Sampaoli tem contrato com o Santos até o final de 2020, mas não confirmou sua permanência (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

Depois de um 2018 fraco e marcado por más escolhas de treinadores, entre Zé Ricardo, Osorio e Abel Braga, José Carlos Peres surpreendeu a todos trazendo um treinador ousado e badalado.

“O cara que não teve êxito com o Messi vai fazer o que na Vila Belmiro?”

A grande mídia dizia que ele não terminaria o Paulista no Brasil.

Seu nome e currículo trouxeram uma enorme visibilidade ao Santos, e ao mesmo tempo, era uma segunda chance para alguém que estava com a credibilidade totalmente arruinada entre seus compatriotas.

Sampaoli sabia que precisava de um bom trabalho para se recolocar no mercado e de fato fez uma aposta. Um elenco sem grandes nomes, fora da Libertadores e com um orçamento apertado, mas que prometeu lhe dar o que ele mais gosta: apoio e liberdade.

As duas primeiras goleadas e a eliminação no Paulista acontecem e a torcida se incomoda, engole a irritação e continua o apoiando cegamente.

O time cai na Sul-americana contra um adversário fraco em um jogo ridículo. Meninos sobem nas árvores para ver seu treino.

Tomamos outra goleada, agora contra o rival e com Rodrygo no banco. A bicicleta de Sampaoli é roubada e a torcida faz um mutirão para encontrar.

Eliminados novamente em casa de uma maneira bizarra contra um elenco desorganizado na Copa do Brasil. Imagens de Jorge Sampaoli jogando futevôlei na praia viralizam.

Primeiro lugar no campeonato. Mini Sampaolinho cai nas graças da internet.

Grandes partidas jogadas. Vila Belmiro constantemente lotada. 3×3 contra o Fortaleza.

Jogadores como Everson, Aguilar, Cueva, Uribe, Venuto são contratados com o aval do comandante enquanto a base é ignorada.

Jogos ruins contra Fortaleza e Athletico. Sampaoli escala três zagueiros e coloca novamente Sanchez no banco… inúmeras faixas e gritos de fica Sampaoli são compartilhadas pela torcida.

Sampaoli é um ótimo técnico – isso não há discussão – e eu sou muito grata ao que ele fez pelo Santos, mas ele também deve ter muita gratidão pela paciência, apoio incondicional e suporte que recebeu na Vila Belmiro. E

le não pegou um elenco destruído e reergueu das cinzas e, sim, uma gestão que investiu mais de 70 milhões em jogadores, muitos que ele mesmo pediu para servir única e exclusivamente a sua ideia de jogo, não condizendo com a necessidade do elenco.

O Santos dificilmente conquistaria o vice-campeonato se não fosse pelo comando do argentino. Por outro lado, ele teve muita sorte de encontrar a Vila Belmiro no seu caminho, uma gestão que fez tudo o que pôde agradá-lo, uma cidade que lhe abraçou, uma torcida que o apoiou cada jogo, nas derrotas, eliminações e goleadas, e um grupo de jogadores que por um ano não tinha ideia de quem seriam os titulares e se esforçaram incansavelmente para merecerem suas vagas.

Muito obrigada Sampaoli, mas você também tem muito o que nos agradecer.