José Calil fez parte da chapa de José Carlos Peres, mas crítica as decisões do presidente (Crédito: Divulgação)

Nesta semana, eu pude realizar uma grande entrevista, de forma exclusiva, com José Calil. É impossível pensar em Santos e não lembrar desse jornalista. Você pode até criticar alguma postura ou comentário do profissional, mas a sua sinceridade e credibilidade nunca foram perdidas.

Como bem Calil disse, ultimamente ele não está mais falando tanto do Santos porque chega até a aborrecê-lo. Para quem não sabe, o jornalista apoiou a campanha de José Carlos Peres, tornou-se conselheiro pela chapa do presidente e é cobrado por isso até hoje.

Ele me mostrou o abismo entre as promessas e a realidade da gestão. Peres foi um presidente oculto e centralizador desde o primeiro dia. A famosa candidatura que prometia uma restauração das finanças se perdeu com a chegada de Sampaoli. Nas palavras de Calil, temos que perceber que Jesualdo trabalha pelo Santos e que o argentino comandou o clube em benefício próprio.

Calil critica a montagem dos departamentos, desde o de comunicação – que por muito tempo trabalhou para defender a imagem do Presidente perante ao impeachment – até a escolha dos diretores de futebol.

Eu perguntei sobre William Thomas e o jornalista disse que nunca tinha ouvido falar nesse nome. Ele conta até que os relatos dos últimos diretores de futebol (Gustavo Vieira, William Machado, Renato e Autuori) são baseados em como era impossível trabalhar com José Carlos e sobre como o presidente descumpria horários e acordos.

As constantes mudanças dessa função deixaram clara a instabilidade e insegurança da administração do Santos. Gustavo Vieira viajou mais de uma vez pelo clube e não foi nem ao menos ressarcido por suas passagens, disse o santista.

A bandeira de uma gestão moderna, participativa, descentralizada e transparente foi perdida logo nos primeiros meses. Para ele, o Comitê de Gestão é formado por nove nomes: José Carlos Peres, José Carlos Peres, José Carlos Peres… Assim como os diretores de futebol, conselheiros e executivos.

Perguntei a ele uma última dúvida: O que faz o Renato hoje? Calil respondeu: “Eu não sei”. E até se questiona se vale a pena para o ex-jogador continuar nessa relação com o clube, já que seu vasto conhecimento não está sendo aproveitado.

Ao conversar com alguém que esteve nos bastidores da gestão eu pude perceber o quanto, na teoria, as promessas eram criativas e inovadoras e o quão rápido ele assumiu e ditou todas as diretrizes do clube de forma contrária.

Como José Calil bem apontou, “nenhum político quer arrumar o saneamento básico que ninguém vê, querem fazer logo uma ponte do nada ao lugar nenhum e ficar marcado para sempre”. As dívidas foram deixadas de lado e a exuberância do futebol e do elenco do Sampaoli – um técnico com exigências que o Santos não conseguiria arcar, falaram mais altos.

Todos nós sabemos o quanto fomos felizes com o futebol vistoso trabalhado por Jorge Sampaoli, mas hoje eu consigo perceber o legado que a folha salarial de 2019 está deixando.

Eu espero que a gente possa se espelhar nessa gestão e sermos cada vez mais críticos com as próximas.

Obrigada, Calil, pelo seu tempo.

Ele mandou um grande abraço ao Diário do Peixe e ao meu pai também.