
Luxemburgo colecionou títulos pelo Peixe em diferentes competições e em diferentes épocas (Crédito: Reprodução)
Por Fernando Ribeiro e Vinícius Cabral, especial para o DIÁRIO DO PEIXE
Os pesquisadores Fernando Ribeiro e Vinícius Cabral, que escrevem os textos Jogos para sempre e Lendas da Vila para o DIÁRIO DO PEIXE, selecionaram os cinco maiores treinadores de todos os tempos dos Santos. Esses técnicos fizeram história no clube com grandes conquistas. Confira abaixo a lista.
1 – Lula

Lula é uma lenda da Vila, assim como os seus comandados Pelé, Pepe e companhia (Crédito: Reprodução)
Apaixonado pelo Santos Futebol Clube desde pequeno, Luis Alonso Perez é indiscutivelmente o maior treinador que já comandou o Peixe. Descendente de espanhóis, nasceu em Santos, em 22 de fevereiro de 1922. A família inteira apoiava o clube da colônia, o Hespanha (atual Jabaquara), mas o pequeno Lula enamorou-se do Alvinegro. Jogador com relativa técnica na várzea santista, teve pouco sucesso com a bola nos pés e lesões colocaram-lhe na função de técnico. Tomou gosto e em pouco tempo já colecionava títulos na disputada e famosa várzea de Santos.
As conquistas na cidade e o bom futebol de seus times fizeram com que o Santos levasse-o para Vila Belmiro. Nas categorias de base, montou verdadeiros esquadrões. Em 1953, ganhou todos os títulos possíveis entre os amadores. Grande conhecedor de futebol, foi responsável por levar Pepe e Del Vecchio ao Santos. Pagão, outro craque santista, foi revelado por Lula – primeiro na Portuguesa Santista e, depois, no Peixe.
Dirigiu a equipe profissional do Santos entre 1954 e 1966, o maior período de domínio por um mesmo clube na história do futebol brasileiro. Ainda hoje, 48 anos de sua morte, é o técnico que mais vezes venceu o Brasileirão (cinco) e o segundo que mais ganhou o Paulistão (oito – só foi ultrapassado ontem por Luxemburgo com o título do Palmeiras). Dentre os técnicos brasileiros, nenhum deles o superou em conquistas da Libertadores e do Mundial (duas vezes). Ainda hoje, é o treinador com mais partidas por uma mesma equipe brasileira, são 943 jogos no comando do Peixe.
A capacidade de Lula sempre foi colocada em segundo plano. Acusavam-lhe de entregador de coletes e de conhecer pouco sobre futebol. As diversas conquistas em série, jamais repetidas na história do clube, talvez demonstrem algo diferente. Os que acompanharam de perto sua trajetória ressaltam sua qualidade em observar bons talentos, manter harmonia no grupo que tornou-se mundialmente famoso e que jamais entrou em crises. Pouco lembrado pelas gerações mais novas, ficou como coadjuvante de uma brilhante equipe que ele mesmo criou: quando assumiu o comando, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, por exemplo, não eram jogadores do elenco principal santista.
2 – Antoninho Fernandes

