Ariel Holan completou dez jogos no comando do Santos (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

O técnico Ariel Holan completou 10 jogos no comando do Santos, com um aproveitamento de pontos abaixo da média (50%), mas com as metas até aqui parcialmente cumpridas (ainda que isso não signifique muita coisa) – avançou para fase de grupos da Libertadores e está na zona de classificação para a próxima fase do Paulistão. O tempo de trabalho é curto (menos de dois meses), mas já dá para fazer um diagnóstico inicial do que precisa ser melhorado.

O desafio maior do Santos neste período será passar ileso (ou com poucos arranhões) de um calendário que tem tudo para ser degolador de técnicos. Para quem não se lembra, o Santos encara hoje o Novorizontino em ascensão fora de casa, no domingo o Corinthians em casa e na terça o Boca Juniors em La Bombonera.

São três jogos em quatro dias, com direito a duas viagens e a encarar o maior rival e um dos maiores times da América do Sul. Está bom pra você?

Mas para vencer esses desafios, é bom saber quais são os problemas a serem melhorados e tentar uma correção rápida dos mesmos. Antes do diagnóstico, vale ressaltar: dá pra ver as (boas) ideias do treinador em campo, mas ainda existem muitas falhas de execução – que devem ser corrigidas com o tempo.

A pergunta que fica é simples: vai existir paciência?

Cinco problemas do Santos:

Lesões/ritmo de jogo: O Santos teve lesão de dois jogadores que poderiam atuar justamente na posição mais carente do time (Sandry e Jobson). Sanchez ainda não voltou a jogar depois de grave lesão. Para piorar, algumas peças importantes que retornaram a campo ainda sofrem para retomar o melhor ritmo de jogo – casos de Marinho, Kaio Jorge e Madson.

Falta de intensidade: Foi um problema que ficou muito claro no jogo contra o Barcelona. O Santos tocou a bola de forma muito lenta e se tornou presa fácil para a marcação rival. O mesmo problema ficou notório na marcação. O Peixe não conseguia pressionar o adversário de forma blocada no campo de ataque (os atacantes até pressionavam, mas os meio-campistas não iam junto). Para jogar desta forma proposta por Holan (jogo de posição), a intensidade é fundamental.

Desempenhos individuais: Jogadores que foram muito acima da média na era Cuca estão deixando a desejar no início da era Holan no Santos. Marinho nem de longe lembra o Rei da América de 2020. Soteldo oscila muito. Kaio Jorge ainda não nem engatou sequência como titular pós-lesão.

Falta de recursos no ataque: O Santos de Ariel Holan tem se mostrado em boa parte dos jogos muito previsível no ataque. Toca pro lado, pro lado, pro lado…e nada. É a famosa “posse pela posse”, sem objetivo. Poucas triangulações são vistas. Jogando contra defesas fechadas, é hora de ter mais recursos (ainda que seja uma melhor bola parada, pelo menos). Não à toa são apenas 12 gols em 10 jogos.

Vulnerabilidade defensiva: O Santos tem demonstrado alguns problemas defensivos, especialmente de cobertura dos setores. Os números não deixam mentir: são mais gols sofridos (15) do que marcados (12) na era Holan. Mas vale ressaltar que quase metade destes gols que o Peixe levou foi em dois jogos (São Paulo e Ponte Preta), em que o roteiro foi o mesmo: ‘pane’ no primeiro tempo, equilíbrio que não levou a nada no segundo. A questão que fica é: por que existe esta ‘pane’?

Cinco perguntas para Ariel Holan:

– Você já testou Pará, Felipe Jonathan e Vinicius Baliero como segundo volante após a lesão do Sandry, mas parece que nenhuma das opções agradou. É o seu maior problema hoje para encontrar os 11 titulares ideais no Santos?

– Você, que é muito ativo nas redes sociais, já deve ter sido alertado que parte da torcida critica bastante as suas improvisações na escalação do Santos. O que você poderia dizer para eles?

– O melhor jogo do Santos sob o seu comando foi a vitória sobre o San Lorenzo fora de casa, mas você nunca mais repetiu aquela escalação. Por qual motivo?

– Como você tem lidado com o calendário tão apertado, algo que você não tinha presenciado em outros países? Jogar com um time no Paulistão e outro na Libertadores não seria uma opção viável?

– O time muitas vezes mostra uma falta de intensidade em campo. Isso seria uma questão física a ser solucionada? Como solucionar com um calendário tão frenético e um elenco curto?

Jogos de Ariel Holan no Santos:

Libertadores
Santos 2 x 1 Deportivo Táchira – vitória
Deportivo Táchira 1 x 1 Santos – empate
San Lorenzo 1 x 3 Santos – vitória
San Lorenzo 2 x 2 Santos – empate
Santos 0 x 2 Barcelona – derrota
Paulistão
São Paulo 4 x 0 Santos – derrota
Santos 2 x 1 Ituano – vitória
Santos 0 x 0 Botafogo – empate
Ponte Preta 3 x 0 Santos – derrota
Santos 2 x 1 Inter de Limeira – vitória
Total
10 jogos (4 vitórias, 3 empates e 3 derrotas) – 50% de aproveitamento
12 gols marcados
15 gols sofridos