Dicá fez quatro gols em 29 partidas com a camisa do Santos (Crédito: Arquivo pessoal)

O Santos enfrenta a Ponte Preta na noite desta quarta-feira, às 21h30min, no Moisés Lucarelli, em Campinas, em partida válida pela quinta rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. O jogo terá transmissão no canal do DIÁRIO no Youtube, com narração de Caio Ruscillo e comentários de Laura Marcello.

Muitos santistas nem se lembram, mas o maior ídolo da história da Ponte Preta, Dicá, teve uma passagem frustrante pelo Santos de Pelé no começo da década de 70. Exímio cobrador de faltas, o meia ganhou muito destaque no time do interior, especialmente em 1969 e 1970. Diversos clubes grandes do futebol brasileiro tentaram a contratação do jogador, como Botafogo e Fluminense.

No entanto, em 1971, o jogador foi emprestado por três meses pela Ponte Preta ao Santos. Chegou na Vila Belmiro no dia 18 de julho, data da despedida do Rei Pelé da Seleção Brasileira. Três dias depois, o garoto do interior já viajava com o Peixe para uma excursão México, Canadá e Estados Unidos. Foi titular nos cinco amistosos que o Santos fez na viagem.

Nos primeiros jogos, Dicá recebeu presentes e elogios do Rei Pelé. Marcou o primeiro dos quatro gols pelo Santos em uma vitória por 3 a 1 sobre o São Paulo e foi eleito o melhor em campo no clássico.

“De novo, Dicá rouba os aplausos de Pelé”, publicou o jornal Gazeta Esportiva, em sua edição de 15 de agosto.

Durante a passagem pelo Santos, Dicá morou nos alojamentos da Vila Belmiro e depois dividiu apartamento com Clodoaldo. Tinha o respeito dos jogadores, que chegaram a comemorar a contratação. De alguns, como Edu e Manoel Maria, é amigo até hoje.

Mas as primeiros impressões não foram definitivas. Dentro de campo, Dicá teve de atuar em uma posição em que não estava muito acostumado, como um segundo volante, e não conseguiu de adaptar. No livro Mestre Dicá, escrito por André Pécora e Stephan Campineiro, o ex-jogador admite um desempenho abaixo do esperado na Vila.

“Eu não rendi no Santos quarenta por cento do que rendia na Ponte Preta. E fui o grande culpado por isso”, afirmou.

Dicá se culpa por ter “perdido a batalha” para o deslumbramento de um garoto ainda jovem do interior, com bom salário, com trânsito nos principais pontos de uma cidade atraente como Santos e próximo do Rei Pelé. Gostava de uma cervejinha. Por vezes chegou a chegar ao treino “direto da noite”. Irritou o então preparador físico Julio Mazzei e foi cobrado até pelos próprios companheiros.

O Santos chegou a renovar o empréstimo de Dicá por mais três meses, mas sem desempenho em campo e com problemas fora dele, o clube optou por não contratá-lo em definitivo. A passagem do e-meia pela Vila Belmiro durou apenas 29 partidas.

“Dicá teve uma passagem frustrante pelo Santos. Como ele mesmo reconhece, não conseguiu render nem 40% do que apresentava com a camisa da Ponte Preta. Era sua primeira experiência fora de Campinas, longe da família, e o extracampo lhe atrapalhou bastante. Hoje, até soa estranho, mas naquela época a distância de casa pesou. Jovem, morando pela primeira vez sozinho e com um salário muito maior do que estava acostumado, cometeu excessos que prejudicaram seu desempenho. Para piorar, o Santos passava por um processo de renovação do elenco, que já não estava no auge, e isso também dificultou sua adaptação. Mas ele tinha talento para conquistar seu espaço, como demonstrou durante quatro temporadas na Portuguesa e no retorno à Ponte. Por isso, a passagem pelo Santos foi uma grande chance perdida em sua carreira”, afirma Stephan Campineiro, um dos autores do livro sobre a carreira do ex-meia.

Após a passagem pelo Santos, Dicá foi para a Portuguesa, em 1972 e fez parte do time que conquistou o Paulistão de 1973 conjuntamente com o Santos, graças ao erro nas contagens dos pênaltis por Armando Marques. Voltou para a Ponte Preta em 1976 para completar a trajetória que lhe rendeu um busto no Estádio Moisés Lucarelli, palco da partida desta noite.

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