Torcer para o Santos é um ato de resistência (Crédito: Divulgação)

Eu sei que não está fácil. Sei que cada um de nós está sentindo que este momento é, talvez, um dos piores já vivenciados como torcedores – seja você um menino da fila, seja você geração Neymar, seja você um sortudo que viu Pelé jogar.

São constantes tentativas de minar nosso time e é difícil, doído demais ver essas injustiças acontecerem bem diante dos nossos olhos sem podermos fazer nada. É inaceitável.

Enquanto isso, administrações temerárias deixaram o Santos em um buraco financeiro, dinheiro de vendas milionárias nunca apareceram, não foram feitos investimentos para melhorar a estrutura do clube. E quando surgiu a esperança de um presidente honesto e com vontade de ajeitar a casa, o futebol naufragou.

Mesmo assim, o torcedor do Santos resiste. Resiste às gestões fraudulentas, às injustiças, às tentativas de prejudicar o time. A torcida tem comparecido à Vila Belmiro como não acontecia há tempo, exige um novo estádio porque entende que podemos mais, temos potencial para mais.

É claro que a soma de adversidades faz com que muitos sintam vontade de desistir. Quem não ouviu um amigo próximo dizer algo como “vou cancelar o Sócio Rei” ou “não vou mais ao estádio ver aos jogos do Santos”? É claro que cada um tem o direito de reagir da sua própria forma, mas meu sentimento quando ouço algo assim é que eles venceram.

Sim, eles, que querem transformar o futebol num monopólio dos times de capital. Eles, que se interessam pelos times com poderosas arenas. Eles, que acham que o futebol começou depois dos anos 2000. Eles, que roubam o Santos em favor próprio. Eles, que usam o clube pra autopromoção. Eles, que não respeitam a história do Santos.

Quando a desilusão do torcedor cresce e provoca um distanciamento do time, são essas pessoas que vencem.

A rebeldia nesta situação é resistir.

Resistir pelo Santos.

É saber que ainda temos dois jogos em casa pela frente e fazer o esforço de estar lá (lógico, dentro das possibilidades de cada um!), é seguir apoiando o Santos, cobrando a diretoria por um time melhor, mas sem abandonar o time.

Porque só assim o Santos será mais forte e seguirá derrubando os que tentam nos derrubar, dia a dia.

Respeito quem discorda e quem simplesmente está de saco cheio de tudo isso. Mas não vou abrir mão do meu time, do clube pelo qual sou apaixonada, forçada pelos outros.

Para quem não se envolve com o futebol, torcer por um time pode parecer meramente uma irracionalidade – e, de certa forma, é. Mas cada torcedor sabe o que mais profundo e bonito existe nessa relação.

E tem coisas que só o santista sabe.

Só um santista sabe o que significa colocar aquela camisa branca e sair orgulhoso de casa com ela.

Só um santista saber o que é pisar na Vila Belmiro, uma emoção colossal, seja na primeira ou na centésima vez.

Só um santista sabe o que é ver um novo menino genial surgindo no gramado do CT Rei Pelé, reverenciado por quem conhece essa história.

Só o santista sabe como é ficar com os olhos marejados ao rever os gols de 2002.

Só o santista sabe o tamanho do milagre que é termos chegado até aqui.

Não deixemos que eles estraguem o que há demais especial pra gente nessa relação, louca, ingrata, mas tão, tão especial.

Resistir é ficar ao lado do Santos e não dar jamais o que eles querem.