Torcida Jovem criticou horário e preço dos ingressos do jogo entre Santos e Portuguesa (Crédito: Raul Baretta/SantosFC)

A Torcida Jovem do Santos divulgou nota oficial na noite desta terça-feira e protestou contra o horário do jogo entre Santos e Portuguesa, pelas quartas de final do Paulistão, e também pelo preço dos ingressos cobrados pelo Peixe.

De acordo com a nota oficial da organizada, as condições afastam a “classe trabalhadora” da partida e deixam o espetáculo mais frio. A Torcida Jovem também reclamou da postura do clube nas negociações por direitos de transmissão. Confira a nota oficial abaixo:

Respeito é bom e eu gosto!

O Santos confirmou a 2ª melhor campanha do campeonato na última semana. Mas na tarde de ontem (segunda), na hora de fazer valer seus direitos, o clube foi colocado à margem da Federação, que priorizou as equipes da Capital. Potencializando essa arbitrariedade, o órgão de segurança pública, que sempre se esquiva de suas obrigações, maisuma vez esquivou de jogos no mesmo dia na cidade, como se não existissem há mais de 100 anos.

Além do clube perder o local que desejava, a detentora dos direitos de transmissão da partida, levando em consideração exclusivamente eu próprio ganho, teve poder para determinar o horário de uma partida, que já não teria autonomia. É claro que, hoje, com um contrato assinado, o clube não tem o que fazer. Mas é essa a raiz do problema.

Os clubes vivem reclamando de calendário apertado, horários e dias ruins, fórmula de disputa, arbitragem amadora e perda de jogadores para seleções, mas quando afetados fazem como fez o Santos ontem (segunda): uma nota oficial fria, jogando insatisfação ao vento, quase que na tentativa de apontar para os culpados acima (que de fato são culpados), mas na renovação contratual seguinte, aceitem os mesmos mecanismos abusivos de interferência externa, diretamente nos programas do espetáculo.

É fato que os clubes são reféns do dinheiro da televisão. Mas a menria como os clubes se vendem aos contratos é a questão. Os acordos são exclusivamente em benefício das emissoras, passando por cima da vontado dos clubes e até afetando o desempenho esportivo em nome do lucro. Os donos do espetáculo, de fato, são os clubes, sem eles não existe campeonato. Eles podem receber cotas milionárias das emissoras, mas quem transmite está ganhando quanto? 3, 5 vezes mais que os clubes? Mais que isso?

Com o jogo terminando às 22h30, a volta pra casa do torcedor é prejudicada, mas prejudica especialmente uma camada específica, aquela que utiliza transporte público. Além, claro, dos torcedores de longe, que chegam em suas casas na hora de começar o expediente na segunda-feira. O horário atrapalha os torcedores a irem ao jogo que, claro, vão ligar a telinha para acompanhar o Peixão. Sendo assim, é mais um gol na conta da emissora.

O clube, que se nega a combater os grandes, na primeira oportunidade, usa desse sistema para lucrar em cima dos seus. Ingresso R$ 160. Já que a classe trabalhadora não vai ao jogo ou é louca o suficiente para trabalhar virado e gastar mais de 10% do salário mínimo para ver um jogo contra o 13º colocado do campeonato paulista, na mente dos dirigentes, é a hora certa de aumentar o valor de ingresso.

O clube passou 3 anos à beira do precipício, com sua torcida segurando, e até mesmo na queda, não largou e seguiu apoiando e lotando todo estádio que o Santos jogou, e no primeiro mata-mata (que não é mais que a mínima obrigação) explora essa mesma torcida.

A TV e o clube vendem um espetáculo “Alçapão da Vila Belmiro na decisão”, mas o que vemos é um time que não figura entre os 20 primeiros do Brasil contra um sem divisão, que quase caiu no Estadual, e um estádio cada vez mais gelado, elitizado e sem alma. Já que o povão (que, cá entre nós, é quem realmente faz a festa) está cantarolando o que ouve da torcida na TV, enquanto na cadeira e camarote selfies rolam enquanto o Santos ataca.

Os torcedores são um movimento de massa de milhões de pessoas de todas as classes, cores, gêneros e credos, que se deslocam de suas casas toda quarta e domingo Brasil à fora, perpetuando uma cultura única em todo planeta, que para nós representa nossa família, nossos amigos e nossas histórias.

Até quando seremos tratados como um simples número? Onde a equação sempre quer $omar, deixando de lado mais de um século de lutas de pessoas que dedicaram e dedicam suas vidas a esse clube?

Respeitem o Santos FC! Respeitem o torcedor!

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