fazer no momento era a saída de Bustos. O CG do clube, dividido, acabou decidindo manter o treinador com o seguinte recado: uma eliminação para o Táchira na Sul-Americana é inaceitável. E a eliminação acabou vindo.

Junto com o treinador, outros nomes saíram: os auxiliares Lucas Ochandorena e Carlos Caicedo, o preparador físico Marcos Conenna. Edu Dracena pediu demissão do cargo de executivo de futebol. O trabalho do ex-capitão também vinha recebendo questionamentos internos e a situação era insustentável há algum tempo.