O Santos venceu o Oeste com um gol no último minuto (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

Intensidade, insistência e técnica, essas são as três palavras que definem o Santos atual. Havia tempos eu não via a exposição de um padrão de jogo tão definido. É nítido quando conseguimos apresentar nosso esquema de jogo e mais nítido ainda quando temos dificuldade para desenvolvê-lo, mas o que mudou é que não desistimos, não somos mais aquele time covarde de antes.

Jogamos da mesma forma independentemente do adversário. É claro que adaptamos alguns pontos, mas é bonito ver como nos postamos de maneira destemida e incansável. Poucas vezes víamos disposição para virar uma partida, éramos acomodados com placares magros e empates, muito pela falta de confiança dos atletas neles mesmos e no sistema de jogo. Não existia um plano a cumprir ou uma voz de comando respeitada.

Nossos números de posse de bola são 65%, 70% ou até 80%, mas não é igual à época de Jair Ventura. Agora temos objetividade, passamos a bola de forma rápida, inteligente e temos mais de um jogador finalizando. Não há mais uma dependência, nada de “toca para o Gabriel e espera o melhor”. Derlis, Jean Mota, Rodrygo, Jean Lucas, Luiz Felipe, Sánchez… Até Pituca e Gustavo Henrique estão se arriscando na pequena área.

Passamos várias rodadas invictos, igual a 2018, mas agora com vitórias e bons jogos, e não com empates sem mérito, conquistados no sufoco.
Não é qualquer um que joga nesse elenco, é preciso conquistar seu espaço. Pituca, Alison e Copete agora veem Jean Lucas e Felipe Jonatan mostrando bom futebol. Cueva sabe que nem seus R$ 26 milhões de investimento o deixam garantido e, pressionado, contra o Oeste já mostrou um desempenho melhor. Rodrygo tem Soteldo na sua cola. Até mesmo Vanderlei vestiu o uniforme reserva depois de anos e assistirá a Everson como titular na Copa do Brasil.

Nossos rivais não temem mais um só jogador, e sim um estilo de jogo, tirando o peso da peça e colocando-o na construção finalizada, dando responsabilidade igual para todos os que entram em campo. Não ganhamos mais na sorte, ganhamos na estratégia. Estamos usando o Paulista como laboratório, fazendo testes, trocando posições.

O vexame contra o River Plate-URU pode ser considerado uma consequência ou uma fatalidade, isso vai depender da sequência do ano, mas é o preço a se pagar pela identidade desse “sampaolismo”, é oito ou 80. Perderemos, isso acontece, mas nunca mais por sermos apáticos.