Adilson Batista comandou o Santos em 2011, mas foi demitido após 11 jogos (Crédito: Ricardo Saibun/ SantosFC)

O Santos encara o Botafogo-SP, nesta quarta-feira (26), na Vila Belmiro, pelo joga da volta na terceira fase da Copa do Brasil. No confronto, o Peixe volta a reencontrar um personagem polêmico em uma das páginas mais importantes de sua história recente: Adilson Batista.

Em 2011, o Peixe foi campeão da Copa Libertadores da América, e o nome no banco de reservas era Muricy Ramalho. Mas, quem começou essa história foi o atual técnico do Botafogo-SP. Para relembrar, precisamos voltar em setembro de 2010.

Após uma confusão histórica entre Neymar, a diretoria do Santos e o então técnico Dorival Jr., ficou decidido que o treinador deixaria o comando da equipe. Isso aconteceu no dia 22 de setembro. Menos de um mês depois, em reunião entre Luís Álvaro de Oliveira, então presidente do clube, ficou acertado a contratação de Adilson Batista para 2011.

Adilson Batista e Neymar em treino do Santos em 2011 (Crédito: Ricardo Saibun/ SantosFC)

Busca por reforços

O mercado de transferência do Santos foi considerado positivo: além da volta de Elano, o Peixe trouxe o goleiro Aranha, o atacante Diogo, à época preterido por grandes clubes, e dois reforços com aval do treinador: volante Charles e o lateral Jonathan.

O lateral-direito precisou conviver com diversas lesões, mas foi titular enquanto esteve 100%. Em julho, acabou sendo negociado com a Inter de Milão e não chegou nem a disputar o Mundial de clubes. O lateral disputou 20 jogos e marcou dois gols.

Já o volante Charles que chegou com status de grande contratação e assumiu a camisa 7, não apresentou o esperado. No meio da temporada, foi envolvido em uma negociação com o volante Henrique e retornou ao Cruzeiro.

Mesmo com bom aproveitamento, treinador foi demitido

O que parecia ser uma lua de mel, durou pouco. O Santos só foi ter a primeira derrota em seu décimo jogo na temporada, quando perdeu o clássico contra o Corinthians por 3 a 1. O grande problema é que apesar de não perder, a equipe empatava muito.

Na estreia da Copa Libertadores da América, ficou no 0 a 0 com o Deportivo Táchira. No torneio regional, empatou com São Caetano, Ponte Preta, Santo André e o último jogo no comando santista, empate em 1 a 1 com o São Bernardo na Vila Belmiro. Seus últimos três jogos foram marcados por dois empates e uma derrota. Foi a gota d’água.

Adilson Batista, Luis Álvaro de Oliveira e Pedro Luiz Nunes Conceição (Crédito: Ricardo Saibun/ SantosFC)

‘Cafezinho’ gerou incômodo

Adilson Batista passou a conviver com críticas em seu dia a dia não pelos resultados e sim pelo futebol apresentado. Com a sombra do bom início santista em 2010, com um time que encantou o Brasil, o treinador deu entrevistas dizendo que vivia outra realidade, com jogadores indo para Seleção e departamento médico.

A derrota para o Corinthians resultado em um cartaz em frente uma tradicional padaria da cidade de Santos: “Muito faz quem não estorva. Fora Adilson Batista”. O treinador não se calou e rebateu a provação.

“Estou tranquilo. Vamos procurar fazer um bom futebol, vencer o jogo (contra o São Bernardo) e aí na segunda-feira vamos lá nessa padaria tomar um café”, disso o treinador na véspera do jogo.

Adilson Batista foi criticado por parte da torcida (Crédito: Agência Estado)

O problema é que a vitória não veio, o treinador ouviu vaias ao término do jogo e não resistiu à pressão: foi demitido no domingo em reunião com o departamento de futebol do Peixe. Ao todo, conquistou 60,6% dos pontos disputados, seu time fez 23 gols e sofreu 13.

“Os números estatisticamente falando são números de campeão, mas o desempenho do time não vinha correspondendo. Não temos a certeza de que tomamos a melhor decisão, o tempo é o senhor da razão”, afirmou o então diretor de futebol, Pedro Luiz Nunes Conceição.

Chegada de Muricy não agradou a Adilson Batista

Uma semana depois, o Santos anunciou a contratação do técnico Muricy Ramalho para comandar a equipe. Tempos depois, em entrevista ao GE, Adilson Batista mostrou insatisfação com a escolha, não pelo nome em si, mas por achar que o Peixe já tinha algo encaminhado com o treinador e acelerou sua saída.

“Eu acho que faltou paciência. Tínhamos desfalques, teve a derrota para o Corinthians que eu gostaria de ter jogado com time misto, e a diretoria não… Porque antes teve o jogo contra o Táchira, eu queria recuperar os jogadores. Tivemos muitas dificuldades. O Léo e o Elano foram importantes. Acho que já estavam esperando o Muricy”, disse Adilson Batista.

No fim, o Santos foi campeão da Copa Libertadores da América daquele ano, além do Campeonato Paulista. Adilson Batista assumiu o comando do Athletico-PR naquele ano e durou apenas dois mesmos no cargo. No mesmo ano ainda comandou o São Paulo, mas também teve vida curta no comando e foi demitido após 22 partidas, sendo sete vitórias, nove empates e seis derrotas.

O treinador rodou o Brasil depois desses episódios passando por Atlético-GO, Figueirense, Vasco da Gama, Joinville, América-MG, Ceará, retorno ao Cruzeiro e Londrina, sem sucesso ou títulos. Antes de assumir o Peixe, o treinador teve uma passagem ruim no Corinthians, com 17 jogos, com sete vitórias, quatro empates e seis derrotas.

Em 2020, em período da pandemia da Covid-19, a TV Globo reexibiu a final da Copa Libertadores de 2011 vencida pelo Santos contra o Peñarol por 2 a 1, no Pacaembu. Adilson Batista participou apenas de um jogo no campeonato, e falou ao GE sobre a conquista.

“De verdade, não sinto (campeão). Eu fiquei muito chateado”, limitou-se a dizer.

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