
Pedro Martins falou sobre gestão do Santos (Crédito: Raul Baretta/Santos FC)
Pedro Martins, CEO do Santos, comentou sobre a gestão do clube em uma palestra sobre gestão esportiva na Universidade Mackenzie, em São Paulo, na manhã desta sexta-feira (16). O dirigente fez um paralelo com o Cruzeiro, que também retornou à Série A depois de uma queda, e falou que a diretoria ‘queima etapatas’. O Globo Esporte trouxe aspas do profissional.
“Todas as decisões foram pensando em tentar queimar algumas etapas. Por exemplo, no Cruzeiro, a gente não fez isso. No primeiro ano de Série A, o nosso título era permanecer na Série A, com orçamento bem menor. O Ronaldo nos disse: ‘Eu não vou colocar mais dinheiro, o nosso título vai ser ficar na Série A e, quem sabe, ir para a Sul-Americana’. Essa diretriz é do dono ou do presidente. Dentro dessa diretriz, nós tentamos montar um time enxuto, com custo zero, o Cruzeiro não contratou quase ninguém naquela época e conseguimos bater a meta. No Santos, a diretriz da diretoria era outra, queria queimar etapas em termos de não só brigar para não cair, mas já voltar para uma competição sul-americana, já brigar na parte de cima da tabela”, afirmou.
Na zona de rebaixamento do Brasileirão, o Peixe só tem uma vitória em oito rodadas. Ele comentou que o clube não deve brigar na parte debaixo da tabela e falou que se fosse contratado pela direção santista hoje, faria mudanças na montagem do elenco e tomaria decisões diferentes.
“O projeto está caminhando. Está oscilando demais, mas, para o elenco que tem, não acredito que a gente vai brigar na segunda parte da tabela. Se o Santos me contratasse e falasse “criatividade total”, nossa lógica de atuação seria completamente diferente. Eu iria buscar outro perfil do elenco, iria gastar salários completamente diferentes, muito menores. Você vai dando os caminhos para o clube de acordo com a tomada de decisão. O que o tomador de decisão quer, você vai ajustando a estratégia”, completou.
Questionado sobre Neymar, o CEO afirmou que o craque ‘não faz milagre’ e que precisa do coletivo em conjunto do camisa 10 para auxiliar na situação atual do clube.
“Às vezes a gente espera que o Neymar faça milagre. O Neymar não vai fazer milagre. Ele é um enorme jogador, é gênio. Só que ele não vai levantar um prédio inteiro ali. O Santos precisa confrontar a sua realidade para conseguir ser competitivo. Caso contrário, fica muito longe. Na hora que acordar, já foi”, disparou.
Pedro Martins ainda falou sobre outros assuntos, veja abaixo:
Leia também: Evelin Bonifacio é titular em goleada do Brasil sobre o Peru no Sul-Americano Sub-17
COLETIVA POLÊMICA
“Meu exercício naquela coletiva foi passar para o torcedor qual é a realidade do clube e ajustar expectativas, porque o exercício de ajustar expectativas é fundamental para que o torcedor do Santos entenda que há um caminho para voltar para a prateleira de cima, mas esse caminho está cada vez mais difícil, pelo volume de investimentos pós-SAF na indústria de futebol e pela maneira como os outros clubes estão se organizando”
LEGADO NO SANTOS
“Mas eu prefiro que o meu legado no Santos seja a gente fazer um exercício de acordar para a realidade e falar: “Gente, se a gente quer passar o Bahia, o Red Bull ou o próprio Botafogo, campeão brasileiro, vamos começar a acordar”. Não pode chegar aqui e falar “vamos ser campeões”, porque é mentira”
DIRETORIA ‘ESTÁ SE MATANDO, NÃO ESTÁ DORMINDO’
“A gente está se matando, eu não estou dormindo, para tirar o Santos da zona de rebaixamento e levar o Santos para o lugar que merece, na primeira página, 10º lugar, 8º lugar, 6º lugar, isso vai depender da nossa competência. Mas o meu posicionamento foi para mostrar, com base na minha experiência, no que eu já vivi e no que eu estudo todo dia, o que precisa ser feito para o Santos dar o passo para retornar a esse lugar da primeira prateleira do futebol e não sair de lá”
MULTA CAIXINHA
“No caso do Caixinha, era uma multa que reduzia com o tempo, conforme mais tempo ficasse no clube, menor seria a multa. Foi uma decisão de interromper naquele momento. Eu concordei, mas sabendo que era uma decisão de risco, como existem diversas decisões de risco dentro do clube de futebol”
COMPRA DE ROLLHEISER
“Quando compra um jogador deste tamanho, você não paga à vista. Quando compra, você estabelece o plano, dentro da lógica de receita, de ir pagando ano a ano para ser pago durante o contrato dele inteiro. Tem alguns jogadores de empréstimo por opção, sem investimento, para fazer investimento maior em uma peça. Poderia diluir esse valor e comprar cinco jogadores de 2 milhões de euros. Avaliando, o clube achou que não era o melhor caminho. O caminho era trazer um jogador mais importante, que poderia subir a régua da instituição, e fazer apostas em outras posições. E essas apostas têm seu risco”