O executivo Paulo de Carvalho participou da Live no canal do DIÁRIO DO PEIXE (Crédito: Reprodução)

Na série de Lives sobre O Futuro do Santos, o convidado desta quarta-feira foi o executivo de futebol Paulo de Carvalho, que foi gerente das categorias de base do Peixe em 2010 e 2011. Durante a entrevista, o profissional destacou a necessidade do clube buscar inovação, melhorar os processos e sugeriu a utilização de Face ID na eleição para a presidência.

“Mais uma vez, o Santos precisará de uma reviravolta para ressurgir das cinzas. É preciso uma profissionalização no clube, o que não significa pegar um currículo robusto. Significa um conjunto de pessoas, ferramentas e, principalmente, processos eficientes. Esse é uma desafio que leva de 3 a 6 anos. Em 2014, o candidato que eu apoiei, o Fernando Silva, falava que queria ser o último presidente de uma gestão amadora e o primeiro de uma gestão profissional”, afirmou o executivo.

Nossa série de Lives continua nesta quinta-feira com o ex-presidente do Bahia, Marcelo Sant’Ana. Na sexta terenos o ex-gerente geral do River Plate, Gustavo Silikovich. Confira os principais pontos da entrevista com Paulo de Carvalho.

SITUAÇÃO FINANCEIRA

São três pilares e eles são iguais: austeridade financeira, austeridade financeira e austeridade financeira. Depois precisa ter onde buscar nossas receitas. Você tem novas ferramentas que estão surgindo, mas tem de saber controlar os gastos. Algumas receitas vão cair pela pandemia.

MARKETING

O Santos é muito grande. Viajei para alguns lugares do mundo com o Santos, representando o Santos, e onde a gente chega se fala de Pelé e Santos Futebol Clube. Nós temos um ativo muito grande e estamos perdendo.

O que eu vejo como saída é tratar melhor o sócio. Acho que teve uma evolução das antigas gestões, mas pode melhorar ainda mais. Gostaria de ver o Santos com o selo de qualidade da Disney. Um selo de tratamento como o Orlando City faz para os seus sócios.

INOVAÇÃO

É o futuro dos clubes, principalmente na questão de receitas. O meu sonho é que o Santos seja a vanguarda desse processo. Se o Santos criar um campo de inovação dentro da Vila Belmiro seria algo de outro mundo. O mesmo templo que cria os monstros sagrados de futebol seria o templo que criaria os novos monstros, os unicórnios (startups com valor de mercado de mais de US$ 1 bilhão).

Fazer uma parceria, criar um centro de inovação do Santos. Imagina ser parceiro com um percentual de um unicórnio? É receita na veia. Se o Santos tiver a oportunidade de ser vanguarda no futebol brasileiro ele sai na frente e entra para concorrer no mercado com Flamengo.

O Nice, da França, tem um Hub de inovação dentro do clube e uma das startups é o My coach. Só em 2019 a My coach já tinha passado alguns milhões para os cofres do Nice. Temos várias ferramentas que podemos agregar.

CATEGORIAS DE BASE

Cheguei a uma conclusão que a gestão de base precisa seguir o modelo alemão. O modelo alemão de categoria de base trabalha na formação do cognitivo, além da parte técnica.

Quando as pessoas me perguntam se o Santos precisam de um novo CT, de uma nova estrutura, eu vou dar um exemplo próximo do Santos. Conheci a estrutura do Porto e ele me mostrou como queriam competir como os grandes clubes da Europa, eles precisavam fazer como a Alemanha fez, criar uma nova geração de jogadores. Por que o Porto é o clube da Europa que mais vende? Eles focaram no desenvolvimento do cognitivo do atleta. Isso é um processo científico.

O Porto, se você escolhesse qualquer casa ao lado da Vila Belmiro, é a Casa Dragão. Ela comporta 50 atletas, que são acompanhados praticamente 12 horas por dia. Tem um corpo pedagógico inacreditável. Quando eu assumi o Santos não tinha assistente social. Lá eles tem quatro para cuidar de 50 atletas, nenhum clube do Brasil tem isso. Eles tem um corpo pedagógico de 18 pessoas e custa por mês 118 mil euros. Se chegar e apresentar um corpo pedagógico desse no Brasil para qualquer presidente de clube vão dizer que é muito caro. Eles querem ver o final, querem ver o ativo, não estão preocupados com a formação.

VOTO À DISTÂNCIA

Nós queremos ver o Santos sendo a vanguarda do futebol. Nada melhor do que fazer uma votação online através de Face ID. Hoje todas as ferramentas você tem reconhecimento fácil. Lógico que tem um custo, mas você pode muito bem fazer uma votação por reconhecimento facial. Já consultei alguns amigos de TI e é super possível. Tem de colocar níveis de segurança e processos de auditoria independente.