Willian Bigode e Mayke se enfrentaram no Clássico da Saudade durante o Paulistão 2024 (Foto: Divulgação)

O atacante Willian Bigode, do Santos, está enfrentando uma ação judicial movida por seus ex-companheiros de Palmeiras, Mayke e Gustavo Scarpa. Os dois jogadores alegam terem sido induzidos por Willian a investir R$ 10,4 milhões na Xland Holding Ltda, através da empresa WLJC Gestão Financeira, de propriedade do atacante. A Xland prometia retornos mensais elevados, mas quando Mayke e Scarpa tentaram resgatar os valores investidos, foram surpreendidos ao descobrir que a empresa não cumpriria o acordo.

Willian, por sua vez, afirma que também foi vítima da Xland, alegando ter perdido R$ 17,5 milhões no mesmo esquema. A defesa do jogador entrou com um pedido na Justiça para que ele seja isentado de qualquer responsabilidade no contrato firmado entre Mayke e a Xland. Os advogados de Willian sustentam que ele não obteve nenhum benefício financeiro das transações e que, assim como os outros jogadores, foi lesado pela empresa de criptomoedas.

Em uma decisão anterior, o juiz Christopher Alexander Roisin, da 14ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou que o Santos deposite em juízo 30% dos valores pagos mensalmente a Willian Bigode, até que o processo seja resolvido. Essa determinação abrange salários, bonificações e direitos de imagem do jogador.

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A defesa de Willian contestou essa medida, argumentando que o valor inicialmente bloqueado de R$ 7,8 milhões é excessivo e pedindo que seja reduzido para R$ 2,1 milhões, valor que, segundo eles, corresponde ao montante comprovadamente investido por Mayke.

Os advogados de Willian também buscaram redirecionar parte da responsabilidade para outro sócio da Xland, que teria atuado na promoção do projeto financeiro aos jogadores. A inclusão desse sócio no processo, segundo a defesa, é essencial para esclarecer o papel de cada um dos envolvidos no esquema. Além disso, a defesa argumenta que a disputa contratual entre Mayke e a Xland deveria ser resolvida na Câmara de Arbitragem, conforme estipulado no contrato, e não no Poder Judiciário.

Um aspecto interessante abordado pela defesa é a relação pessoal entre os jogadores. Segundo os advogados, a esposa de Mayke, Rayanne, teria procurado a esposa de Willian, Loisy, no início da pandemia de Covid-19, buscando informações sobre investimentos que pudessem ajudar em sua situação financeira. A partir desse contato, Rayanne manifestou interesse em conhecer a consultora financeira que assessorava Willian. Foi assim que a consultora Camila Moreira de Biasi, responsável pelos mesmos investimentos feitos por Willian, acabou sendo apresentada à esposa de Mayke.

A defesa de Willian Bigode também contesta o uso do Código de Defesa do Consumidor no caso, argumentando que Mayke não é um consumidor típico, mas sim um investidor experiente que realiza grandes operações financeiras. Esse ponto é crucial para a defesa, pois busca afastar a ideia de que Willian teria uma responsabilidade fiduciária em relação aos investimentos de seus ex-companheiros de clube.