Sereias venceram o clássico contra o São Paulo nesta quarta (Crédito: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/SantosFC)

As Sereias da Vila são um patrimônio do Santos Futebol Clube e precisam ser tratas como tal. O clube está na vanguarda do futebol de mulheres há anos, já ganhou todos os títulos possíveis: Libertadores, Brasileirão, Paulista, até a finada Copa do Brasil e a nem tão gloriosa Copa Paulista.

Ainda assim, o futebol feminino não recebe o cuidado que deveria. Na gestão Peres, a modalidade ficou, de fato, mais escanteada, em especial no último ano. O início do mandato de Rueda mostra, sim, uma evolução, mas ainda há uma falta de cuidado que me chama atenção.

Antes de criticar, é importante salientar os pontos positivos:

É verdade que a nova gestão foi atrás de uma ideia diferente de treinadora, contratou Christiane Lessa, renovou com jogadoras importantes e foi atrás de reforços relevantes para compor o elenco. Além disso, as Sereias jogam na Vila Belmiro quando o calendário permite – o que tinha deixado de acontecer em 2019, porque o então treinador, Jorge Sampaoli, não permitia que isso acontecesse.

Tudo isso é bom e mostra que há, de fato, uma preocupação. Rueda também abriu na coletiva de 100 dias de gestão que há um projeto em curso para que as Sereias tenham o próprio Centro de Treinamento, que seria em Cubatão, em uma área cedida ao Santos. Ainda não formei uma opinião sobre o assunto, mas mostra que há uma preocupação com a modalidade.

Há ainda um maior cuidado em relação às redes sociais da Sereias da Vila e a produção de conteúdo. Agora, o time tem o próprio Twitter, a coletiva da treinadora foi para a Santos TV e o clube também está preparando os bastidores da vitória do Santos em cima do São Paulo, por 2 a 1.

No entanto, os pontos ruins também aparecem. Não quer dizer que eles anulem as coisas boas, mas, como entusiasta da modalidade, acho que todos nós, torcedores, precisamos cobrar.

Nesta quarta, no jogo do Santos, as Sereias da Vila usavam shorts de 2020, mas camisetas de 2019, de tamanho masculino, sem o nome das jogadoras nas costas. Por que?

Conforme o DIÁRIO já havia apurado, os novos uniformes da Umbro chegam apenas em maio.

Qual a explicação para isso? Jogadoras participam da campanha, mas não têm direito a jogar com um uniforme adequado?

Os uniformes de treino são masculinos também. A base feminina do Santos treina com uniformes de 2018. Por que o Santos não cobra da Umbro uniformes adequados para suas atletas?

Outra questão pouco esclarecida foi a demissão de Felipe Freitas, treinador da base feminina. Oficialmente, o Santos alega que se trata de uma reestruturação no departamento. Mas, ainda não foi anunciado um novo treinador (ou nova treinadora) para a categoria.

Em cerca de dois meses, 26 de junho, o Santos tem o Brasileirão sub-19. As Sereinhas da Vila são uma das bases mais fortes do país e teve resultados expressivos nos últimos anos. Não fica claro quais são os objetivos do clube com essa reestruturação.

Dois meses antes da competição, não seria o caso de se preocupar com o treinador que vai levar o projeto daqui pra frente?

Tem perguntas que precisam ser respondidas. Sem respostas, a sensação que fica é de falta de cuidado.