Por Ana Canhedo, especial para o DIÁRIO DO PEIXE
O empresário Átila Rodrigues cobra do Santos cerca de R$ 1,6 milhão pela intermediação das negociações entre clube e Caixa Econômica Federal desde 2015. O DIÁRIO DO PEIXE teve acesso a uma carta redigida pelo agente e endereçada ao então presidente Modesto Roma Júnior em março do ano passado na qual ameaça até mesmo ir à Fifa contra o Alvinegro para receber o valor. Uma ação na Justiça não está descartada.
Átila alega ter sido o responsável por aproximar o Santos da então presidente do banco estatal, Miriam Belchior, exonerada do cargo em maio de 2016. De acordo com documentos, trocas de e-mails e passagens áreas (compradas pelo Peixe por R$ 2.631,30) obtidos pela reportagem, o empresário esteve em Brasília em julho de 2015 a mando do clube e acompanhado de Paulo Verardi, então gerente de marketing do Alvinegro e hoje gerente de confecção e varejo da gestão de José Carlos Peres, para se reunir com os dirigentes da Caixa.
Um documento assinado por Modesto e por José Ricardo Tremura, gerente executivo jurídico do Peixe (veja ao lado), autorizava Átila a negociar em nome do Santos não só com a Caixa, mas também com a Nissan Motor e com o grupo Cassino, da França. O documento, firmado em julho de 2015, ressaltava que a autorização era válida por apenas 90 dias – até outubro de 2015, portanto. O primeiro acordo entre Santos e Caixa só foi assinado em outubro de 2016, extrapolando, assim, em um ano o prazo previsto na ata.
A distância de tempo entre o contrato com o empresário e o primeiro acordo com a Caixa é justamente o argumento de Modesto Roma Júnior. De acordo com o ex-presidente, Átila “quer tirar dinheiro do clube sem ter direito a fazê-lo”. Já o empresário alega que contatou o ex-dirigente diversas vezes desde outubro de 2016 e que Modesto sempre se esquivou de conversar e de cumprir com o acordo.
O deputado federal Ricardo Izar (PP-SP) foi quem, segundo Modesto, ajudou o Santos a chegar a um acordo com a Caixa, “sem cobrar nada por isso”.
Enquanto isso, o empresário alega que na época foi orientado por Verardi a “não ajudar na parte comercial” da negociação e entendeu, assim, que já havia sido concluída “sua missão” ao aproximar o Alvinegro de Belchior. Por isso, os 90 dias seriam irrelevantes no caso. Afinal, deixou “gentilmente” Verardi dar sequência ao trabalho internamente. Procurado, Verardi não quis se manifestar sobre o caso.
E a gestão atual?
Procurado pelo DIÁRIO DO PEIXE, o Santos não se manifestou. Mesmo assim, Átila garante que vai buscar o atual presidente José Carlos Peres para tentar um acordo antes de ingressar com a ação na Justiça. Atualmente, o Santos negocia uma renovação contratual com a Caixa. Peres já deixou claro que não renovará pelos atuais valores – segundo o acordo firmado em março de 2017, o Peixe poderia receber até R$ 16 milhões da patrocinadora máster em cota fixa e bônus para ter a marca do banco estampada em sua camisa por um ano. Antes, de outubro a dezembro de 2016, já havia recebido outros R$ 2 milhões.
Confira a cronologia do caso:
24 abril de 2015 – Átila Rodrigues solicita, por e-mail, reunião com Miriam Belchior, então presidente da Caixa Econômica Federal. Comitê Gestor do Santos é notificado.
15 de junho de 2015 – A então secretária executiva da Caixa, Patrícia Nascimento, avisa que a reunião será agendada em Brasília com o superintendente nacional do banco, Gerson Bordignon, no dia 8 de julho.
26 de junho de 2015 – Gerente de marketing do Santos à época, Paulo Verdardi solicita os dados de Átila Rodrigues para emitir passagens aéreas, pagas pelo clube, para a viagem a Brasília.
3 de julho de 2015 – Por e-mail, Átila solicita a Modesto Roma Júnior e Paulo Verardi sete camisas autografadas do Santos para entregar durante a reunião com a Caixa.
3 de julho de 2015 – Verardi responde o e-mail dizendo que “não há condições para tal e nem é bom. Vamos levar uma camisa do Santos apenas”.
9 de julho de 2015 – Verardi comunica a presidência do Santos por e-mail que a negociação “evoluiu bem. As perspectivas são promissoras.”
14 de julho de 2015 – Átila solicita à Caixa o envio de documentos necessários para o patrocínio máster.
15 de julho de 2015 – Verardi avisa que “nada prejudicará o teu ganho pela abertura de portas” a Átila, depois que o empresário cogita oferecer outros patrocínios ao clube.
17 de julho de 2015 – Átila envia minuta ao clube na qual é autorizado a negociar pelo Santos.
***Na minuta, não há prazo. No documento firmado, o prazo da autorização é de 90 dias.
31 de julho de 2015 – Átila reclama do prazo de 90 dias. Verardi “dispensa” o empresário e agradece pelos serviços prestados.
8 de setembro de 2015 – Átila solicia ao Departamento Jurídico do clube a prorrogação da autorização. Verardi já não era mais funcionário do Santos.
Outubro de 2015 – De acordo com o prazo do contrato, Átila perde o direito de negociar pelo Santos.
Outubro de 2016 – Santos acerta patrocínio máster curto com a Caixa (até o final da temporada) por R$ 2 milhões.
Outubro de 2016 – Átila envia e-mails a Modesto buscando receber pela intermediação do negócio.
Março de 2017 – Santos renova com a Caixa por R$ 16 milhões. Átila envia carta a Modesto na qual ameaça até mesmo ir à Fifa caso não receba o valor que entende lhe ser de direito.
Só com o Santos mesmo era bem típico do modesto sempre colocar intermediário em todo o negócio que fazia
Auditoria já. Essa turma do Omelete deitou e rolou com o Santos
Bom o Peres falou que iria fazer auditoria, que a transparência seria sua marca.
Até agora não vi nenhuma coisa nem outra.
É ridículo…….sem comentários
Vamos mudar o título da matéria para: “Empresário e clube não se entendem durante farra com dinheiro público.”
Inacabável essa dívida do Santos!
Todo dia aparecendo podres das administrações do ex presidentes!
Não tem nenhuma punição?
Isso que gostaria de saber!!