Kaio Jorge e Ivonei

Dupla formada na base fez os gols contra o Inter (Divulgação/Santos FC)

Dizem por aí que os santistas têm mais paciência com jogadores da base que a maior parte dos torcedores no geral. Frequentando as redes sociais e seguindo muitos santistas, tendo a discordar. A gente cansou de ver nos últimos tempos gente malhando Kaio Jorge, por exemplo, e há quem diga que nosso maior Menino da Vila do elenco, Lucas Veríssimo, não é tudo isso.

Pensem bem antes de falar mal da base do Santos.

Ouso dizer que é a instituição que mais funciona do Brasil, contra todas as tentativas de prejudica-la.

Qualquer pessoa de bom senso consegue identificar que o Centro de Treinamento Meninos da Vila está longe de ser o que deveria. Está deixado de lado, negligenciado por diversas gestões seguidamente.

Isso sem falar da “reestruturação da base”, feita recentemente, que levou para dentro do Santos pessoas pouco competentes para gerir a formação de jogadores extremamente promissores.

Isso sem contar os anos e anos de contratos malfeitos com atletas da base por profissionais bem meia boca.

E aí, o que os jogadores formados na base fazem? Gol fora de casa na Libertadores, dão conta do recado em jogo com cerca de 15 desfalques e crise de Covid-19, batem no peito falam: “Aqui é Santos”.

Com tudo isso, o torcedor deveria pensar muito, muito mais antes de falar mal desses moleques, que tem 17, 18, 19 anos. São jovens. São jovens que, muitas vezes, nem completam o processo de formação, porque o clube precisa deles, mesmo antes de eles estarem integralmente prontos.

Os Meninos da Vila não vão jogar bem todos os jogos. Nem todo dia é dia. Nenhum jogador está bem todos os dias.

Eles precisam de processo, precisam de tempo pra compreender o que é ser jogador de futebol profissional. Isso sem falar da parte física – não precisaria explicar que um cara de 18 anos não chegou à forma física plena, né? Mas, caso alguém não saiba, fica a explicação.

Acho que o santista tem de ter mais orgulho das suas categorias de base. Orgulho na prática, não só aquele de rede social. É apoiar mesmo, dar força e não queimar esses jogadores que estão começando uma trajetória. É preciso tempo e compreensão. Além disso, já era tempo de a torcida ter aprendido que o Santos já descartou atletas cedo demais. E acho que a “pressão” da torcida pode ter influência nisso (Felipe Anderson que o diga, né?).

No que depender de mim, vai ter paciência com a base. Vai ter respeito ao processo, ao tempo e às oportunidades, que às vezes são poucas. Espero que outros torcedores estejam comigo nessa. E, mais importante ainda, espero que a próxima administração do Santos Futebol Clube mude o que é feito hoje nas categorias de base, coloque lá profissionais de excelência, tanto para treinar quanto para verificar contratos.

A base salva. Mas, pra que salve sempre mais, é preciso que seja valorizada e bem cuidada.