Zagueiro Derick (segundo da esquerda para a direita ajoelhado) e meia Ivonei (terceiro da esquerda para a direita sentado) apareceram na foto, mas não viajaram ao Mundial (Crédito: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC)

A crise entre a diretoria do Santos e os principais destaques da geração 2002 explodiu na última semana, com a ausência de jogadores do Peixe na convocação da Seleção Brasileira Sub-17 para um período de treinamentos na Granja Comary, em Teresópolis (RJ).

Como o DIÁRIO antecipou, o problema começou antes do Mundial de Clubes Sub-17, quando a diretoria do Santos cortou alguns atletas do torneio por não conseguir assinar o primeiro contrato profissional com eles e revoltou os pais dos garotos. O Peixe foi para a competição na Espanha sem alguns dos seus principais jogadores e fez uma campanha ruim, sendo eliminado ainda na primeira fase.

Na semana passada, o técnico Guilherme Dalla Déa convocou 25 atletas para treinamentos e a lista não contou com jogadores do Santos. Para os pais de alguns garotos, os atletas não foram convocados por veto da diretoria do Peixe. O DIÁRIO DO PEIXE apurou que o Santos tem ao menos cinco jogadores dentro do grupo de cerca de 35 atletas da geração 2002 com o qual Dalla Déa trabalha: o zagueiro Derick, o lateral Cadu, os meias Ivonei e Giovanni e o atacante Kaio Jorge.

Ivonei, Cadu e Kaio Jorge chegaram a participar do Campeonato Sul-Americano Sub-15 no ano passado. No início deste ano, porém, os vetos começaram. Com Giovanni e Kaio Jorge no departamento médico, apenas os outros três foram convocados para o Torneio de Montaigu, na França, em março. No entanto, o Peixe liberou apenas Derick e Cadu, pedindo que Ivonei ficasse para realizar a preparação para o Campeonato Mundial Sub-17 que o Santos disputaria em maio.

A data da viagem chegou, Derick e Ivonei foram selecionados para o grupo que viajaria aparecendo inclusive nas fotos do elenco, mas acabaram não indo à Espanha. O motivo foi contratual. O Santos não quis se arriscar a levar um atleta que não tinha ainda contrato profissional assinado por medo de perdê-lo para os times europeus. E foi aí que o conflito entre pais e diretoria santista se escancarou.

Antes da última convocação, Dalla Déa conversou com alguns dos jogadores explicando o veto do Santos. Ainda no ano passado, o técnico Paulo Victor, da seleção sub-15, já havia questionado os Meninos da Vila sobre a questão contratual e, ouvindo uma resposta negativa dos atletas, teria alertado sobre possíveis problemas que isso poderia causar.

Antes de anunciar uma convocação, a CBF sempre consulta os clubes sobre os atletas que tem a intenção de levar. Esse contato tem como objetivo descobrir como estão dois aspectos do atleta: contratual e comportamental. A entidade segue as orientações do clube, que tem o poder de vetar a convocação.

Os cinco atletas estão em litígio para renovação de contrato no Santos. Os representantes de Kaio Jorge, Ivonei, Derick e Cadu já se reuniram com os gestores das categorias de base, mas não chegaram a um acordo e reclamam do tratamento que receberam. Já o pai do meia Giovanni diz nunca ter sido chamado para uma reunião sobre o assunto.

O Peixe alega que o motivo da não convocação das promessas foram as notas dos jogadores na escola. Como parte de suas obrigações como clube formador, o Santos garante que os atletas estudem e alguns deles como Ivonei e Kaio Jorge tem tido dificuldades. O meia teve algumas notas vermelhas e precisou fazer mais de 30 trabalhos no final do ano passado para recuperar. Já o centroavante recuperou recentemente as notas por conta das aulas que perdeu durante viagens, como a da Taça BH.

Nas últimas semanas, o Santos criou até uma espécie de reforço na Vila Belmiro para ajudar os meninos. Mesmo assim, os pais dos jogadores não acreditam nessa hipótese e relatam que, mesmo com notas ruins, os jogadores já foram convocados em outras oportunidades.

Caso Renyer

Afastado do elenco sub-15 por indisciplina após se recusar a ser substituído na partida contra o Ponte Preta pelo Campeonato Paulista da categoria, o atacante Renyer foi outro que teve sua convocação para a Seleção Sub-15 vetada por conta da preparação para o Mundial Sub-17, do qual o atacante participou mesmo com apenas 14 anos.

O jogador está no Rio de Janeiro com a família e seu estafe pensa até em entrar na justiça para tirá-lo do clube. Renyer está no Santos desde os 10 anos, gosta da cidade e do time e não quer deixar o Peixe. Ao contrário dos demais, o atacante tem contrato de formação assinado até julho de 2019, quando completa 16 anos e pode assinar um vínculo profissional.