Schalka saiu do Comitê de Gestão do Santos em abril (Crédito: Reprodução)

Walter Schalka, ex-membro do Comitê de Gestão do Santos, admitiu que o clube cometeu erros no futebol, mas elogiou a Gestão Rueda, em entrevista ao Globo Esporte. O empresário e presidente da Suzano SA, empresa do ramo de papel e celulose, saiu do CG no início de abril pela grande carga de trabalhos profissionais.

“Eu costumo dizer que temos de erguer um busto para o Rueda. Uma pessoa que trabalha das 8 da manhã às 2 da manhã do dia seguinte, que acabou colocando recursos pessoas antes de ser eleito para resolver o transferban. Tem feito enorme evolução no clube. Se me perguntar onde está o erro dessa gestão: o erro central está em não ter um departamento de scout adequado. Ligado ao presidente. Não ao técnico de plantão, não ao diretor da área de plantão. Quando se coloca isso, você toma decisões pensando no clube”, afirmou.

“E não adianta quando entra um técnico, ele falar que tem de contratar o Angulo, o Julio, o Goulart, isso… E aí ficamos errando mais do que acertando. O que temos de ter é um departamento de scout forte que tome as decisões e fale “aqui vamos colocar dinheiro, aqui não vamos colocar dinheiro”. Para minimizar os erros. Eu acho que esse foi um erro cometido porque diretores que passaram queriam centralizar processo de decisão. Os responsáveis pela área de gerência de futebol queriam centralizar neles esse processo de decisão. Quando você deixa o departamento de scout diretamente ligado ao presidente e não ao gerente, você tira poder daquela área. E minha recomendação é que isso aconteça, porque não dá para ficar tomando decisão na pressão que se tem para tomar decisões com uma falta de informação adequada para tomar decisão.”, ressaltou o empresário.

Schalka falou sobre a passagem de Edu Dracena, ídolo e ex-jogador do Santos, como executivo de futebol. Ele revelou que indicou o nome do Dracena, avaliou o trabalho e criticou as sugestões de contratações do ex-dirigente.

“O Edu foi um jogador muito querido por todos nós. Quando foi campeão da Libertadores, naquele momento eu era dirigente do Santos. Fizemos um jantar na minha casa e ele foi na minha casa para celebrar a Libertadores. E fui eu que sugeri o nome do Edu como dirigente. Precisávamos de alguém que mexesse no vestiário e conseguisse levar o Santos para um patamar adequado. E era importante para ele, que tinha uma posição menor no Palmeiras. Fui eu que sugeri o nome dele”, contou ao GE.

“Eu acho que ele começou bem, mas aí o desempenho dele nas contratações não foi adequado. Foi sugestão dele o Auro, o Goulart, o Maicon, que eu repito, é um excelente zagueiro, mas não joga, tem um salário elevado. Ele errou nas contratações e, por isso, não posso falar que a gestão dele foi positiva”, acrescentou.

O empresário foi criticado pela torcida por decisões publicadas nas atas das reuniões do Comitê de Gestão do Santos. Preocupado com o lado financeiro, Schalka foi contra a renovação do goleiro João Paulo e de outras contratações do clube. Ainda na entrevista, defendeu suas escolhas nas votações.

“Eu errei em alguns votos, mas acertei mais do que errei. Eu fui contra o Diego Tardelli. Acho que acertei. O Tardelli não representou absolutamente nada ao futebol do Santos. Eu fui contra o Léo Baptistão. Ótima pessoa, tenho nada contra ele, mas o salário dele não é compatível com o desempenho dele no campo. Eu fui contra o Ricardo Goulart.”, disse.

“Fui contra o Maicon, é um excelente atleta; toda vez que entra, joga bem, mas ele quase não joga. Joga uma e fica machucado em cinco. O custo-benefício é o que analiso. Eu errei em alguns casos. Errei no caso do Angulo, em que eu votei a favor. Acertei em alguns e errei em outros Mas no futebol é assim. O que não podemos é ficar só olhando para o passado e criticando os votos. Sobre o João Paulo, ele é meu ídolo como goleiro, sou fanático por ele como goleiro, mas ele tinha um contrato em curso. Qual é a lógica de dar aumento salarial para um atleta? Um clube que não tem dinheiro para pagar salário.”, completou.

Atualmente, o Comitê de Gestão do Peixe é composto pelo presidente Andres Rueda, o vice-presidente José Carlos de Oliveira, Dagoberto Oliveira, Rafael Leal, Thomaz Côrte Real e Renato Hagopian. Faltam, agora, três membros para ficar completo. Além de Walter Schalka, José Berenguer e Vitor Sion também pediram desligamento do CG neste ano, além da saída de José Renato Quaresma ano passado por questões de saúde.