Faixa colocada por torcedores do Santos no Morumbi (Crédito: Reprodução Facebook Torcida Jovem)

No dia 31 de março de 1964, o Brasil ficou marcado pelo golpe que iniciou uma ditadura militar no país. O regime provocou um fato até então impensável: a união das torcidas organizadas de Santos e Corinthians.

Em 1979, as greves operárias explodiam no ABC Paulista e a sociedade civil organizada começou a pedir Anistia aos presos políticos e aos exilados. Foi criado o Comitê Brasileiro pela Anistia, com o slogan “Anistia, ampla geral e irrestrita”.

Em fevereiro daquele ano, em um clássico entre Santos e Corinthians, torcedores abriram uma faixa pedindo Anistia no meio da Gaviões da Fiel. A notícia saiu no caderno de esporte da Folha de São Paulo.

No clássico entre Santos e Palmeiras, uma faixa ainda maior foi estendida no meio da torcida do Santos. A faixa ficou aberta por alguns minutos apenas, o suficiente para o registro fotográfico. Ela foi parar na primeira página da Folha de São Paulo.

O jornal informou que dois torcedores foram presos e levados ao DEOPS enquanto outros foram detidos para averiguações, entre eles diversos diretores da Torcida Jovem e das outras torcidas organizada do Peixe. Há relatos que o narrador Osmar Santos impediu que alguns torcedores fossem presos. As informações são de Guilherme Nascimento, da ASSOPHIS.

Em 1984, as duas torcidas se uniram novamente. Na campanha das diretas, os santistas se fizeram presentes novamente. No comício do Anhangabaú a bateria da Torcida Jovem desceu a Brigadeiro para animar a festa, assim como a bateria da Gaviões da Fiel.

A Torcida Jovem publicou um texto sobre o período em sua página no Facebook nesta quarta:

Neste 31 de março, recordamos com profundo repúdio um dos períodos mais vergonhosos do Brasil, a data que marca os 57 anos do golpe civil-militar de 1964, responsável por instaurar uma ditadura que assolou o país durante 21 anos. Em 1969, no momento mais violento do regime, foi fundada a Torcida Jovem do Santos.

É importante ressaltar esse contexto para destacar que a Jovem, composta em sua maioria pela grande massa oprimida na ditadura, protagonizou diversas lutas dentro e fora das arquibancadas em busca de direitos sociais e da restauração da liberdade de expressão do povo brasileiro. Foram tempos difíceis, marcados por perseguições violentas aos movimentos populares, prisões, assassinatos, supressão de direitos e por um regime economicamente centralizador e burocrático, que jogou o Brasil numa profunda dívida externa e submissão aos interesses do capital internacional.

Participamos de forma contundente de atos importantes no combate à repressão, como o da Anistia Ampla Geral e Irrestrita, que pedia liberdade aos presos políticos e o do Diretas Já, que exigia o retorno do voto direto na política do Brasil. Além das nossas tradicionais bandeiras de apoio ao Santos, levantar qualquer mensagem de combate ao regime militar na arquibancada era um ato de extrema coragem.

Inúmeras vezes, enquanto a polícia perseguia nossos integrantes por conta das faixas de protesto, a torcida santista gritava “É Anistia! É Anistia!”, numa demonstração de apoio ao legítimo ato de resistência e insatisfação com a ditadura.

No dia de hoje, resgatamos esse momento histórico com consciência e firmeza, para jamais esquecer o passado e nem permitir que períodos semelhantes voltem a fazer parte do cotidiano da nossa gente.

Aproveitamos a ocasião para saudar todos aqueles que foram perseguidos, encarcerados e mortos por defenderem o ideal de liberdade tão celebrado pela nossa agremiação. Hoje e sempre, uma história marcante! Ditadura nunca mais!

Torcida Jovem do Santos