Antoninho fez história como jogador e técnico do Peixe (Crédito: Reprodução)
Principal jogador do Santos na década de 40 e no início da década de 50, Antoninho Fernandes foi marcante não só com a pelota nos pés. Muito identificado com o clube, retornou após a aposentadoria para integrar a comissão técnica. Dirigiu os amadores e, em pouco tempo, tornou-se auxiliar do técnico de Lula. Assumiu o comando em 1967 e foi responsável pela renovação da equipe. Muitos jovens das categorias de base ganharam mais espaço em detrimento a craques que já entravam no ocaso de suas carreiras.
Chamado de “Arquiteto da Bola” enquanto jogador, fora das quatro linhas encontrou igual sucesso. Na nova função conseguiu, enfim, o tão esperado título do Campeonato Paulista. E a conquista aconteceu logo em seu primeiro ano, abrindo caminho para o segundo tricampeonato estadual da história santista (1967, 68 e 69). Sob sua orientação, jogadores como Clodoaldo, Negreiros, Joel Camargo e Edu atingiram o ápice de suas carreiras.
Um novo time foi montado em torno de Pelé para que a hegemonia santista pudesse ser prosseguida. Jogadores como Claudio Mauriz, Ramos Delgado e Djalma Dias chegaram e logo conquistaram seus espaços. A nova equipe santista formada por Antoninho cumpriu o que dela se esperava: além do tricampeonato paulista, o Santos conquistou mais um Campeonato Brasileiro (desta vez, com o nome Roberto Gomes Pedrosa).
Além disso, retornaram as glórias internacionais, com as conquistas da Recopa Sul-Americana e Mundial. Este último, com vitória sobre a Internazionale, de Milão. O título que é pouco valorizado atualmente, foi bastante festejado à época, tanto que no início da década de 70 o clube usou três estrelas acima do escudo. Antoninho dirigiu o Santos em 366 jogos, de 1967 a 1971. Entre suas passagens como jogador e treinador, acumula mais de 700 partidas pelo Peixe, um exemplo de dedicação ao clube do coração.
3 – Vanderlei Luxemburgo

Luxemburgo foi o técnico do último título do Brasileirão do Peixe, em 2004 (Crédito: Santos FC)
Um dos treinadores mais controversos da história do futebol brasileiro, Vanderlei Luxemburgo deixou sua marca no Santos Futebol Clube. Foram quatro passagens pelo Alvinegro, com títulos, vitórias e polêmicas, quase na mesma proporção. Chegou pela primeira vez no Peixe em 1997, depois de vitoriosas passagens por Bragantino e Palmeiras. Tentava implantar a figura do “manager” no futebol brasileiro. Falava muito em gestão, em táticas e até no modo de se vestir, buscava se diferenciar dos demais. Enquanto boa parte dos técnicos brasileiros usavam roupas esportivas, popularizou o paletó e roupas sociais, mesmo em meio ao clima tropical.
Venceu o Torneio Rio-São Paulo em seu primeiro semestre no Peixe. No Brasileirão, a equipe era imbatível em casa, porém frágil fora de seus domínios. Chegou às fases finais, mas o título não veio. A expectativa para o ano seguinte era ainda maior, mas seduzido pela proposta do Corinthians, deixou o clube. Acusado pela torcida de ter se “vendido”, foi recepcionado com chuva de moedas em seu primeiro retorno.
Regressou ao Santos em 2004, depois de passagem pela Seleção Brasileira – com direito a investigação em CPI. No retorno, conduziu o Peixe ao título brasileiro, reformulando o elenco em meio à competição. O sucesso rendeu-lhe oportunidade para treinar o Real Madrid, à época dos “Galacticos” de Florentino Perez. Foi mal na aventura europeia e voltou ao Santos em 2006, para conquistar o bicampeonato paulista (o primeiro desde 1968). Montou a equipe ao seu modo, do zero, e em 2007 deixou-a ainda melhor. Na Libertadores, chegou até a fase semifinal. Eliminado pelo Grêmio em uma partida emocionante, por pouco não levou o Santos à glória continental.
Saiu ao final de 2007, mas retornou para a quarta (e até então última) passagem em 2009. Com uma equipe bastante instável e em meio a disputa do Brasileirão, não obteve êxito, mesmo em um time contando com Neymar – ainda muito jovem e chamado por Vanderlei de “filé de borboleta”. É o quarto treinador com mais partidas pelo clube (305), atrás apenas de Lula, Antoninho e Pepe.
4 – Emerson Leão

