William pode ser utilizado como moeda de troca por uruguaio Carlos Sánchez (Crédito: Reprodução/Santos FC)

A descoberta da viagem do atacante William, da equipe Sub-23, ao México, publicada pelo DIÁRIO DO PEIXE neste sábado, foi apenas a ponta do iceberg do caso. O pai e empresário do jogador, Wanderley Hudson Silva, foi um dos responsáveis pelo acerto dos amistosos do Santos contra Monterrey e Quéretaro. Ele é amigo do ex-coordenador das categorias de base do clube, Ricardo Crivelli, o Lica, afastado do cargo após ser acusado de assédio.

O atleta de 19 anos chegou ao Santos em março deste ano e assinou contrato até 31 de dezembro de 2018 para atuar no time sub-23. Ao contrário da maioria dos reforços para a equipe, William não foi anunciado pelo site oficial do clube. Seu contrato data de 14 de março, um mês antes do escândalo das acusações de pedofilia contra Lica irem a público. O jogador teria sido indicação do ex-coordenador e não passou pelo crivo do Comitê Gestor do clube.

Antes do Santos, William atuou no Taubaté e no América de São José do Rio Preto. Pelo primeiro, disputou a Copa São Paulo de Juniores de 2018. Participou de três dos cinco jogos da equipe, sendo que em todos começou no banco e não jogou 30 minutos somados na competição. Em 2017 foi relacionado para 9 jogos da equipe no Paulista Sub-20 e fez dois gols. Em 2016, defendeu o América no Paulista Sub-20 e no Paulista da Segunda Divisão. Foi relacionado para 21 jogos e não fez gol.

Em 29 de março, 15 dias após a contratação de William, o presidente José Carlos Peres viajou ao México acompanhado de Wanderley Hudson Silva – com as despesas pagas pelo Santos – para iniciar conversas com os clubes mexicanos pelos amistosos acertados para o período de parada do Campeonato Brasileiro por conta da Copa do Mundo. Mais de dois meses depois da viagem, a excursão do Santos ao México foi anunciada com dois amistosos: contra o Monterrey, dia 7, e diante do Querétaro, dia 10.

Na véspera da viagem, último dia 3, o Peixe anunciou apenas que Gabigol, Alison, Arthur Gomes e Lucas Veríssimo ficariam no Brasil se recuperando de lesão e que Diego Cardoso e Fernando Medeiros, do time sub-23, também viajariam para o México. Depois, o Santos decidiu publicar a lista completa em seu site oficial, mas mesmo assim omitiu a viagem de William.

O atacante nascido no México tem dupla nacionalidade e, ao contrário dos outros dois atletas da base santista, não foi promovido ao time profissional e não ficou à disposição de Jair Ventura para a partida contra o Monterrey. A explicação do Santos para não ter divulgado a viagem do jogador é que sobraram vagas na cota de viagem e hospedagem da viagem e o Peixe decidiu levar William pela oportunidade de comunicação e comercial.

O Peixe viu nele uma espécie de ‘lobby’ para expandir ainda mais a marca do clube no mercado mexicano. Desde a chegada ao país, William deu algumas entrevistas à imprensa mexicana. Além disso, o atleta tem mercado no país natal já que as regras do campeonato mexicano exigem que, dentre os 18 jogadores convocados para cada partida, pelo menos nove sejam mexicanos.

Mas essa não foi a única mudança de última hora na delegação santista. Segundo várias pessoas ligadas à diretoria do Peixe, a viagem ao México teria como chefe de delegação o membro do Comitê Gestor José Carlos de Oliveira. No entanto, por exigência de Peres, a viagem passou a ser chefiada por Pedro Dória, outro membro do Comitê Gestor, com relações melhores com o mandatário.

Além disso, o empresário Wanderley Hudson Silva é da mesma cidade de Pedro Dória. O membro do Comitê Gestor, no entanto, nega que tenha havido uma mudança de planos com relação a sua viagem.

“Propuseram essa mudança quando meu nome já estava definido para ir ao México”, disse Dória ao Diário do Peixe e ainda negou que tenha qualquer relação com o pai de William. “Nunca o vi antes! O conheci em Santos. Ele auxilia o Santos em oportunidades de negócio no México. Como ele jogou no Toluca, conhece todo mundo por aqui”, explicou.

O atacante William recebeu várias sondagens de times mexicanos, entre eles o Monterrey, adversário do primeiro amistoso santista. O jogador tem 100% dos direitos ligados ao Peixe e a ideia do Santos é até tentar facilitar a negociação pelo meia uruguaio Carlos Sánchez. O América e o Chivas também tem interesse no jogador.