
Marcelo Teixeira concedeu entrevista para ESPN nesta sexta-feira (2) (Foto: Reprodução)
O presidente do Santos, Marcelo Teixeira, participou de uma entrevista à ESPN e afirmou que o clube fechou o maior patrocínio master de sua história, com a empresa 7K. No entanto, enquanto fazia a declaração, o cenário da gravação exibia um equívoco visual: o backdrop atrás dele ainda estampava a logomarca da Blaze, patrocinadora anterior cujo contrato terminou em 13 de abril.
A 7K estreou na camisa do time principal no clássico contra o São Paulo, em 20 de abril, sem qualquer anúncio formal. Neste mesmo dia, as camisas de viagem ainda apareciam a antiga patrocinadora mesmo uma semana depois do fim do contrato. No dia seguinte ao clássico, o clube publicou um breve vídeo nas redes sociais mencionando a nova parceria. Até agora, não houve coletiva de apresentação ou atualização completa da identidade visual. A mudança foi percebida primeiramente em campo, sem comunicação prévia.
Apesar do contraste, Marcelo Teixeira defendeu que o acordo com a 7K representa um avanço estratégico e associou o patrocínio diretamente à volta de Neymar ao clube.
Gestão e a troca por Cléber Xavier
“Sabíamos que teríamos grandes desafios pela frente, incluindo lidar com o retorno de um dos maiores ídolos do clube e do futebol mundial, que é o Neymar. Desde o início, entendemos que seria um processo difícil, mas estruturado. Estamos colocando em prática ações concretas para atingir nossos objetivos por meio de muito trabalho. Aproveito para reforçar que sou contra mudanças constantes de treinador. No ano passado, mesmo com críticas ao Carille e sua comissão técnica, acompanhamos de perto o trabalho e sabíamos que os resultados viriam — e vieram. Mais recentemente, decidimos trocar a comissão do Caixinha. Embora ele tenha contribuído em alguns pontos, entendemos que era o momento certo para fazer a mudança. Escolhemos o Cléber Xavier, um profissional experiente, com passagens por Copas do Mundo e histórico ao lado do Tite. Ele lidera uma comissão técnica preparada, que já vinha acompanhando o clube. Confiamos muito nesse novo ciclo e acreditamos que, com o tempo, vamos alcançar as metas de 2025.”
Patrocínio recorde e impacto da volta de Neymar
“Preciso esclarecer um ponto importante dentro do projeto Neymar. Ele tem dois pilares: o esportivo e técnico, e o extra campo. No aspecto extra campo, conseguimos acelerar diversos projetos. Quando assumi, o clube tinha cerca de 30 mil sócios pagantes. Terminamos o ano com pouco mais de 50 mil, e agora, com a volta do Neymar, já passamos dos 70 mil. Isso mostra uma evolução clara, impulsionada pelo projeto que desenvolvemos e pela presença dele. Também alcançamos o maior patrocínio master da história do Santos, resultado direto da reconstrução que estamos promovendo e do impacto da imagem do Neymar. Há um crescimento visível em receitas alternativas e em oportunidades de negócios ligadas à marca Santos, muito por conta da valorização gerada pela volta dele. É um processo natural, mas extremamente positivo em termos de resultados práticos.”
Recuperação de Neymar e função no elenco
“No aspecto esportivo, quando repatriamos o Neymar, sabíamos que ele vinha de uma lesão muito séria. Por isso, colocamos à disposição dele toda a estrutura e um staff especializado para que fizesse sua recuperação no Brasil, dentro do Santos. Aqui ele está feliz, em casa, o que aumenta muito as chances de uma recuperação plena. Ele voltou a jogar, participou de algumas partidas com intensidade, como sempre fez na carreira, mas infelizmente sofreu uma nova lesão. Não sou médico, mas seguimos de perto os pareceres do Departamento de Saúde. Tomamos várias medidas, incluindo a reformulação de parte da equipe de recuperação. Alguns profissionais foram contratados para reforçar esse processo. Antes, ele dividia a recuperação entre o CT e a própria casa; hoje, todo o trabalho é feito no CT, com acompanhamento integral dos profissionais do clube. A expectativa é que ele possa voltar a jogar assim que estiver 100% recuperado. Importante ressaltar que o Neymar não interfere em contratações ou escalações. Ele exerce uma liderança natural no grupo, dentro dos limites de um jogador. Estamos aproveitando esse protagonismo não apenas fora de campo, mas agora também do ponto de vista técnico. Acreditamos que, com a recuperação completa e ele em campo, aumentam as chances de renovar o contrato e mantê-lo no Santos até a Copa do Mundo do ano que vem.”
