
Deivid marcou seu primeiro gol pelo profissional do Santos diante do Bahia (Crédito: Raul Baretta/Santos FC)
O atacante Deivid chamou a atenção nos primeiros jogos no profissional atuando como um autêntico camisa 9, mas quando chegou ao Santos ele não gostava muito de atuar como centroavante e chegava a chorar quando tinha de jogar fora da posição que mais gostava, que era pelo lado esquerdo do ataque.
Indicado ao clube pelo ex-ídolo Marcos Assunção, Deivid chegou ao Santos no Sub-11. Fez oito jogos e não marcou gol no Campeonato Paulista da categoria em 2016. Atuava com a camisa 11, aberto pelo lado esquerdo. No Sub-13, foi comandado pelo técnico Sergio Amaral, que lembra da “insatisfação” do garoto na mudança de função e de um conselho que deu para o jogador.
“Sabia do seu potencial e me lembro de uma frase que disse a ele, que ele não podia querer ser especialista em uma posição só com apenas 13 anos, que ele precisava aprender a jogar pela direita e de centroavante. E falei que não adiantava ficar com cara de choro. Vai ter de aprender a jogar em todas porque, quando chegar no profissional e o treinador pedir para você jogar de 9, você não pode falar para ele que só sabe jogar na esquerda. Ele só queria jogar pela esquerda no Sub-13. Eu colocava ele em outras posições e ele ficava bicudo, às vezes chorava. Mas faz parte, era apenas uma criança”, lembra Sergio Amaral.

Deivid comemora gol com a 11 do Santos. Ele gostava de atuar na esquerda (Crédito: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/SantosFC)
Deivid não foi titular absoluto da equipe no Campeonato Paulista Sub-13 de 2018. Disputou 15 partidas e também não fez gol. Em 2019, no seu primeiro ano na categoria Sub-15, o garoto também não conseguiu se firmar entre os titulares e participou de 13 jogos no Paulista da categoria.
Em 2020, devido à pandemia do coronavírus, a Federação Paulista de Futebol não realizou torneios nas categorias Sub-15 e Sub-17. O Santos, então, decidiu promover alguns talentos das categorias menores para o Sub-20 para que eles seguissem no processo de formação sem interrupção. Deivid foi um dos escolhidos, mas como o próprio jogador admitiu ao DIÁRIO, ele sentiu uma dificuldade física na categoria. Ele tinha apenas 15 anos.
Com o fim da pandemia, Deivid voltou ao Sub-17 para trabalhar com o técnico Gabriel Bussinger.
“Ele chegou como atacante de beirada, como ponta-esquerda e jogando com a perna direta para dentro, que é onde ele mais se sentia confortável. Deivid chegou para mim, fui conversar com o atleta e, para minha surpresa positiva, vi um garoto muito humilde. Muitas vezes os garotos descem do Sub-20 para o Sub-17 sem estar com a cabeça boa. Foi um garoto que quando desceu estava com a cabeça boa, coração aberto e aquilo que nós da comissão falávamos ele ouvia as instruções e direcionamentos. A primeira impressão foi muito positiva, querendo aprender e se desenvolver e muito humilde, sabendo se portar”, lembra Gabriel Bussinger.
Com o treinador, Deivid se firmou como centroavante e passou a se destacar. Fez oito gols em 18 jogos, mesmo sendo do primeiro ano da categoria, na campanha no Paulista.
“A primeira impressão tática é que ele era um jogador muito talentoso na relação com o gol, tinha facilidade de marcar. Às vezes, quando a bola não estava no raio de ação dele, buscava pouco e quando chegava no pé dele fazia grandes jogadas. Participava pouco e desfocava, parecia sumido e quando pegava na bola aparecia. Era a impressão que tínhamos dele na ponta. Como ele tinha muita qualidade, quanto mais perto do gol e mais próximo do centro do jogo, mais ele participaria. Aí surgiu a ideia de centralizar ele, tirar da ponta e colocar como centroavante. Na época tinha outro jogador promissor, que era o Alison na posição, mas ele não estava se dedicando tanto e o Deivid passou a ser mais decisivo. Foi artilheiro nos torneios que disputamos e se destacou”, cita Gabriel Bussinger.

Deivid camisa nove e capitão no Sub-17 do Santos (Crédito: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/SantosFC)
Em 2022 veio a consolidação do garoto. Se dividindo entre o Sub-17 e o Sub-20, Deivid fez 23 gols em competições promovidas pela Federação Paulista e passou a ter status de grande promessa da base santista, sendo citado até na tradicional lista do The Guardian de maiores promessas do futebol mundial.
“Ele oscilava bastante no início, quando chegou no sub-17. Se você pegar os números dele nesse período, vai ver a evolução. Faz parte do processo de formação na base. No último ano, em uma das conversas, deixei claro para ele que precisava ser uma das nossas referências positivas da equipe e ser protagonista no ataque na categoria, e da sua importância para o grupo, cobrando uma melhora na sua postura dentro e fora de campo. Ele entendeu e colocou em prática junto com todos os atletas nascidos em 2005/2006. Fizeram uma temporada positiva, com o Deivid sendo artilheiro da equipe em todas as competições que participamos”, explica Elder Campos, que comandou o atacante no segundo ano no Sub-17.
Neste ano, Deivid disputou a Copa São Paulo de juniores, mas sofreu com problemas musculares. Ficou muito tempo em uma processo de fortalecimento muscular. No profissional, já tem cinco jogos e um gol marcado. Neste domingo, será o “camisa 9” do Santos diante do Vasco, em São Januário, pelo Campeonato Brasileiro.

Deivid comemora gol com soco no ar em homenagem a Pelé na Copinha (Crédito: pedro Ernesto Guerra Azevedo/SantosFC)
Dessa vez, ele não vai chorar. Se repetir a atuação da vitória diante do Bahia, tem tudo para sorrir. E, por consequência, fazer o torcedor do Santos sorrir.
O que os técnicos falaram sobre Deivid:
“Um garoto de ótima qualidade, apesar de ter muito a aprender. Um bom perfil, bom cabeceio, finaliza muito bem”, Sérgio Amaral, técnico no Sub-13.“A minha projeção do Deivid é jogador de Seleção Brasileira, que vai bater nas quatro principais ligas do mundo. Jogador que tem prazer em jogar, sempre foi muito humilde e escutou os treinadores. Esteve aberto a ouvir, não é mala… É mais um raio que cai, um menino da vila e vai dar muitas alegrias ao Santos”, Gabriel Bussinger, técnico no primeiro ano de Sub-17.
“O Deivid sempre me chamou atenção pelo seu perfil. É um atleta com passadas largas, rápido e com conexão com o gol. O Deivid sempre foi um atleta disciplinado e aberto às orientações, seja nos comentários positivos e negativos”, Elder Campos, técnico no segundo ano de Sub-17 e no Sub-20.
SIMPLESMENTE UM GÊNIO DE CENTROAVANTE
Ele lembra o Kaká no jeito de jogar. Joga fácil. Grande promessa. Tem estilo diferente do ML, que é mais forte fisicamente e progrediu coletivamente, com um bom número de assistências