Os dois maiores artilheiros da Seleção são Meninos da Vila; orgulho que nem todos podem ter (Crédito: Marcos Ribolli)

O Santos tem sido nos últimos anos implacável com a autoestima do seu torcedor. São administrações temerárias em sequência, diretores sem qualquer capacidade, treinadores com entendimento de jogo limitado, jogadores que não merecem vestir a camisa branca com mais história no futebol sul-americano.

Ídolos formados na nossa base deixam o clube na primeira proposta de um rival. Alguns, quando voltam ao país, não são gratos ao que o clube fez por eles e aceitam propostas de adversários. Jogadores que deram apenas “um chutinho” acham que são ídolos e maiores que o clube. Jogadores “mais ou menos” esnobam propostas santistas.

Em campo, os vexames se acumulam. Lutas contra o rebaixamento, eliminações para Táchiras da vida, goleadas e freguesia em clássicos, rivalidade com São Bento, Ituano, Água Santa, etc.

Realmente, é difícil manter a autoestima diante desse cenário.

No entanto, algumas vezes a realidade nos aparece como um soco na cara, como um estalo para a gente entender o momento, mas não esquecer a nossa história.

Nesta sexta, Neymar deu show na vitória do Brasil sobre a Bolívia e assumiu a liderança da artilharia da Seleção após mais um revisionismo histórico, o tal dos “jogos oficiais”.  Como se ganhar da Bolívia em casa fosse muito mais difícil do que ganhar da Inter de Milão, do Atlético de Madri ou do PSV na década de 60.

Com gols nestas partidas, Pelé lidera a artilharia geral da Seleção Brasileira. Ou seja, com ou sem revisionismo, os dois maiores artilheiros do Brasil são Meninos da Vila.

É um orgulho que nem todos podem ter.

E ainda tem outro Menino da Vila legítimo, Rodrygo, brilhando e mostrando que pode ser o futuro da Seleção.

Entre Pelé e Neymar, tivemos os Meninos da Vila originais, tivemos Rodolfo, Pita e Serginho Chulapa na década de 80, fomos “testemunhas de Giovanni” na década de 90 e vibramos com Diego e Robinho no início do século.

Mesmo na primeira fase dos “Meninos da Fila”, mantivemos o “título” de nunca ter sido rebaixado. Temos mais 16 jogos para garantir essa marca na nossa segunda versão do jejum de grandes conquistas.

Nos próximos 16 jogos, os atletas precisam entender o peso e a responsabilidade de vestir essa camisa e dar o sangue por ela. Não podem perder divididas, a segunda bola, não tem bola perdida.

A camisa precisa fazer o time ser melhor do que é.

Logo logo aparece outro craque para nos encher de orgulho novamente, para lutarmos por grandes títulos, para sermos temidos por todos.

O futebol é cíclico.

Daí a situação, que é passageira, vira apenas uma lembrança.

Se o craque aparecer fora de campo também, melhor.