Santos sofreu gol no último lance e perdeu o título da Libertadores (Crédito: Staff Images/Conmebol)

Oi torcedor, eu não vou perguntar como vocês estão porque eu sei muito bem como vocês estão se sentindo. Parece que um caminhão passou por cima de mim e eu me pergunto como eu deixei isso acontecer. Será que olhando para trás e revendo cada detalhe eu conseguiria achar o erro ou será que faz sentido agora me preocupar com um único erro e simplesmente achar o Nilson da vez?

Confesso que depois do gol eu desliguei a TV, desabilitei todas as notificações do celular, me isolei no meu quarto escuro e chorei como se tivessem arrancado uma parte de mim e de fato tiraram… Um sonho.

Apontar o dedo para um momento ou para uma pessoa é a última coisa que devemos fazer. Vi pessoas julgando o Cuca como o grande vilão, o Pará, o Tim, Marinho e tantos outros.

Pará foi um dos melhores jogadores da Libertadores, Tim realmente não deveria estar ali e sobre o Cuca… ele foi desastroso, inseguro e se apequenou, mas será que estaríamos na final com outro técnico?

Depois da sua expulsão ficou claro dá onde estava vindo a falta de confiança do elenco, desde os 48 minutos do segundo tempo eu vi um time se menosprezar por ser 4% e não se motivar por isso, eu vi um toque de bola entre a zaga e o goleiro que só demonstrou medo, os jogadores estavam exaustos e a ideia proposta era ir para prorrogação… para que? Porque será que nunca acreditamos o suficiente?

Será que a mística dos 4% foi criada pelos outros ou por nós mesmos?

Eu não quero acreditar que essa foi a nossa última chance e que tudo se perdeu, eu quero levantar a cabeça e parar de esperar a prorrogação, parar de esperar que a gestão nova mude tudo, que um técnico novo chegue, um jogador brilhante apareça, um raio surja ou um patrocinador máster.

Eu quero acreditar no agora.

Esse time precisa ser cobrado e a nossa torcida também (me incluo nisso). Chega de acreditar só quando as chances são claras, todo jogo importa e a gente tem que visar ser campeão desde o primeiro dia do ano. O que aconteceu ontem não merece “olha onde a gente chegou” e sim “o título estava em nossas mãos e jogamos fora”.

O time se apresentou de maneira deprimente e desestabilizada. Muito se fala na geração do quase e eu sinto que a culpa não era só daquele elenco, pois nos acomodamos em sempre achar que já fomos longe demais e que o “quase” é bom. A gente deveria ter nos apegado nas palavras do Alison quando ele falou que somos vencedores e não apenas nos 4%.

Eu comecei o ano de 2020 no embalo de muitos santistas pedindo para não cair, rezando para chegar logo nos 45 pontos e talvez seja a nossa obrigação começar o ano querendo ganhar o Brasileiro, porque desde 2015 a gente chega no final dos campeonatos e pensa “dava para ter ganho”.

Eu to cansada de ver partidas com o sentimento de inferioridade, de achar que tudo bem ser desclassificado pela Ponte Preta e pelo Ceará e de dizer que o investimento do Palmeiras é maior. Eu não aguento mais sentir que ser santista é ficar tocando bola na área defensiva até sofrer um gol ridículo nos acréscimos, eu quero colocar o Lucas Braga e efetivamente ser ousado e ofensivo o suficiente para marcar o gol.

Eu quero resolver o hoje, eu quero ir para Libertadores na próxima temporada e ganhar o Campeonato Paulista 2021, eu tô cansada de ser sempre quase, de me amedrontar e esperar que a prorrogação decida, nenhum míssil em 2020 foi aleatório e a confiança precisar começar em nós.