Leão colocou o Santos de volta na rota das grandes conquistas (Crédito: Reprodução)
Tão temperamental quanto importante, Emerson Leão foi um dos maiores goleiros da história do futebol brasileiro e está entre os principais técnicos dos 108 anos do Santos Futebol Clube. Leão dirigiu o em Peixe 276 partidas divididas em três passagens, quando sempre deixou sua marca.
Sua estreia no comando alvinegro foi em janeiro de 1998 quando o Santos bateu o Vila Nova por 4 a 3 pela Copa do Brasil. Leão herdou um time de Vanderlei Luxemburgo, mas fez significativas alterações e a equipe passou a ter um maior espírito de luta.
No Brasileirão fez belíssima campanha e por pouco não chegou à final. Mas o maior feito de Leão em sua primeira passagem foi o título da Conmebol, após o Peixe superar o Rosário Central em duas verdadeiras batalhas. No ano seguinte, já sem os mesmos resultados, Leão foi demitido após tropeços no Brasileirão.
Em 2002, quando voltou ao Santos, o cenário era o seguinte: o time tinha sido eliminado do Torneio Rio-São Paulo com Celso Roth no comando e teria quatro meses de férias forçadas até a estreia do Brasileiro. O clube estava sem dinheiro para contratações e a solução foi utilizar a base, liderada por Diego e Robinho. Aos poucos o time foi se encaixando e o resto é história. Os títulos do Brasileiro de 2002, o vice da Libertadores de 2003, além do futebol vistoso de sua equipe fizeram com aquele trabalho fosse o melhor de sua carreira como técnico.
Desgastado, saiu em 2004 e Vanderlei Luxemburgo assumiu seu posto para levar um reformulado Santos ao título brasileiro. Quatro anos se passaram e Leão voltou ao Peixe para substituir Luxa mais uma vez! Este foi o único trabalho sem taças pelo Santos, mas Leão quase colocou um time limitado na semifinal da Libertadores. Apesar da campanha acima do esperado no torneio continental, Leão foi demitido após uma derrota por 4 a 0 contra o Cruzeiro pelo Brasileirão, sendo que aquele foi seu último jogo no comando do time.
5 – Pepe

Craque como jogador e técnico (Crédito: Reprodução)
Dentro de campo Pepe foi o maior artilheiro da história do Santos “porque o Pelé é ET e não conta”. O ponteiro esquerdo esteve em algumas das mais belas jornadas do Peixe em todos os tempos, conquistando todos os títulos possíveis para um jogador. Quando pendurou as chuteiras, em 1969, passou a trabalhar nas categorias de base do clube e em 1972 fez seu primeiro jogo como técnico da equipe principal interinamente em derrota para o Atlético Paranaense.
O Canhão da Vila substituiu o ex-companheiro Mauro Ramos de Oliveira no comando e ficou até Jair Rosa Pinto, outro craque com quem atuou no clube, assumir. Em 06 de agosto Pepe voltou ao banco de reservas do Santos, mas desta vez para ficar de vez. A vitória por 3 a 0 contra a Ferroviária marcou oficialmente sua estreia como treinador efetivado do clube que tanto ama.
No ano seguinte Pepe conduziu a equipe ao título Paulista, o primeiro desde 1969 e o último título de Pelé com a camisa santista. Em abril de 1974 passou a ser supervisor do time, com Tim sendo o técnico. Voltou novamente ao banco de reservas no ano seguinte, assim que Tim foi demitido. Sempre que o Santos precisou, Pepe esteve lá. Treinou o Peixe também nos anos de 1979, 1980, 1989, 1990, 1993 e 1994 e, com 371 partidas, é o terceiro técnico que mais comandou a equipe, atrás dos também lendários Lula e Antoninho.
Seu auge no banco de reservas foi a temporada de 1986 quando conquistou o Paulistão pela Inter de Limeira e o Brasileirão pelo São Paulo. Treinou diversas outras equipes pelo Brasil e no exterior e encerrou sua carreira de comandante na Ponte Preta, em 2006.