Paulo Turra mudou a rotina no CT Rei Pelé e quer resgatar confiança do elenco (Crédito: Raul Baretta/Santos FC)

Ao ser questionado sobre o clima no vestiário do Santos após o modesto empate em 0 a 0 com o Blooming-BOL, nesta quinta-feira (29), pela Copa Sul-Americana, o técnico Paulo Turra evitou usar o termo “melancólico”, citado pelo repórter. Internamente, o treinador vem trabalhando a parte psicológica no clube e quer resgatar a confiança do elenco.

Paulo Turra detectou que as fortes pressões por parte dos torcedores e a falta de vitórias fizeram o elenco perder completamente a confiança. Um dos exemplos foi o pênalti perdido por Lucas Lima no confronto contra a equipe boliviana. Ali, o treinador vê o maior exemplo de que o clube vive um momento de pouca confiança.

Com isso, o treinador vê a necessidade de novas rotinas no dia a dia do clube e encontra a parte psicológica como importante aliada. Turra vem tentando manter uma relação próxima com o elenco e evita “exposição”. Durante entrevistas coletivas, é comum ouvir o técnico dizer que “prefere deixar na parte interna”. Essa blindagem foi bem recebida pelo elenco.

“Não foi um vestiário alegre, lógico (após o empate). Não estava alegre por toda a situação que acabou de falar. Como estou chegando aqui, não posso espanar e não é meu perfil de fazer loucura, sair gritando. Cada um tem o seu perfil. Quando aceitei o desafio, sabia da situação do Santos. Somos todos profissionais. Boa parte é pai de família, responsável. Temos que ter equilíbrio… Empatar em casa, se despedindo da competição, uma série de coisas. Eu preciso ver o todo. E esse todo, que foi melancólico, não chego a dizer que foi melancólico. Vejo detalhes, coisas boas, para no contexto a gente conseguir potencializar o grupo. O lado psicológico conta muito por todo o contexto, mas eu preciso me preocupar com o lado emocional e parte tática e técnica. É emergência, mas se eu começar a fazer loucura, eu espano os caras, perdemos o controle. Com equilíbrio e sensatez, acreditando nos processos, a gente vai dar o primeiro passo. Quando dermos o primeiro passo, daremos o segundo”, disse Paulo Turra.

Apesar do “ombro amigo”, Paulo Turra jogou limpo com o elenco nas primeiras conversas. Sem vencer há dez jogos (agora 11, após o empate com o Blooming), o treinador deixou claro que a pressão só será menor após uma sequência de vitórias. Além disso, vem pedindo mais vibração em treinos e jogos.

” Eu volto a falar nesse aspecto: estamos numa grande equipe e não vejo que a nossa torcida vai voltar e pressionar. Nos pressionamos porque queremos vencer, a nossa torcida será sempre aliada, ainda mais no alçapão na Vila. Nós temos que carregar a torcida com intensidade, vibração, jogando para frente. Um time que ataca, tem muita posse, é vertical e se defende bem, resgatando essa identidade. Estou aqui para isso e vamos resgatar. Falar é fácil? Eu falo porque, dentro do processo de trabalho que eu tenho, tenho convicção nisso aqui. Passo a passo, jogo a jogo, mas temos que formar união novamente e trazer a torcida para junto da gente. A torcida vai entender, vir e isso será determinante para continuarmos virando a chave. Viramos a chave quando cheguei e eu, junto com comissão e estafe, temos que saber que somos o Santos, o todo. Esse todo tem que ter direcionamento e eu estou dando esse direcionamento ao Santos. A torcida é inteligente e vai vir com a gente se formos intensos, com pegada, ideia definida, comportamentos… Torcedor sabe, e esse é o processo para ontem”, comenta Turra.

Novos hábitos no CT Rei Pelé

Paulo Turra, como foi dito, quer um time vibrante e vivo no campo. Para isso, mudou a rotina no CT Rei Pelé. O elenco do Santos treinou na manhã e quarta-feira (28) e permaneceu concentrado no CT Rei Pelé para a partida contra o Blooming.

Na manhã desta quinta (29), dia do jogo, o técnico Paulo Turra quis o grupo novamente no campo do para trabalhar bola parada. Tanto os atletas que foram relacionados, quanto os que ficaram de fora, foram convocados para as atividades.

Apesar da nova cultura estabelecida no Santos, o treinador é visto como uma pessoa tranquila nos primeiro dias de trabalho. Mesmo com uma forma diferente de trabalho, Turra pediu a confiança do grupo e o termo “ebulição” para mostrar uma virada de chave no clube.

“O próximo jogo, sim, é a nossa decisão. Não estou para espanar, falar loucuras. Pedi intensidade, competição, ebulição e vibração no vestiário. Quem esteve presente viu que o nosso vestiário está muito forte. O caminho está aí e vai acontecer”, completa o comandante santista.

O Santos volta a campo no próximo domingo, contra o Cuiabá, fora de casa. Eliminados de todas as competições, o Alvinegro mantém 100% de suas atenções ao Campeonato Brasileiro. No momento, o Peixe ocupa a 13ª colocação do torneio, dois pontos acima do primeiro time da zona de rebaixamento.

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