Críticas ao passado e responsabilidade pela atual gestão
“Não quero deixar nenhuma pergunta sem resposta, mas preciso fazer um esclarecimento importante. A preocupação do torcedor — que também é nossa — vem do fato de que, nos últimos anos, o Santos regrediu. O clube não evoluiu em nenhuma área, não se modernizou, não profissionalizou sua gestão. Foi justamente por isso que decidi voltar. Não deixei minhas funções na universidade ou minha vida pessoal para não fazer nada. Minha história com o Santos já estava construída. Me senti ferido como torcedor e resolvi agir para mudar essa realidade. Quando vejo a tabela do Campeonato Brasileiro, lembro dos tempos em que o Santos caiu. Mas é importante deixar claro: eu não participei das gestões anteriores. Minha responsabilidade é por esta gestão, que começou no ano passado. Fui eu quem disse publicamente que seríamos finalistas do Paulistão — e fomos —, e que buscaríamos o acesso à Série A, além de avançar na Copa do Brasil em 2025. Eu não levei o Santos à Série B. Fui eu quem trouxe o Santos de volta à Série A. E reconstruir o clube não é algo que acontece da noite para o dia. Sabemos que a exigência da Série A é maior. Estamos nos adaptando. Hoje, temos seis ou sete jogadores no departamento médico, o que impacta diretamente no desempenho. Jogadores importantes como Neymar, Rollheiser, Zé Rafael e Soteldo estão fora. Isso não é desculpa, mas sim uma constatação que afeta um time que busca resultados imediatos. Ainda assim, estamos trabalhando forte com a nova comissão técnica para recuperar atletas e recolocar o Santos em boas posições tanto na Copa do Brasil quanto no Brasileirão. Entendemos a cobrança da torcida. Todos queremos o Santos na parte de cima da tabela. E pergunto: olhando o elenco, vocês acham que o Santos deveria estar onde está hoje? Não. Essa posição é resultado de circunstâncias. Mas temos confiança de que, com trabalho, o clube vai se reposicionar em um campeonato tão difícil como o Brasileiro.”
Sócios, preços e fidelização da torcida
“A chegada do Neymar ajudou a impulsionar a arrecadação, mas queremos sempre privilegiar o sócio do Santos. Quando dizem que o ingresso custa R$ 300, eu concordo que é caro, mas a maioria dos associados não paga esse valor. Eles pagam R$ 90, R$ 110 ou meia-entrada, de acordo com seus planos. O preço cheio é um, mas o valor efetivamente pago é outro. Ainda assim, entendemos o impacto da ausência do Neymar e os horários ruins — como os jogos aos domingos às 20h30 — e por isso reduzimos os preços dos ingressos em algumas ocasiões. Além disso, criamos um sistema de rating para priorizar os torcedores que acompanharam o Santos na Série B, inclusive fora da Vila. Estamos também firmando parcerias, como a que beneficia sócios que vêm de fora de São Paulo com isenção de pedágio. Tudo faz parte da reconstrução. Não está perfeito ainda, mas estamos aperfeiçoando com muito trabalho. E é natural que haja críticas construtivas — elas ajudam no processo.”
SAF, crise financeira e reestruturação
“Sobre a SAF, quando for o momento adequado, a estrutura estará pronta. Mas a decisão será dos sócios, não minha. Nosso papel é profissionalizar a gestão e equilibrar receitas e despesas. Quando assumimos, todas as receitas do Paulistão estavam comprometidas. Ainda assim, quitamos três transferbans e outros quatro foram evitados graças a acordos feitos anteriormente. Estamos enfrentando uma crise gravíssima e, mesmo com o impacto positivo da volta do Neymar, é preciso tempo para transformar o Santos em protagonista novamente. Isso não acontece da noite para o dia.”