As contas do presidente José Carlos Peres serão analisadas pelo Conselho Deliberativo pela segunda vez nesta terça (Crédito: Ivan Storti/SantosFC)

O presidente do Santos, José Carlos Peres, publicou no site oficial do clube a sua defesa ao parecer do Conselho Fiscal, que pede a reprovação das contas do clube em 2018.

O parecer do CF foi aprovado por ampla maioria na primeira votação no Conselho Deliberativo, o presidente teve 15 dias para apresentar as justificativas, mas após a análise das respostas, o CF fez novo parecer pedindo a reprovação das contas e o Conselho votará o novo parecer na noite desta terça-feira, na Vila Belmiro, em Santos.

O documento apresentado em nome do Comitê de Gestão rebate três pontos considerados fundamentais para a parecer a favor da reprovação das contas: o déficit do exercício, a falta de pagamento de impostos e o orçamento.

Em relação ao déficit de R$ 77 milhões, a resposta do CG justifica a não contabilização da primeira parcela da venda do atacante Rodrygo ao Real Madrid. O Santos recebeu 20 milhões de euros pela negociação, mas por norma contábil os valores só podem entrar no balanço após a transferência do jogador. De acordo com a defesa, caso a venda fosse contabilizada em 2018 o Peixe teria um superávit de R$ 72 milhões no exercício.

O déficit de R$ 77 milhões poderia provocar a exclusão do Santos do Profut. No entanto, em sua defesa, o CG afirma que uma possível exclusão do Profut só poderia ser ocasionada pela ausência de alteração do Estatuto Social pedida pelo artigo 4°, inciso VIII da Lei Federal n° 13.155/2015. O CG alega que tal alteração é de responsabilidade do Conselho Deliberativo.

“Embora o resultado contábil não retrata a realidade econômica do Clube, conforme exaustivamente explicado pelo CG e debatido na imprensa, a única consequência imediata poderá ser a abertura de um processo administrativo pela
APFUT que passe a exigir demonstrações financeiras com maior frequência ao longo do exercício de 2019, com a
finalidade de acompanhar a evolução dos resultados. Importante salientar que o Clube manteve em dia o pagamento das parcelas do PROFUT, essencial para manutenção do parcelamento”, diz trecho do documento.

Em relação aos impostos, o documento aponta o pagamento de R$ 54 dos R$ 58 milhões devidos, sendo que R$ 17 milhões seriam de dívidas de exercícios antigos.

“O valor de impostos em aberto nada tem a ver com irresponsabilidade ou má gestão, mas decorrência direta do grande volume de compromissos financeiros pendentes do exercício de 2017 e quitados pela atual gestão no ano de
2018”, aponta o documento.

Sobre o orçamento, o documento trata a previsão orçamentária feita no final de 2017 como “peça de ficção”, com números fora da realidade do clube, e cita que o orçamento sequer foi aprovado pelo Conselho Deliberativo.

“É de conhecimento do Conselho Fiscal que os valores orçados levados em consideração para fins de comparação
entre Orçado x Realizado é totalmente irreal, considerado por muitos Conselheiros como peça de ficção em suas
manifestações em plenário do Egrégio Conselho Deliberativo. As grandes divergências são decorrentes da distorção dos valores orçados, tendo em vista que são baseados no estimado em outubro de 2016, sem qualquer alteração pela Gestão anterior, com a projeção para 2017. O orçamento para o ano de 2018, elaborado pela gestão anterior não foi aprovado pelo Egrégio Conselho Deliberativo por ser totalmente incompatível com a realidade dos acontecimentos do ano. Ademais, cumpre informar que nem mesmo uma suplementação ou remanejamento de verba supriria as
necessidades para adequação do orçamento. Nos termos do artigo 82 do Estatuto Social, o remanejamento de verbas
está limitado a 20%, impossibilitando tal providência por parte da gestão, em decorrência da magnitude das
diferenças”, diz o documento.

O Conselho Deliberativo do Santos irá votar o novo parecer nesta noite. Caso ele seja aprovado, o caso será encaminhado para a CIS (comissão de inquérito e sindicância) e o presidente pode até perder o mandato.