Na série de Lives sobre O Futuro do Santos, o nosso entrevistado desta segunda-feira foi o empresário Walter Schalka, CEO da Suzano, um dos membros do antigo grupo Guia e integrante do Comitê de Gestão do Santos nos dois primeiros anos da era Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro.
Durante a entrevista, Walter Schalka afirmou que não será candidato na próxima eleição do clube, marcada para dezembro, revelou ter pedido para o presidente José Carlos Peres não entrar na disputa pela reeleição e pediu para que os pré-candidatos esqueçam os projetos pessoais e se unam em torno de um projeto de administração do clube.
“Queria fazer uma convocação para todos os pré-candidatos do Santos. Não é hora de colocar o nome acima do Santos. É hora de colocar o Santos acima dos nomes. Vamos nos unir em cima de um planejamento. Vamos nos unir pelo Santos, vamos cuidar primeiro de nossas convergências, que são 90%, e num outro momento cuidamos das divergências, que são 10%”, afirmou Walter Schalka.
Confira os principais pontos da entrevista com o empresário:
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
“Nós temos alguns pilares fundamentais no planejamento estratégico. O primeiro é ter equilíbrio financeiro. O clube não pode ficar vendendo o jantar para pagar o almoço. Não dá para fazer isso. Segundo, e na minha opinião o mais fundamental no nosso modelo de negócio, é a base. O Santos precisa ter uma base forte. E dali que vamos sair. Não vamos competir em marketing, na camisa, na receita da televisão com clubes que tem uma torcida maior que a nossa, mas nós temos uma questão que poucos ou nenhum tem, que é a geração de jogadores da base. Se conseguirmos gerar jogadores de base que vão criar valor para o Santos, isso é o modelo de negócios para os próximos dez anos”.
MUDANÇA DE GESTÃO
“Em qualquer empresa, a primeira coisa que precisa fazer é ganhar eficiência, ganhar produtividade. Não conheço os números do Santos, mas posso dizer que ganhar produtividade é bastante simples se você tiver processos instalados adequadamente. Mas não adianta ganhar produtividade e colocar gente que não seja através de meritocracia, gente que não tenha o nível de eficiência adequado. Precisamos colocar gente muito bem qualificada no marketing, nas finanças, no jurídico para fazer contratos adequados. Nós temos de trabalhar bastante na preparação da Arena do Futuro. Precisa ter gente na base com experiência, com histórico na formação de jogadores, nós temos de trazer essa gente boa, ter salários adequados para essas pessoas e daí vamos fazer gradativamente essa transformação. Nenhum clube ou empresa se transforma em questão de semanas. É um processo que vai levando a um círculo virtuoso. Os resultados vão aparecendo, as pessoas vão se motivando ainda mais pelo processo e vai gerando cada vez mais bons resultados”.
CREDIBILIDADE
“Administração requer transparência. Precisamos dar transparência para a torcida, para os sócios, para os jogadores sobre qual a situação do Santos. Criar regras durante um certo tempo, talvez regras mais austeras, para sair dessa situação. Depois que você mostra qual é o jogo e começa a cumprir, a credibilidade volta muito rapidamente. Tendo pessoas preparadas e agindo com transparência, que é fundamental na nossa sociedade hoje, você consegue essa credibilidade. Quando entramos em 2010, o Santos também tinha uma deficiência financeira, tivemos que colocar um teto salarial para o elenco, mas gradativamente as receitas foram aumentando e nós pudemos flexibilizar esse processo ao longo do tempo. É inevitável que a gente faça essa processo no próximo ano”.
ARENA
“O Santos deveria jogar parte das partidas em Santos, parte em São Paulo e alguns jogos em outros lugares onde tenha torcida, como o norte do Paraná, por exemplo. Mas a nossa Arena tem de ser em Santos, não sei se é possível reformar a Vila Belmiro, mas o ideal seria uma Arena em Santos e um acordo com o Pacaembu para os jogos em São Paulo seria importante”.
MARKETING
O Santos precisa ter um modelo de marketing adequado. Não adianta sair atrás de quem vai pagar mais dinheiro para colocar na camisa. O Santos tem duas questões muito legais que pode trabalhar: o racismo e a paz. Nós temos de combater o racismo no Brasil de uma forma direta. O Santos tem um história maravilhosa e precisa combater o racismo. Precisa colocar no marketing. Nós não aceitamos qualquer ato racista e temos de combater isso gerando igualdade de oportunidades para os jovens negros. O segundo ponto é a paz. O Brasil vive uma situação de conflito, de polarização e o futebol, infelizmente, virou guerra. Nós temos de ser promotores da paz. Nós temos a camisa branca, nós temos a história de ter parado a guerra. Se a gente faz um trabalho legal entre paz e combate ao racismo nós podemos gerar um valor de marca.
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